quinta-feira, 25 de agosto de 2011

SETE SOMBRAS DA SOLIDÃO

Tradução livre e adaptada para o português do Brasil com acréscimos de notas de rodapé para melhor compreensão dos textos do Artigo “SEVEN SHADESOF SOLITUDE - A Brief Disquisition Concerning The Subtil Degrees Of The Lonely Road, Set Forth In Accordance With The Gnosis Of The Sabbatick Craft Tradition” -  SETE SOMBRAS DA SOLIDÃO - Uma Breve Disquisição Concernente o Grau Sutil do Caminho Solitário, Estabelecida de Acordo à Gnosis da Tradição da Arte  Sabbática – DE ANDREW D. CHUMBLEY. Realizado por Azazel Semjaza Qayinn Lvnae e colaboração de Ervs Dionisivs Saklas Lvnae.
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SETE SOMBRAS[1] DA SOLIDÃO
Uma Breve Disquisição[2] Concernente o Grau Sutil ao Caminho Solitário, Estabelecida de acordo à Gnosis da Tradição da Arte  Sabbática. (Por Andrew D. Chumbley)
Solidão é uma Musa para aqueles a quem ela ama. É um viajante mascarado que encontra o Mago, como o mais antigo dos amigos ou como o mais honrado dos inimigos, como a mais constante e a mais evasiva das amantes, como o mais sábio e mais astuto professor, como um consolo angelical ou como um tormento infernal, finalmente como uma piedosa mensagem de paz ou como um Campo de Batalha do qual não se escapa. Sua máscara é tudo aquilo que nós fazemos, por isso, a Solidão escolhe os seus amigos por meio de uma divinação de espelhos[3]: que determina a natureza das suas relações mortais de acordo com o reflexo de seus próprios Mistérios em cada e toda alma. A quem se atrever a entregar-se aos abismos do Isolado espaço do céu, achará o seu Ego através da perdição de si mesmo, por meio das vastas profundezas da alma deve render-se a ela.
Mas se vagar calma e solitariamente pelos atalhos escuros da alma, deve meramente temer evocar seus próprios demônios?
Se nós também somos demasiadamente atormentados pelos fantasmas que nós próprios criamos, podemos buscar os bons conselhos dos espíritos e deuses que participam em igualdade conosco, no todo-sozinho da existência[4]?
Como uma criança, que contemplando pela primeira vez num espelho, e fica perplexa diante do reflexo gêmeo de si mesma que imita suas danças e gestos – e “Vidas” - do outro lado, nós freqüentemente nos equivocamos com os reflexos da nossa própria condição espiritual para compreender verdadeiramente o mundo externo que nos rodeia, o que nos leva a um mau entendimento das lições que a máscara da Solidão trás até nós. Quantas vezes fazemos máscaras e fantasiamos os nossos deuses à nossas próprias semelhança; quantas vezes nós pintamos os Anfitriões doa Céus, com o nosso próprio jogo de sombras, estrela para estrela, crença para crença, nascidas totalmente das configurações das nossas próprias afinidades. Na verdade, há véus sobre véus que revelam a nós nosso próprio arcano, mas que - se erroneamente tomados como uma compreensão final de 'verdade' esconde de nós o que nós aspiramos buscar.
Transgredindo todas as fronteiras bem guardadas da história e da cultura, o Caminho do Feiticeiro, a assim chamada "Fé de Cain", aquela que atenta para os espíritos que caminham sob os pés do Andarilho Solitário, ele é o Caminho do Conhecimento, que compreende o zodíaco vivo do Desejo, o “por que” do acreditar, e as ferramentas pelas quais tais Conhecimentos podem ser deliberadamente aplicados: o sigilo e a estaca, o desejo e a palavra mágica de poder. Para aqueles desta Fé, a denominada Wytcha[5] e os Poderosos[6], são o círculo da Arte Mágica que forma o perfeito espelho no qual podem ser buscados os Mistérios da Solidão.
Tirando de uma diversidade de experiência pessoal - como um eterno aprendiz, um constante praticante da Arte[7], e como um Magister Presidindo um Coventiculo, Loja e Linhagem – o Círculo da Arte revelou a mim o seu próprio-ser de Solidão de acordo com vários graus de compreensão sutil. Embora eu pratique freqüentemente em assembléia e convocação, se um homem é definido pela sua maior predileção e mais frequentemente pela observância do ritual, então eu sou na verdade um mago solitário no Presente-Tempo[8] dos costumes ingleses da cunning-craft[9]. Se me permitem dizer isto de mim, então é uma grande verdade de todos a quem eu já conheci e guardo como verdadeiros irmãos queridos da Fé. É a partir dessas experiências com os meus poucos anos que tenho juntado essas Sete Sombras da Solidão que se tornaram conhecidos por mim, e são essas gradações do Caminho Solitário que serão estabelecidos a seguir. Cada uma das ‘sombras' representa uma particular predileção da prática – uma disposição da vontade e uma orientação da Alma após a mística peregrinação em direção à realização do conhecimento. É certo que cada um dos sete graus possui sua própria sabedoria, mas isto é apenas válido para cada um em seu próprio nível específico de funcionamento e compreensão. De uma outra perspectiva cada modo se torna insensato, sendo limitado a uma visão dualista que obscurece a Gnosis da Solidão em seu Próprio-Ser.
  1. A Primeira Solidão é o Eremitério[10] de Convocação. É a solidão do praticante que não se envolve intimamente com outros, exceto com os seus próprios irmãos, e os seus parentes mágicos de sangue. É a solidão de quem goza os prazeres e inspirações de sua Própria-Companhia. Contudo, fica contente em  compartilhar o seu conteúdo na comunhão do discurso e prática com os colegas e Companheiros do Caminho, seja em anônima solidão ou em formal convocação. Embora tal homem ou mulher possam se ocupar de atividades mundanas e de interações conforme as circunstâncias ditarem, todos esses assuntos são mantidos no seu devido lugar, sem contato ou intrusão na esfera da prática e do discurso mágico.
O Eremitério da convocação reside sob a égide dos denominados “Fiéis Deuses”, A Assembléia dos Dezesseis Pais-Bruxos e Mães-Bruxas. Para um tal praticante são conferidos: os dons da comunhão espiritual,  a comunhão de propósitos, a diversidade de perspectiva, o apoio mútuo no trabalho, os sábios conselhos e as orientações.
  1. A Segunda Solidão é o Eremitério do Sagrado Matrimônio. É a solidão do praticante que não se envolve magicamente com nenhum outro além seu único parceiro mágico ou consorte ritual. Esta é a solidão do Mago que entra no harém solitário do outro, o adytum[11] das devoções das Musas. Quando a inspiração da pessoa é a solidão perfeita e não outra que a presença manifesta da pessoa amada, a porta até este Eremitério verdadeiramente se abriu.
O Eremitério do Sagrado Matrimônio reside sob patronato de Liliya e Mahazhael, a Bruxa-Rainha e o Rei dos Dezesseis Deuses Fiéis. As bênçãos desta estação espiritual são os elixires do Amor-Festa, a Eucaristia de carne e sangue, a boa-primavera do Amor como inspiração, o espelho dos olhares de onde sonhos têm carne, o segredo da união, e muitos mais, excelentes que as grandes virtudes do coração.
  1. A Terceira Solidão é o Eremitério do Artífice. É a solidão da pessoa que abandona todas as companhias físicas exteriores,  evita associação com todos os outros, homem ou mulher, amigos e inimigos também. Esta é a solidão da pessoa que chama para dentro do círculo sua própria auto-fraternidade – a sua própria arena mental e faculdades sensórias, e que não se envolve com ninguém mais, com exceção dos espíritos, gênios e divindades do Caminho.
O Eremitério do Artífice reside sob o patronato de Abel ou Habil, Ele é aquele perpetuamente supera as ordálias da Iniciação. Também pode ser visto debaixo dos auspícios do Pai-Bruxo chamado Qinaya Habil-Zhiva, Ele é aquele conhecido como o “Ressurreitor[12] de Abel', que Vigia todas as ações de sucesso na transmutação da vontade através do auto-sacrifício. Os dons oferecidos nesta estação da alma são numerosos e é dentro deste eremitério que qualquer verdadeiro aspirante deve garantir a si mesmo na contemplação introspectiva, se ele verdadeiramente compreender as orientações e disposições da sua própria natureza. Por cumprir longas horas na companhia desta solidão pode encontrar uma fonte do poder mágico dentro de si mesmo. Por Ativamente residir naquele lugar, na própria vazante e fluxo da corrente no interior, a voz dos oráculos podem ser ouvidas a partir das profundidades, as visões da noite surgirão com maior clareza, e aos mais abençoados os Deuses Fiéis virão diante deles, desmascarados e em auxílio para a vontade.
  1. A Quarta Solidão é o Eremitério do Magister. É a solidão da pessoa que realiza a Auto-visão como sua própria autonomia, que tenha atingido o Conhecimento do Caminho de acordo com a Tradição e a Revelação, que pode participar da praxes[13] ritual com ou sem outros, sem compromisso ou deficiência para a realização do Intento. Este é o Eremitério da pessoa que reside no coração do denominado "Lugar de Poder". É a Estação da Alma que preside em equanimidade[14] magistral sobre a Convocação do Visível e Invisível, tanto interna como externamente.
  O Eremitério do Magister reside sob o patronato de Cain, o denominado “Primeiro-Nascido do Sangue-Bruxo”, o primeiro mágico, e o Mestre de todos os verdadeiros-nascidos para o Caminho Tortuoso da Feitiçaria e com o Dom de bruxa. A realização desta estação é sua própria recompensa, os frutos de sua inteligência são por méritos próprios: Mistérios[15].
  1. A Quinta Solidão é o Eremitério do Transgressor. É a solidão da pessoa que deliberadamente dar passos fora do mundo de homem mortal como um ato de Poder Mágico, cujo caminho transgride os "limites da cidade" e cruzes sobre as muitas Fronteiras da Convocação, se atreve a sair em tais domínios e regiões que permanecem desconhecidas ou proibidas. Este é o Caminho da pessoa que perpetuamente reconhece a busca de Cain, O Homem Iniciado do Fogo-Bruxo, e que constantemente se enganja[16] através da auto-superação no sacrifício místico de Abel, o Profano Homem de Barro.
A Quinta Solidão é o Eremitério da pessoa que passa pelo pálido além de qualquer reino, governo ou domínio, com exceção de suas Divindades Escolhidas e Intentos. É a condição da pessoa que ativamente se ocupa da praxis[17] mágica “fora” dos parâmetros e seriedade de costume, convenções, ou regras da humanidade, se tais limites são as limitações físicas exteriores de espacialidade, aparência ou comportamento, ou as limitações dentro da espiritualidade, mentalidade, consciência moral, sensibilidade emocional, sexualidade, e assim sucessivamente. Este é o Eremitério do santo risonho que reza com igual júbilo no cemitério, ou bordel, capela ou Matagal. Este é o Caminho da pessoa que busca a Liberdade na Gnosis, que caminha sem apego ao medo ou espera no indômito deserto de sua própria auto-visão.
O Eremitério do Transgressor reside sob o patronato de Qayin Azhaka: O Heresiarca, o Iniciado realizado na Deificada Assunção da Sabedoria Cainita, Uma das iluminadas Estrelas Draconicas do Céu.
Liberdade é a principal virtude desta estação, juntamente com os inúmeros e inominados Arcanos que o Ermitão pode encontrar no seu silencioso e secreto caminho.
  1. A Sexta Solidão é o Eremitério Ilimitado do Ego-observador. É a solidão da pessoa que olha para a superfície Polida da Existência e vê a auto-imagem da face dele mesmo[18],  para o Ermitão da sexta solidão, Tudo-que-É é Ego-como-Diferente[19]: A Auto-Realização é encarnada[20] no Espelho do Mundo. Para ele crença é feita Toda-Possível. A Gnosis deste Arcanum revela o Próprio-Ser deste Adepto em união com tudo o que existe. Este Eremitério interno é atingido quando o Círculo do Arte Mágica é percebido como o constante e imaculado espelho de todos os atos mágicos possíveis, no qual todos os rituais são facetas temporais de Um Verdadeiro Sabbat.
 Todas as ações da Arte Mágica participam na condição de natureza primitiva do Círculo e são, na realidade, a “Grande Ordem” ou projeção de seu inato e Auto-iluminado estado de Gnosis Absoluta. Todos os Atos Mágicos Dançam como reflexos aparentes no espelho do círculo, porém, quando o espelho é reconhecido como sendo intocado e despercebido por qualquer ação, o círculo é finalmente percebido pela própria pessoa como iluminado e sendo quintessêncial.
O Eremitério Ilimitado do Ego-observador reside sob o patronato do Draconico Deus chamado “Azhdeha”, a Antiga Serpente da Luz, cujos escamas são a pele do Mundo, sempre cintilando com as estações de Vida e Morte. O dom desta estação da alma é o conhecimento, as Visões dos Desígnios do Poder.
  1. A Sétima Solidão é o Eremitério de Seth, o Arqui -Magisterial Oficio de Um-contra-Todos. Este é o Grande Todo-Sozinho: o Sagrado Casamento que divorcia todos os Outros. Toda Circunstância exterior, cada modo de funcionamento e relação da operação mágica – seja ela congregacional, conubial, solitário, autonomiano[21], transgressivo, ou panenteistico[22], não tem qualquer diferença: A Pedra Mó do Círculo tem moído a Todos-que-É numa única Centelha, Ego-Brilhante Unidade de Luz, Esta semente de consciência luminosa é o fragmento ressuscitando da Esmeralda[23], a Coroa-Pedra de Lumiel, A Angélica Alma do Sangue-Bruxo. É o osso-encantado Luciferiano da sabedoria que se move rio acima contra a Corrente de Todos-que-É[24]: o Poder do Vazio se tornando constante como a Carne do Iniciado.
 O Eremitério de Seth reside sob o patronato dos Deuses Antigos, os Deuses que estavam antes dos deuses mortais dos homens mortais. O dom de Seth é secreto.


Podemos concluir, resumindo os três principais pontos de vista da Solidão: Externo, interno e secreto.
A Visão Externa de Solidão é a decorrente de isolamento físico, isto é, a partir do afastamento do Ego de todos os outros. Nesta visão a pessoa é julgada por si só em termos de referentes externos. Em virtude de solidão externa o Praticante habita além da companhia do homem e da mulher, e assim é capaz de concentrar todas as intenções, em tais atos se necessita de quietude, introspecção e tranqüilidade exterior. Em Nome de Abilo.
A Visão Interna de Solidão e a que resulta do isolamento iniciático, isto é, da realização da autonomia única do Ego, independente dos fatores Externos. Nesta visão a pessoa é julgado por si só em termos de referentes internos, em que a pessoa atingiu a uma solidão interna que funciona independente da presença ou ausência de outros. Em virtude de solidão interna o Praticante, na presença de homem e mulher, pode participar em praxes de uma natureza individual ou coletiva, sem preconceito ou compromisso; tudo pode servir para outorgar poder a sua posição de equilíbrio espiritual. Tendo atingido uma realização de autonomia mágica o Mage pode servir como Iniciador para todos os Aspirantes, para todos outras ele é o espelho do próprio indivíduo. Em nome de Kabilo.
A Visão do Segredo da Solidão é seu estado natural de existência: a condição primordial do Eu como Nulo: o Vaso autonomiano da Antiga Fé. Em nome de Satilo.


Sabiamente nós temos que abrir nosso caminho através do labirinto de Espelhos Altares....
Lentamente, lentamente, para e além da fenda chamada "Meia-noite."

Uma versão anterior deste artigo apareceu primeiro em O Caldeirão, Nº. 98, novembro. 2002. Este é um adaptação feita a partir de matérias contidas no “The Dragon-Book of Essex” de Andrew D. Chumbley. A edição iniciatica deste livro foi publicada reservadamente em 1997. Uma edição para distribuição exterior está em preparação para ser publicada em alguns anos. O Autor é o Prestigiado Magister do Cultus Sabbatic e Preceptor da Uttara Kaula Sampradaya.
                         Andrew D. Chumbley 2002


[1]O Autor usa a palavra “SHADES”; em Português: sombra; lugar escuro, escuridão; matiz; quebra luz; fantasmas, trevas, escurecer, sombrear, esconder, abrigar, ocultar; assombrar; matizar – ou ainda a palavra pode se referir a: escuridão relativa causada pelos incidência de raios de luz interceptados por um corpo opaco (sombra); qualidade de uma determinada cor que difere ligeiramente de uma cor primária (contraste); uma diferença sutil de significado, opinião ou atitude (diferença entre); uma representação mental de uma mesma experiência (experiência persistente, trauma, lembrança continua refletida em atitudes); uma representação do efeito de sombras em um quadro ou puxando (como obscurecendo ou pigmento mais escuro); projetar uma sombra na parede (com a luz, tipo os desenhos feitos na parede com as sombras dos dedos, na infância); o efeito da sombra (que a luz projeta). Protejar luz sobre um corpo (criando outra imagem ou desfocando-o).
[2]O Autor usa a palavra “DISQUISITION”; em Português: DISQUISIÇÃO = investigação, relatório critica, discussão formal - ou uma composição analítica ou explicativa elaborada ou discussão, (formal) uma fala complicada longa ou relatório escrito em um assunto particular.
[3]O reflexo de si mesma, ou analogia (Caibalion).
[4]A palavra usada pelo autor é “ALL-ONELINESS”, em português seria algo como: ALL = todo, toda, totalidade;  ONELINESS = O estado de estar só ou o estado de estar sozinho..
[5]A palavra usada pelo autor é “WYTCHA”, Sábio; Uma das várias denominações da Bruxaria Tradicional, também uma dos Ramos ou Tradição da Arte, cujo corpo de conhecimento deriva diretamente da experiência gnóstica de fórmulas Sabbáticas;.
[6]A palavra usada pelo autor é “CURREN” etimologicamente de origem germânica ou Old Norse, que foi absorvida pelo Middle English (Inglês mediano): como um Som Poderoso, ou um Rosnar Poderoso e Assustador; Poderoso; i.e: curdogge [composto de  curren + dogge (granido Poderoso do Cão, ou Cão de Guarda)]; Portanto no contexto a palavra só pode significar Poderosos ou Guardiões, referindo-se aos Deuses Antigos..
[7]A palavra usada pelo autor é “JOURNEYMAN” em português seria: artífice, diarista, trabalhador experiente e confiável..
[8]A palavra usada pelo autor é “TIME-HONOURED “ em português seria “TEMPO-HONRADO”, preferi tempo presente por achar mais conveniente ao contexto do texto.
[9]CUNNING CRAFT: Arte Sábia - FOLK MAGIC - Magia Popular ou Folclórica; Sabedoria-Popular; Dizia-se que os denominados Cunning Man ou Cunning Woman, eram pessoas versadas na pratica de magia popular, ou, segundo algumas definições, na pratica da Feitiçaria, o termo foi aplicado até fins do século 20, aos praticantes desta Arte . Essas pessoas eram também frequentemente conhecidas em toda a Inglaterra como "assistentes", "sábios" ou "mulheres sábias” ou, no sul da Inglaterra e País de Gales, como "conjuradores". Em  Cornwall foram muitas vezes referidos como " expulsor, banidor", que alguns sugerem, refere-se à prática de expulsar espíritos malignos. Os Folcloristas muitas vezes utilizavam para estes homens e mulheres o termo"Bruxo ou Bruxa Branco", embora isso raramente foi utilizado entre os cidadãos comuns, porque o termo "bruxa" tinha conotações geral do mal.
[10]EREMITÉRIO é o local de morada de um Eremita ou Ermitão, que é um indivíduo que, usualmente por penitência, religiosidade, misantropia ou simples amor à natureza, vive em lugar deserto, isolado, a este lugar em que reside denomina-se eremitério.
[11]ADYTUM: em português “ADITO” (á.di.to) [F.: Do gr. ádytos, os, on, pelo lat. adytum, i, ou adytus, us.] Em templos da antiga Grécia, câmara secreta onde só podiam entrar sacerdotes; Qualquer compartimento ou lugar reservado, secreto;Algo guardado em segredo, não revelado, misterioso
[12]RESSUREITOR, derivada de Ressurreição, significa aquele que faz voltar à vida a alguém morto;  Em latim (resurrectione), grego (a·ná·sta·sis). Significa literalmente "levantar; erguer". Esta palavra é usada com freqüência nas Escrituras bíblicas, referindo à ressurreição dos mortos. No seio do povo hebreu, a palavra correlata designava diversos fenômenos que eram confundidos na mentalidade da época. O seu significado literal é voltar à vida, assim o ato de devolver uma pessoa considerada morta era chamada ressurreição; Existe a conotação escatológica adotada pela igreja católica para esse termo que é a ressurreição dos mortos no dia do juízo final.
[13]PRAXES: um conjunto amplo de tradições, usos e costumes que se praticam e repetem ao longo dos anos; Não confundir com PRAXIS:
[14]EQUANIMIDADE: e.qua.ni.mi.da.de. sf (lat aequanimitate); a) Serenidade de espírito em todas as circunstâncias. b) Imparcialidade: Equanimidade em julgar.
[15]Para uma melhor compreensão de como estes frutos desta inteligência acontece, ou seja, como os “Mistérios” lhes são revelados e absorvidos, indicamos nossa Tradução de “THE GOLDEN CHAIN AND THE LONELY ROAD - A CORRENTE DOURADA E O CAMINHO SOLITÁRIO” de Andrew D. Chumbley.
[16]ENGAJAR: Empenhar-se num trabalho ou luta.
[17]PRAXIS: (do grego πράξις) é o processo pelo qual uma teoria, lição ou habilidade é executada ou praticada, se convertendo em parte da experiência vivida.
[18]O Autor usa as seguintes palavras: SELF-SAME, literalmente: o mesmo, melhor tradução auto-iamgem; e, usa também “IPSEITY” o mesmo que “HIMSELF”, em português seria lago como si mesmo, ele mesmo, dele mesmo.
[19]O Autor usa de trocadilho e jogos de palavras interessantes: “SELF-AS-OTHERNESS”, como as palavras “Self”, “as”, são de fáceis tradução e compreensão, fica a palavra “Otherness” que não encontra tradução direta na língua portuguesa, mas, seria algo como: a qualidade de não ser semelhante; sendo caso contrário distinto ou diferente, ou desconhecido; a qualidade de ser diferente ou estranho: o otherness de uma cultura estrangeira; quando algo é estranho e diferente.
[20]O autor usa a palavra “ENFLESHED”, literalmente “vestir com carne”, transliteração: Encarnado.
[21]O Autor usa  a palavra “AUTONOMIAN”, não tendo tradução literal, mas, podendo ser compreendida como: “uma entidade que opera sob auto-controle; AUTONOMIANISM: um argumento de que todos os seres humanos, por exemplo, operam de acordo com auto-controle, com livre arbítrio.Não confundir com ANTINOMIANO ou  ANTINOMINIANO.
[22]PANENTEISCO ou PANENTEÍSMO (pan-en-teísmo), ou KRAUSISMO, é uma doutrina que diz que o universo está contido em Deus (ou nos deuses), mas Deus (ou os deuses) é maior do que o universo. É diferente do panteísmo (pan-teísmo), que diz que Deus e o universo coincidem perfeitamente (ou seja, são o mesmo). O termo foi proposto por Karl Christian Friedrich Krause, na sua obra System des Philosophie (1828), para designar a sua própria doutrina teológica que pretendia servir de mediação entre o panteísmo e o teísmo. O termo passou a ser utilizado para designar múltiplas tentativas análogas, extravasando o sentido original que lhe fora atribuído por Karl Krause[1]. No panenteísmo, todas as coisas estão na divindade, são abarcadas por ela, identificam-se (ponto em comum com o panteísmo), mas a divindade é, além disso, algo além de todas as coisas, transcendente a elas, sem necessariamente perder sua unidade (ou seja, a mesma divindade é todas as coisas e algo a mais).  Esta crença panenteísta pode ser identificada de forma bastante válida com a interpretação cabalística (que hoje em dia vem sendo utilizada por alguns teólogos cristãos, especialmente católicos) da criação, especificamente a idéia de Tzimtzum.
[23]O autor usa a palavra “SMARAGDINA”, acredito ser uma referência “A Tábua de Esmeralda” (ou Tábua Esmeraldina), texto que deu origem à Alquimia islâmica e ocidental, surgiu primeiramente nos textos seguintes: Kitab Sirr al-Khaliqa wa Sanat al-Tabia (c. 650 d.C.), Kitab Sirr al-Asar (c. 800 d.C.), Kitab Ustuqus al-Uss al-Thani (século XII), e Secretum Secretorum (c. 1140).
[24]O Autor faz um referência aos mistérios do que publicamente é conhecido como “O Rito dos Homens-Sapos chamado de “As Águas da Lua, que exige que um homem ache um sapo, empalar ele com um espinheiro-negro e depois disso deixar seu corpo ser devorado por formigas. Em seguida, levando seus ossos para um córrego em uma noite de lua cheia, o candidato que deseja ser um Homem-Sapo devem lançar os ossos na água. Todo ao seu redor vai gemer e gritar  e clamar, buscando distrair a atenção para um osso que se moverá contra a corrente; este é seu osso encantado, que tem poder sobre os animais.




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A INVOCAÇÃO DO ADVERSÁRIO


“...Tradução livre e adaptada (com permissão do autor), para o português do Brasil com acréscimos de notas de rodapé para melhor compreensão dos textos, feita por Kavs Gael Lvnae, com colaboração de Azazel Semjaza Qayinn Lvnae, do Artigo “INVOCATION OF THE ADVERSARY de autoria de Akhtya Seker Arimanius (Michael Ford - Outubro de 2002)...”


Este ritual pode ser feito com o sol em seu ápice, ou na Lua cheia ou escura, para que Iblis[1] seja finalmente revelado. O objetivo do ritual é invocar o espírito do Adversário conhecido como Shaitan/Iblis, Satã, Lúcifer, ShT, Azazel...

O feiticeiro deve procurar o fogo-espírito de mudança, rebeldia e progressão. O símbolo de Set o Adversário deverá tomar a forma do Diabo terrestre[2], a criativa (e destrutiva) força solar, de mudança e auto-deificação.

Há duas faces primarias do Adversário. O Celebrante pode construir a mascara com dois lados, que deve ser colocada no centro do Altar:

Lado Um - O Serafim caído Lúcifer, a Angélica essência de Chama Negra, se tornando e sendo, a própria essência de nossa sabedoria.

Lado Dois – O Serafim da Flama, Iblis o Djinn[3] de Fogo, o Demônio da Flama Enegrecida, serpente, besta, dragão, lobo, cabra. Satanás é a camuflagem do diabo iniciador do caminho dos sábios[4], para aqueles que riem dos avisos de uma sociedade totalmente submissa.

Use um Robe ou Manto Carmesim[5], a cor da flama e do movimento. (Use) O símbolo do pentagrama invertido, para indicar a união dos anjos caídos com a humanidade, para assim criar a divindade. Na Corrente de Feitiçaria SethianA, o Feiticeiro se torna mesmo como ShT, sendo assim (ele ou ela) no círculo o primeiro no caminho do Sangue-Bruxo.

NA HORA DO MEIO-DIA
Invocação do Djinn de Fogo
Ya! Zat-i-Shaitan!
Ó, anel de Fogo, ardente sol dos soís, elevada alma de escorpião, que emerge com o sol do meio-dia.

Sekak Sekak, Iasokilam
Eu falo agora ao sol, com o fogo da elevação e da Iluminação;
Que em seu orgulho e conhecimento de si, eu possa me tornar como (Tu)
Eu chamo sua essência nesta Hora do Meio-dia para a chama do escorpião

Al-Saiphaz, Al-Ruzam,

No ponto de encruzilhada, quando o Sol está em seu ápice Eu falo as tuas palavras de poder

Zazas, Zazas, Nasatanada Zazas
Zrozo Zoas Nanomiala Hekau Zrazza
Sabai infernum

Vou transcender e ascender acima de todas as coisas, e somente eu posso me fortalecer nesta luz
Nesta hora Eu Ilumino, Eu queimo com a gloria da Luz Lúciferiana – Dentro de mim!

Acima do trono de Azothoz fica o anel de fogo, a entrada de Set-heh, Adversário dos nove Portões e dos sete pontos do Dragão!
Eu vou agora entre e além, dentro e fora!

NA HORA DA MEIA-NOITE

Ya! Zat-i-Shaitan!
Pelo Portão da Luz Negra, quando eu nomeio as palavras contra o Sol
Ó, Foogo Djinn Azazel, Set-heh, eu te convoco agora com a língua das Serpentes,
Pelo meu juramento perante esta chama negra, Acessa dentro de mim.
E sonhando no Aethyr serei Eu conhecido na sabedoria da Lua

Al Zabbat, Hekas, Hekau, Alma de Serpente a quem eu chamo
Levante agora de tua Luz Negra, eu que vejo o que nunca foi conhecido

Akharakek Sabaiz

Eu Evoco a sombra do que eu sou e sempre fui
A escuridão que Eu nutro entre a luz
Eclipse agora o rosto de Deus que eu fico nesta imagem escurecida,
Por este círculo me torno Eu
Pela chama que emerge em mim
Eu sou a forma do Pavão, beleza Angelical revelada àqueles que podem ver
Como o Sol negro eleva-se, Eu me transformo nesta pedra de Esmeralda
Eu sou a imaginação, a Semente do Anjo Caido
Na escuridão existe minha Luz
Minha vontade dá a Luz no reino dos Incubi e Succubi, o nutri o desejo deles no sangue da Lua, Lilitu Az Drakul.
Assim está feito!

COMENTÁRIO

O Ritual do Adversário é um rito duplo que explora, circunda e anuncia o comando sobre a aproximação inteira de si mesmo (Self). Embora o rito seja um chamado que pode ser feita tanto ao meio-dia (Luz) quanto na meia noite (Trevas), o feiticeiro pode escolher em qual horário deve fazer, bem como, um outro ponto focado da energia do feitiço pode ser construído. Isto está considerando a incorporação do Ego dentro do domínio perpetuo da psique, em referencia ao modelo de Shaitan. É essencial que o mago perca toda a percepção de qualquer coisa fora do circulo, e inflame e submirja na gnose, o circulo é a circunferência do Mundo dos Feiticeiros. Para que o Ritual seja um sucesso e preciso “virar a faca para si mesmo” na área auto-direcionada de energia desejada. O ritual do Adversário em conjunto com a oração Oposto do Senhor (utilizados em determinados Covens Luciferianos para invocar o Diabo-Cain) fornece uma base poderosa para a auto-deificação da Gnosi no Sabbat das Bruxas.


Para mais informações sobre as obras de Michael W. Ford visite o link: 


[1] Iblīs é o principal demônio no Islã. Ele aparece mais freqüentemente no Corão como Shaitan, um termo usado para se referir a todos os espíritos malignos que o auxiliam, mas que é comumente usado para se referir apenas a Iblis. Iblis é mencionado 11 vezes, e Shaitan "al-Shaitaan” 87 vezes. Ele é o chefe dos espíritos do mal (Shaitan), e sua personalidade é similar ao do Diabo na Cristandade.
[2] O Autor usa a palavra “EARTHEN”, que traduzida dentro contexto do Ritual (Construção pelo Oficiante da Máscara do Adversário), seria: feito de cinzas ou de terra (Barro). Além dos Sigilos, também o Ritual a nosso ver, pede o auxilio de um ícone de Barro (imagem) do Diabo. Acrescento ainda que intrínseco na leitura do artigo à construção da máscara do Adversário pode ser feita misturando-se a argila há  materiais diversos (cinzas de mortos, terra de encruzilhada, terra de Igreja ou locais sagrados) para os diversos níveis de compreensão do Adepto, e num estágio avançado (quando quebrado o ícone mortal) o rito poderá ser feito ainda com outras alfaias  (máscara de bode, espelho, pinturas faciais, etc)..
[3] Djinn ou gênio (do latim genìus) é uma espécie de espírito da mitologia Árabe (Persa) que rege o destino de alguém ou de um lugar, frequentemente sendo associado a algum dos elementos da natureza, das artes, vícios etc. O termo pode ser empregado como um equivalente em português do árabe "jinn", uma vez que na mitologia árabe pré-islâmica e no Islã, um jinn (também "djinn" ou "djin") é um membro dos jinni (or "djinni"), uma raça de criaturas sobrenaturais. A palavra "jinn" significa literalmente alguma coisa que tem uma conotação de dissimulação, invisibilidade, isolamento e distanciamento.
[4] Para os que estão na busca, a figura de Satanás, é apenas uma das muitas formas (ou camuflagem) que Nosso Senhor o Diabo-Iniciador, assume, assim como, muitas outras formas podem ser identificadas i.e: Demônio, Arhiman, Seth, Azazel, Saklas, Samael, Lumiel, Iblis, etc .
[5] Carmesim é um tom de vermelho forte, brilhante e profundo, combinado com algum azul, do qual resulta um certo grau de púrpura. É a cor do corante produzido por um inseto - Kermes vermilio, mas o nome também é usado para descrever cores ligeiramente azul-avermelhadas em geral que estejam entre o vermelho e o rosado.