segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

UM SONHO SURREAL

O DIÁRIO DE AZAZEL - PÁGINA 345.

Bom dia querido Diário...

“..Espero que pelo menos você tenha tido uma noite boa, ledo engano eu sei, você sofreu com ponta do pena a desfilar linhas e linhas em teu dorso..”

Eram mais ou menos 03h35 da madrugada, como sempre, eu no não-sonho, sonhando eu vou além do limite daquilo que é visto. Acabara de voltar de um dos encontros noturnos da família - afinal nossa encruzilhada apesar de ter reflexo na forma, localize-se além do limite visto, como era uma assembléia informal de relatos, não vi a necessidade de levar comigo os meus Daemons, apressei-me em abrir os portais da hipynogogia com uma breve invocação a Deusa Mãe de Todos e com a chave feita de  Arruda que uma bruxa Síria me deu -  levantei vôo, a rota até o ponto central da cruz, já me era conhecido, pois me foi ensinada por velhos espíritos do fosso de ossos cruzados... 

Na volta quando desci no parapeito da janela gradeada do quarto, algo me assustou terrivelmente, havia alguma coisa ali próxima ao meu corpo.

Eu via nitidamente através da luminosidade opaca  cinza azulada de meu quarto, aquela coisa informe, um bolo enorme de fumaça prata escurecida – não era algo de carne e osso, disso eu tinha certeza  -  o muro tem seis metros de altura e cerca elétrica, câmara de vigilância, janelas e portas gradeadas, alarmes, porque tudo isso? Temo os vivos e não os mortos - meus instintos se sobressaíram, meu sangue ferveu e borbulhou como sopa do caldeirão de uma bruxa má a Besta dentro de mim começou a dar sinais de que ai atravessar o portal do éden e ignorar a espada flamejante do anjo
.
–  Aquela coisa sem forma, como fumaça, tinha atrelada a si um enorme rabo de fumaça de prata que se estendia para além do quarto e com algo que lembrava mãos de fumaça tentava inutilmente tocar meu corpo, procurando me atingir...Sem pestanejar, saltei sobre a coisa, ávido para cravar as garras e as presas em seu pescoço e beber-lhes o sangue – atravessei a massa informe indo de encontro ao guarda-roupas, batendo as costas violentamente em duas de suas portas, o eco do barulho retumbou por cada canto da casa escura, a dor que sentia era forte, tirando-me o fôlego, não entendia o que estava acontecendo...porque não atingir aquela coisa? porque ela não notava minha presença ali...

ouvia os gritos desesperados vindo daquela coisa, e mesmo comendo uma terrível dor nas costas devido ao choque com as portas do guarda-roupas -  reconheci a voz, não era possível, não podia ser. 

Com dificuldade, levantei-me, meu anjo tomou o controle - prendendo novamente em correntes nas escuras terras do pesadelo o meu Daemon – cambaleando e ainda atordoado, fui me aproximando e pude ver, que aquela massa informe era você... e que ali dividia inconscientemente comigo a sensação do desespero. Percebi então que estavas sonhando lúcido e eu estava não-sonhando-acordado-dormindo. 

Era preciso te trazer a forma de não-sonho e assim dar forma aquilo que era informe - mas tu não sabes a formula do arcano que leva ao não-sonho, jamais beijou o sapo ou lambeu a rã, você nunca usou um chapéu de bruxa e jamais saltou entre os mundos, teu único salto além da realidade foi sinteticamente e mesmo que fosse natural, a  fumaça te levou apenas a ilusão e a sede e a fome -   Eu teria de  sonhar lúcido, para poder manter contato contigo..

- Calmamente – mas com muitas dores – fui retornando ao meu inerte corpo jogado sobre o colchão - e sendo obrigado a deixar de não-sonhar-feito-carne para sonhar Lúcido – em alguns instantes as dores sumiram e pude levantar-me e olhar para a coisa e ali estava você, não mais um bolo de fumaça prata escura – Tua face que em dias comuns apresenta um tom corado, agora estava totalmente fantasmagórica, mas teus olhos, teus lindos e grandes olhos verdes, continuavam os mesmos, ainda me causava, mesmo ali no sonho lúcido, uma certa sensação de inquietude -  Segurei aquelas mãos firmes. E disse: quer se acalmar?

- Tua resposta vinda de uma voz embargada, acompanhada daquele olhar verde inquietante, respondeu:  isso é um pesadelo?

- Sente-se – eu disse- ele sentou-se, e foi se acalmando – eu continuei: Isso não é um pesadelo, isso é sonho lúcido ou desdobramento, ou sair do corpo,  me contra o que aconteceu, ele começou dizendo: Eu estava em meu quarto, na minha casa, tinha acabara de me masturbar, e estava relaxando,  derrepente, eu tava voando no meu quarto e vendo meu corpo, na cama... Fiquei com medo, comecei a orar, mas não adiantou, entrei em desespero e só conseguia pensar em pedir ajuda e ai lembrei de você e acabei aqui na tua casa, nem sei como, tentando te chamar (...)  enquanto ele ia descrevendo o que havia ocorrido, minha mente maquiavélica me torturava:- Isso não era possível, aquilo não poderia ter passado despercebido, nem mesmo pelos meus Pequenos Daemons Caninos - mesmo eles em sua forma animal  já conhecendo aquele cheiro e recebido afagos daquelas mãos,  não permitiriam que ninguém chegasse tão perto de mim enquanto eu estivesse além do limite entre vida-sonho-morte...- (...) Era visível, mesmo com a estranha luminosidade o desespero em casa frase concluída por ele (...) – mas os Daemons precisam ser severamente castigados - (...).

Passaram-se vários minutos, finalmente, ele me disse – Cara to com sono, posso dormir aqui – é lógico que ele não entendeu ou não quis entender o que estava acontecendo – claro que pode.

De supetão ele diz – se isso é um sonho deita comigo e (...).  – a partir daqui meu pequeno diário a classificação é para maiores de 18 anos... (...).

Levantei da cama as 06h30, com dores fortes nas costas, tive de ir ao médico e o resultado, muitos analgésicos e antiinflamatórios, duas costelas fraturadas.. Mas o melhor de tudo foi ler a seguinte mensagem no WhatsApp:

“... pôw vey, sonhei com você ontem, mas num lembro de como foi o sonho.... te cuida ai irmão, fui...”

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P.S: “... O Texto é uma ficção... ou melhor...  Uma Fantasia...um desejo oculto de luxuria na forma de metáfora que revela a similitude não vista entre a verdade e a mentira dentro de cada um no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade...



terça-feira, 5 de novembro de 2013

MEU PEQUENO MAGISTELLUS

O DIÁRIO DE AZAZEL - PAGINA 256

São 04h45min...

Acabo de retornar da minha Caçada Noturna... Agora meus cães diabólicos, dormem calmamente na forma de Pitcher, retornamos da missão dada por aqueles que clamam por justiça debaixo dos meus pés...Tomo um gole de água da garrafa ao lado da cama, abro a janela, acendo um cigarro... e divago:

“...Uns pobres diabos que se acham poderosos em feitiços, que acreditam que  estou fazendo trabalho, catimbó e macumba para derrubá-los, e como forma de atacar só sabem praticar calúnia, difamação, fakes nas redes sociais...”

Não consigo segurar um riso sarcástico e silencioso..quando penso:

“....Que pena, eu uso o que sei, voar à noite na formas que não é a minha e perpetrar a caçada noturna...”

Pego meu pequeno diário de anotações sacrílegas na mesinha encostada à parede e escrevo: “...Três noites consecutivas de lutas e batalhas no astral e a vítima apenas acha que é um pesadelo, mas logo descobrirá que nem sempre fumaçada, panelada, ou ir ao cemitério, ou muito menos mando rezar missa, são as únicas formas de se atingir quem nos persegue..”

Paro de escrever subitamente.... Então me dou conta de que sei causar um ataque e fazer a vítima acordar cansada, marcada, assustada... e por fim, depois de certo tempo, da lua certa, da configuração estelar perfeita, ela sucumbirá infalivelmente num esgotamento nervoso, seguido de vário sintomas psiquiátricos... Mas isso será o bastante para pagar o preço da covardia que sofri?

Por outro lado, lá no fundo da alma, uma voz levanta-se, ainda cambaleante, das profundezas da terra do pesadelo, fazendo cessar meu sorriso sarcástico e silencioso, meu rosto torna-se sério e murmuro:

“... Eu avisei!!! não sou tão inofensivo assim, você tinha razão em tentar prevenir os que amo de que sou perigoso, apenas não soube mensurar o tamanho do perigo... aprendi a me defender quando os espíritos evocados não podem interferir...hoje, aliei-me a eles no além da fronteira, eu mesmo, me tornei em vida o que serei na morte: Um espírito errante da noite, um filho exilado da descendência de Caim....

Suspiro e penso ao fitar a única estrela visível na noite fria e chuvosa:

“...Mais uma vez confirmado, sei quem sou qual minha origem e para onde vou e como voltarei a viver depois de passar a fronteira entre o visto e o não-visto...”

Volto a escrever no meu diário:

“...Já não estranho as paisagens do além, já andei por estes desertos e por estas florestas antes, convivi com cobras e escorpiões, matei minha sede ao beber do meu próprio sangue... por isso, contra ele, não levanto a mão, como você fez, ao contrário, defendo meu sangue e sei ir minando de forma sorrateira as forças dos inimigos que vão de encontro a ele...Então não se surpreenda se logo as noticias de doença, fraqueza, nervoso, inquietação de seus lacaios lhe chegarem aos ouvidos e você impotente nada poderá fazer, pois aprendeu apenas a atingir o corpo e o material dos que elege como inimigo a debelar, eu ao contrário aprendi a entrar pela janela e sugar o sangue das crias de Abel...”

Fecho meu diário e com ele na mão desço a escada, passo pela sala vou até cozinha, coloco a água do café no fogo, as cadelas descem comigo, fiéis escudeiras, abro a porta de entrada, elas saem correndo vão latir para os pássaros que acordam barulhentamente dos cantos externos do telhado, volto meu olhar para o céu acinzentado da manhã e as gotas finas da chuva fria caem sem parar sobre o capuz da camisa preta que uso, a calça do pijama azul de flanela com desenhos de carinhas de cachorros marrons, ficou gelada, aperto meus dedos dos pés da sandália verde, retorno a cozinha, faço meu café forte e bem doce, tomo o primeiro gole quente dele...
Volto a escrever no diário:

“...O cheiro do café fresquinho e passado na hora é um bálsamo para mim... tenho sangue de Qayinn, a Marca da Bruxa, sou uma Criança Vampirica de Lilith, sou nascido da semente de Azazel e Bruxaria para mim é um Ofício Feiticeiro e não uma Religião...Eu conheço o terreno do sono, aprendi a controlar o não-sonho, não sonhando posso manter-me sobre o meu corpo quando durmo e se preciso for, sei sonhar-acordado-dormindo-feito-carne a noite e voar como último recurso de defesa... Por isso não me furtei de fazê-lo estas noites... É verdade não deixei de ser Bruxo e Feiticeiro, de fato sou nascido da mandinga, criado na macumba, e dendê e jurema corre em minhas veias, a marca da coifa me autoriza e a semente posta por debaixo de minha pele me dá a força nestas caçadas noturnas... Eu vou, cantei por três noite seguidas o feitiço que um morto me ensinou... Coruja, coruja,  coruja, no corpo de uma coruja eu vou entrar, com bastante suspiros e muito trabalho, em nome de Deus ou do Diabo eu vou...”

O despertador do celular toca e me traz de volta a manhã fria e chuvosa... e mais uma vez, aquele sorriso sarcástico da madrugada ocupa meu rosto... Por hoje é só meu Pequeno Magistellus...

P.S: “... O Texto é uma ficção...ou melhor...Uma metáfora que revela a similitude oculta da verdade e da mentira no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade...



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

COMENTÁRIO AO ENSAIO: THE GOLDEN ESSENCE

Após a transliterar (e não traduzir) o ensaio THE GOLDEN ESSENCE: Craft Mythology and the Deep Theology of the Housle de Robin Artisson (2004) para a língua portuguesa do Brasil, o que notamos nas primeiras páginas, é que a natureza é um modelo perfeito do reflexo do Espelho do Ego, que ela ao contrário do que os pagãos modernos pensam, não revela à Deusa da natureza, que faz as coisas brotarem, ela revela a essência humana, aquela essência presa nas mais escuras cavernas da psique humana (local da verdadeira queda da Luz de Nosso Senhor).

Ele fale ainda de relance acerca de como o renovação foi entendida em seus primórdios pelos humanos, e da percepção do homem antigo dos processos da natureza como análogo aos da vida da tribo ou clã. Concordamos com isso, porém, teorizamos que o processo como algo inerente a busca pelo Ego de fogo, deu-se posteriormente, pois o lógico é que o sentido de renovação dos animais (após a domesticação) e do plantio (após o domínio da agricultura), e o observar, entender e interagir com o clima e demais processos da natureza toda ao redor, foi um questão de sobrevivência da espécie. 

Ele continua relatando a necessidade de mudança da perspectiva da realidade, exprimindo, que é preciso procurar o foco de uma visão não linear, de um tempo não cronológico para a prática dos Ritos e para o viver o Ofício. 

Ao se referi ao Housle ou Banquete, o texto deixa claro que este é um ato básico da Arte, não em sua forma externa, mas na sua essência mistérica, pois discorre sobre os processos do grão e do fruto, como sendo análogos aos processos de ordálias que levam a transcendência do barro mortal. 

Se analisarmos as etapas da semente temos:

Em primeira estância os atos simples de preparar a terra, cavar a cova, jogar a semente, bem como, o desafio de cuidar do processo de crescimento do broto, evitando sua morte biológica prematura, as pragas e doênças, limpando o solo ao redor e fazendo todos os atos necessários para que no futuro aquilo que era inerte, dê frutos e a vida prossiga, ou seja, que Destino se cumpra (e o círculo nunca se feche).

Em segunda Estância, percebemos, que esses processos, quando encarados, sob e sobre, o prisma do Espelho do Ego, dentro da área de sangue e na vida cotidiana, reflete perfeitamente, a necessidade de mudança auto-assistida, ou auto-policiada do Adepto, ou seja, leva-o a refletir sobre sua vida e sobre as necessidades reais de trabalhar a magia da auto-transformação, preparando o corpo e a mente, para encarar a cova ou descida aos infernos de mapas enraizados, ali mesmo, nas escuras cavernas infernais onde demônios, habitam, sim, demônios reais (pois as portas para Areruza ou Hades, a chave para o lugar do pesadelo, é e são as profundidades da mente) e onde também estão presos os demônios psicológicos (veículos de atuação dos reais) criados por forças caóticas, que necessitam de candeias e algemas, pois sua liberação desenfreda colocaria a mente e o corpo (e possivelmente as pessoas ao redor) em um processo de destruição prematuro e desnecessário, como bem lembra o Michael W. Ford “muitas vezes somos os nossos piores inimigos”. A própria Bíblia, se encarada não como um livro teológico ( e se não tocar seu mapa enraizada de rede de segurança), mas como escritos que ao longo do tempo, teve encaixado em seu bojo, verdades veladas, corrobora com isso, assim lemos:

Em: Judas 6: “ E aqueles Anjos, que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio nos céus, Deus tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia”.

É certo que quando decidimos buscar os mistérios, devemos nos preparar para encararmos a parte expulsa para o "Id", ou seja, aquilo que é rejeitado pela sociedade e por nós mesmos (os demônios). 

Os Demônios ou Daemons são essa parte sombria, esses lobisomens, esses vampiros, esses fantasmas, esses bichos-papões, esses traumas mau resolvidos, que são parte de nossa essência mais profunda e estão presos em cadeias eternas e que podem nos assombrar eternamente, por isso a Arte não é caminho para o vulgo, pois pode levar tanto a auto-transformação como a loucura e a morte. 

O texto fala-nos em suas linhas introdutórias da necessidade de“consciência” plena para tirarmos o máximo de benefício dos mistérios, e que os mistérios são uma questão de “consciência” e profunda realização e não se resumem a ritos iniciáticos, pois a verdadeira iniciação é feita sob e sobre a cruz, onde a rosa sangra até a morte, a iniciação se processa, sob e sobre, o “Tau” da Serpente, erguida ao sol, isso também pode ser visto, no broto, que inicia sua vida no plano linear, ao erguer-se da escura terra, após suas raízes procurarem as profundezas para alimentar-se. 

Como a semente que habita o limiar ou fronteira entre o que visto e não visto, ou seja, sob e sobre, a terra (acima e abaixo), e como suas raízes depois do Brotar caminha mais profundamente em direção ao que não é vista, a alma de um Lvnae, que é uma Alma Luciferiana e Cainnita, que pertence ao não visto, ao invisível, deve procurar no profundo poço de Caim, a Negra Magia de Lilith e Naámah, onde a Luz está, para poder erguer-se e a cada encontro com a Rainha de Elphame e sua Mãe-Escura.

A Alma Lvnae continua profundamente descendo para sorver aquilo que é necessário à sua existência em Destino, ou seja, o Fogo Sábio, aquela essência sagrada que permeia todas as coisas e está no coração da realidade de todas as coisas. 

Mas, vale um alerta, absorver o dejeto da psiquê, que o mundo de padrões humanos legou as partes mais profundas da mente, tendo o super-ego como Guarda, que cuida de manter sob eterna vigilância aquele local, para que os demônios não coloquem as forças do caos em ação e destruam a sociedade ou mundo humano, não significa ser escravizado por elas, ou tentar dominá-las, como alguns Magos medievais e modernos tentaram (e alguns pseudos ocultistas e exotéricos ainda tentam), e pagaram o preço terrível, pois esses poderes infernais ao cofrontarem-se com as forças das correntes do mundo da ordem, foram exorcizadas, e não tendo vasão livre, voltaram-se contra seu libertador. 

O que instamos, é a necessidade unir na consciência o bem e o mal, ou o Anjo e a Besta. Ao tocarmos no Jardim do Paraíso, cabe-nos expressar, uma compreensão pessoal a cerca da expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden, com o que dizemos a cima, assim em Gênesis 3.24, lemos:

• “E o Senhor expulsou-os (Adão e Eva); e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida”.

Ora, se levarmos em conta que o Jardim do Éden era o local de Luz e Delícias, e nele haviam toda sorte de animais e bestas, tanto da terra, como do ar, das águas e de baixo da terra, bem como, toda espécie de plantas, grãos, árvores, tubérculos e frutos, que alimentavam curavam (Anjo/Sublime), devemos por analogia, perceber que ele tinha ( e tem) seu lado oculto, seu limite ou fronteira de Sombra, Desgostos e de Morte (Besta/Sombra/Demônios). Devemos supor, sem pestanejar, que o Éden, que ele contém um simil além da fronteira, onde esconde em seu interior aquilo que é proibido, antinominiano, anti-moral, aquilo que entorpece e mata, pois Nosso Senhor o Diabo, como a Serpente da Tentação, habita bem no meio deste paraiso-infernal. 

Assim, o Jardim se torna um símbolo da psiquê humana e os Querubins, com suas espadas flamejantes (do oriente ao Ocidente - Nascer e Morrer) podem ser encarados como uma simbólica dos do Caminho Cruzado e uma imagem arcaica do super-ego. 

Os Querubins (como o super-ego) impedem o acesso do ser humano a este reino, pois dentro da psiquê ou Jardim do Éden há tudo que pode dar vida e morte (oriente/ocidente), em sentido iniciático e em sentido real. 

Somente, aqueles marcados, somente aqueles que carregam o Sangue da Serpente e andam sobre o Caminho do Dragão, os proscritos, os peregrinos da Noite, os assassinos de si-mesmo, como os Lvnae's são, tem acesso a este lugar, porque a estes a promessa de Deus à Caim está viva e forte em cada gota de sangue de fogo Lvnae, e nem mesmo os Querubins podem ferir Caim (a psiquê do buscador que transcendeu o barro mortal), conforme a promessa Divina em Gênesis 4;14 e 15:

• “Eis que me expulsais agora deste lugar, e eu devo ocultar-me longe de vossa face, tornando-me um peregrino errante sobre a terra. O primeiro que me encontrar, matar-me-á.” E o Senhor respondeu-lhe: “Não! Mas aquele que ferir ou tentar matar Caim será punido sete vezes.” O Senhor pôs em Caim um sinal, para que, se alguém o encontrasse, não o matasse ou ferisse”...

Voltando ao foco do comentário em si, o que podemos perceber é que quando encaramos a natureza, como sendo, o verdadeiro espelho do ego (com seus processos de destruição, caos, ordem, renovação, ou seja, em constante mudanças e transformações, mas sendo essencialmente a mesma, como a planta é em essência outra coisa, porém também é a semente), e não como uma Deusa Bonachona de Luz e Beleza (porque nunca queremos ver o lado maligno da natureza e nem aceitarmos nosso lado sombrio, buscamos sempre o Bode Expiatório), percebemos a diferença de consciência entre um Bruxo do Caminho sem Nome e aqueles que teimam em nominar-se Bruxos neo-pagãos. 

Essa diferença se mostra mais clara, quando nós temos a coragem de descer as profundezas infernais (como as raízes que nascem do broto) e encarar Nosso Senhor da Morte, não apenas de forma símbolica, como fazem alguns pagãos em relação a Descida da Deusa, mas de forma real, vívída, lúcida, pois sentimos o açoite dele em Nossa Pele, ardendo dia após dia. 

Quando nós Lvnae's sorvemos a destruição de nosso invólucro (como a pele que recobre a semente) e somos expostos (encaramos aquilo que somos e refletimos em nossa mente e em nossas ações) a morte ou iniciação se processa de forma excruciante, demorada, lenta, e, dentro desse processo alinear, cada momento é sentido e vivenciado em sua plenitude. Após isso, erguemo-nos, como a Deusa (e o broto) no Espelho do Ego, renovados e restaurados, desse Inferno iniciático, psicológico e físico que as ordálias nos levam– Fazemos Novas todas as Coisas. 

E é isso que o Banquete ou Bodo nos revela, a renovação tanto dos vivos, como dos Mortos, ou seja, um rito que garante o cumprimento da promessa de renascimento dentro do Sangue e do Clã.
O Texto nos deixa entender, que a mudança de foco da realidade é a chave que é garantida por São Pedro, ou seja, o que é necessário para a transformação, não somente a forma ritual ou as pantomimas iniciáticas, mas o processo total acontecendo de forma alinear, não padronizada pela ordem, ou seja, que despertamos para a consciência no Aqui e Agora. 

E o que podemos tirar de lição para nós, tendo o texto proposto como base?

Que o Banquete é o exemplo clássico que ensina em sua essência acerca do mistério da transformação e renovação, que ele é uma porta de acesso a mudança da percepção da realidade. Assim, insistimos, na concordância com as primeiras linhas introdutórias do texto de Robin Artisson, no sentido de sua importância para renovar os Mortos, pois a recompensa é o despertar para os mistérios, é o viver os Ritos da Arte de forma plena e de sermos porta para a renovação da vida (renascimento) pela transcarnacionalidade do povo pálido. Em síntese, a introdução é simples e perfeita, como um explicação básica de todos os mistérios.
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Usamos a versão em língua portuguesa para estudos internos do Clã, Caso haja interesse, analisaremos a possibilidade de disponibilizar a versão em português APENAS para uso pessoal. É terminantemente proibida a publicação do Ensaio em qualquer idioma, por qualquer meio sem a expressa autorização do autor (Robin Artisson).

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

EPISTOLAE FAMILIAE


TRADIÇÃO IBÉRICA
SEGUNDO A VENERAÇÃO LUSITANA
GREGIS FAMILIAE ORBIS LVNAE
Cappella Nostra Domina Regina Coele


No dia 12/09/2013, através de marcação em foto, fomos levados a ver comentários de um Senhor, que se intitula “O REALIZADO”, dizendo-se ter sido o primeiro Líder de nosso Coventiculo e seu primeiro Elder, tal atitude gerou em nós revolta, haja vista, tratar-se a afirmação de algo que nem de longe toca qualquer resquício de verdade. Para completar, tal senhor se refere a mim, como sendo o lixo. Em resposta a tal coisa, editamos esta EPISTOLAE FAMILIAE  em duas partes uma em resposta aos esclarecimentos do senhor Realizado e outra aos meus amados integrantes da TI de V.L.B.


I PARTE
RESPOSTA AO ESCLARECIMENTO NO FACEBOOK DO SENHOR REALIZADO

Senhor Realizado
Para alguém que se intitula realizado causa-nos surpresa o uso de inverdades, seja para qual motivo for. Após causar repudio entre nós Lvnae’s, O senhor Realizado, disse que fez por amor a alguns dos quais nutre este sentimento, confesso que mais uma vez ficamos espantados com tal colocação, pois este Senhor teve mais de dez anos para nos procurar a todos e ao menos fazer uma meia culpa do mal que nos causou, portanto fica a indagação no ar: Porque somente agora aparece com a desculpa de sentimentos amáveis, porém, se dizendo ter sido o primeiro Líder e Elder de nosso Conventiculo a época?

No mínimo soa cômico para dizer trágico. O problema não é este Senhor expor fotos de pessoas no meu antigo apartamento no Bairro de Itapuã em Salvador, pessoas que pertenciam ao nosso antigo Coventiculo do Círculo da Lua sem a nossa autorização, o problema está em afirmar que foi o primeiro Líder de um Groove na Bahia.

Portanto, cremos que o tal senhor auto-proclamado “o Realizado”, não está tão realizado assim, se estivesse não precisaria afirmar inverdades e nem tentar se passar pelo que nunca foi, sem contar que ao proceder assim, tal Senhor tenta usurpar na maior cara de pau nossa história de vida dentro do Paganismo e da Bruxaria, tenta se apoderar daquilo que lutamos para criar e manter por quase 16 anos. Por isso caro Senhor Realizado, há incongruências nesta sua atitude, afinal, o Senhor mentiu e isto já acontece em relação a nós desde que tivemos o infeliz momento de o conhecermos, pratica tão bem isso, que acaba acreditando nas próprias mentiras.

Agora em contradição a isto, já fui taxado de tudo na vida, menos de mentir compulsivamente e de me apoderar da história de vida de outrem como se fosse minha, a exemplo de nestes quase 16 anos nunca inventei uma avó Bruxa Celta monomastequitomizada que me iniciou nos mistérios e jamais fantasiei um avô Druida que tenham me passado os antigos segredos, a bem da verdade, meus avós eram católicos e do Candomblé, os quais me relegaram de forma indireta uma religiosidade popular linda e rica, da qual  me orgulho e dentre esta força de fé e credo relegadas a mim tenho a Fé em meu São Jorge e em minha Madrinha e Mãe Nossa Imaculada da Conceição, além de ter meu orí regido por Ogum e Oyá...  

Talvez soe estranho para os mais xiitas da fé antiga, essa religiosidade pincelada de cristandade, mais em nosso blogger tem postagens sobre a Iconoclastia Lvnae é só gastar um tempo e nos privilegiar com sua leitura. Aos menos xiitas, afirmo, parafraseando meu Irmão de TI e também iniciado Gardneriano Cadmo Nerev “Eu invento moda”, pois quando implementei no Circulo da Lua mudanças de nome para CASA DOS CORVOS SAGRADOS de foco para a Bruxaria Ibérica com forte víeis Luciferiano pautada nos mitos Qayinnitas, de inicio fui taxado de louco, para pouco tempo depois, ver a iconoclastia aceita e praticada abertamente pelos meus próprios detratores e Qayinn ocupando lugar em cerimônias e rituais.

Fiquei muito orgulhoso de sua atitude de retirar a foto de seu Álbum no Facebook, sei que não foi por respeito e honra, e sim porque o tiro saiu pela culatra, ao invés de conseguir se promover as custas de nossa imagem e trabalho, foi desmentido publicamente.

Espero que depois deste episódio, lhe sobre um mínimo de amor próprio e de reverência à seu caminho espiritual, para não retomar uma postura como esta, ainda mais num mundo globalizado onde os amigos estão espalhados por diversas partes do mundo.

Outra coisa Senhor Realizado, uma pessoa que reconhece os próprios erros, que sabe os danos que causou, que tem a chance de se redimir, não a perde, e este não foi o caso do Senhor, que teve ali com aquelas fotos a chances de se desculpar para os que feriu, magoou, prejudicou, iludiu e aviltou e não fez, principalmente a mim a quem você se referiu como “Lixo” em conversas em privado.

Sim meu caro Senhor Realizado, prefiro ser o lixo como sou que ser realizado como o senhor, pois neste caso “o lixo” tem mais valor e honra. Mesmo lixo, segundo suas palavras, não troco nada do que sou pela vida realizada e feliz que diz ter, é tão feliz e realizado que precisou indiretamente desmerecer a minha história dentro do meu próprio grupo, ao invés de pedir-me desculpas por todo mal causado, preferiu relegar-me a neutralidade dentro daquilo que fundei e mantive SEM COBRAR UM CENTAVO DE QUEM QUER QUE SEJA, JAMAIS COBREI CURSOS, INICIAÇÕES, PALESTRAS, SABÁS, ESBÁS, LIÇÕES, ENSINAMENTOS E COISAS DO GÊNERO, vivia e vivo até hoje do suor do meu rosto,  e também, labuto a quase 21 anos, com Lei e justiça, portanto não temo ameaça velada, elas não me intimidam.

Seus atos há dez anos e os do dia 12/09/2013, foram vergonhosos para qualquer caminhante de qualquer caminho espiritual, ainda mais para um ser tão “iluminado”, tão “realizado” que diz ser.... Não vou lhe dar mais IPOBE, você já fez sua fama-contrária... Espero que aprenda e amadureça e não cometa o mesmo erro com outros. 

Peço que não continue essas e outras histórias sobre nosso grupo, mesmo que sejam em palestra ou grupo que estiver, pois poderá ser desmentido novamente, lembre-se o mundo digital é pequeno, sempre tem alguém que nos conhecemos por perto. 

Aos que não sabiam ou ouviram deste Senhor absurdos e inverdades, afirmo, este SENHOR NUNCA FOI LÍDER DE QUALQUER GROOVE aqui em salvador, o que ele foi, foi um grande problema e a maior decepção que já tivemos no caminho pagão. 

Vou lhe advertir outra vez, há mais pessoas que estavam lá, que estão querendo expor mais detalhes do que os que aqui já foram ventilados, eu os estou segurando, para evitar que sua imagem seja mais arranhada, portanto, tome cuidado com o que vai responder.

Quanto à insinuação velada em sua nota de esclarecimento de que eu estou fora do Caminho da Deusa ou não pratico mais Bruxaria, que fique claro que realmente estou fora do caminho da Bruxaria “new age” que o senhor segue, afinal: “De vez em quando o diabo me aparece e temos longas conversas.... Percebi que era ele quando notei que trazia na sua mão direita o martelo e, na esquerda, a bigorna. Pois esta é a sua missão: martelar as certezas, ferro contra ferro, para ver se sobrevivem ao teste” (Rubem Alves) e assim evolui e minha visão ampliou-se e hoje posso afirmar que para mim a “Bruxaria não é religião”.

Uma das primeiras coisas que aprendi quando da Tradição Ibérica foi que a Arte é essencialmente “Topomínica”, ou seja,  a Arte ao ser praticado em determinada região deveria está ligada incondicionalmente a origem e evolução do lugar e conter laços indissolúveis com a história, arqueologia, clima, flora, fauna, seres, espíritos, entidades, divindades, religiosidade, cultura, folclore, flora e geografia de onde estivesse sendo praticada. Entendeu agora porque trilho a Bruxaria em outra forma visível de expressão?

Não entendeu? é simples a “Arte” não se resume a sua visão de “Bruxaria fast food”, e pelo que sabemos de suas práticas o senhor está completamente certo, estou fora sim do caminho que senhor trilha.

Acredito que fomos o mais claro possível, a cerca dos fatos, esperamos que isso seja o bastante para vós deixar, Senhor Realizado, em sintonia com vosso Divindade  interna, pois tudo que busca está e sempre esteve dentro de vós.

II

UMA PALAVRA AOS IRMÃOS LVNAE'S

Ego, L.G.A.S.Q.L.C.S, representante da Tradição Ibérica Segundo a Veneração Lusitana no Brasil, para todos os Frater e Sóror Sanctvs e aos Sacerdvs Svmmvs Sanctissimvs de nosso Sangue Lvnae na terra, e para os que já comungaram do Congresso conosco, Saudação e Paz. Debaixo do selo da Obrigação de Nossa Senhora Rainha do Céu,

Caríssimos,

“.. A Bruxaria é um Ofício Feiticeiro, Oficio Herético, e, parafraseando Georges Duby “Ela é antes de tudo herética aos olhos dos outros”. 

A Bruxaria é uma Arte e é preciso nascer com dons especiais para praticá-la, esse dom é dito ser a “Marca da Caim”, mas também há outros augúrios durante o momento do nascimento que pode sinalizar que a criança é uma Bruxa. Então a Bruxaria não é uma Religião Sacerdotal Estatal, focada numa deusa e num deus, aliás, deus cuja maioria dos que dizem adorá-lo desconhece suas reais origens e mesmo o sentido esotérico de seus Chifres, Chifres que demonstram claramente a força e o poder de “Destino”, como inicio e fim de tudo”

Eu fui com o passar do tempo compreendendo que o Ofício Feiticeiro tem seu foco-iniciatório no Sangue-Bruxo, sangue que contém conhecimentos, mistérios e práticas comuns a qualquer Bruxo, porém, que se diversifica na expressão visível, pois ao correr pelas entranhas da terra, ele aflorou em acordo com a real necessidade dos que a praticavam e dos que dela necessitavam. Em palavras simples, misturou-se a cultos e práticas dos diversos povos abriu-se nas incontáveis pétalas de “Ofícios Feiticeiros” que podemos ver no passado e no presente.

Então quero deixar claro que o fato de esta na forma visível de expressão de outra senda espiritual não me fez deixar de ser Bruxo, não fiz nenhum rito de desiniciação ou coisa semelhante, não abrir mão de meus conhecimentos e nem de meu lugar dentro da Tradição Ibérico, não abri mão do meu sangue Lvnae, sou Bruxo por iniciação e com linhagem comprovada na Wicca e na TI, recebi minha carga e passagem de poder, penetrei os mistérios pela senda verde e pela trama de prata, atravessei o sonho-feito-carne e comunguei com os mortos de meu sangue.

Sim, também sou um Luciferiano convicto e qayinnita de carteirinha, goste quem goste, doem em quem doer, falem o que quiser, pode até quem se diz BT se sentir mordido, problema de cada, meu caminho é meu e ninguém o tira, a não ser “Destino” em seu traje de morte e mesmo assim estarei do outro lado “sabendo quem eu sou, de onde vir e qual a minha origem e para onde vou”,  meus textos neste blogger já falam por si só.  

Assim, aos meus Iniciados, dedicados, netos e bisnetos na Arte afirmo “EU” continuo sendo Elder da TI na Veneração Lusitana no Brasil e todos os que são delas pelos ritos me devem respeito e obediência dentro do explicitado da Regula da Tradição e nas leis do GREGIS FAMILIAE ORBIS LVNAE, o meu silêncio no mundo é escolha pessoal, mas a qualquer momento o corvo levanta-se e come a carne de seu próprio sangue.

Tenho visto por ai, várias pessoas se dizendo Bruxo Ibérico, não se deixe enganar por tais coisas, há até quem anuncia que a avó foi sua iniciadora, nestes quase 16 anos, já vimos muitas avós iniciadoras sendo desmascaradas, portanto, como diz o irmão Cadmo Nerev, é apenas moda, como é moda agora, detratores antigos aqui mesmo do blogger, pousar de veneradores de São Pedro, Santa Luzia e correlatas imagens iconográficas da fé cristã.

Aprendam a Bruxaria é um tortuoso caminho de auto-trasnformação e auto-deificação para os seus aderentes, que caracteriza-se por uma abertura do coração para manter a continuidade da corrente dourada-verde-prata do sangue-bruxo e da inspiração, sendo desta forma um caminho de Solidão e de antinomia, onde apenas aqueles marcados pelo Fogo da Forja de Lúcifer, podem compreender e serem capazes de efetivar “um Matrimônio que se divorcia de todos Outros onde a perfeição de Toda Solidão pode ser completada” (Chumbley).  
Quero dizer também que ao fazer público este documento, não faço, de bom grado, mas, o sob o selo da obediência à voz daquele que jazem debaixo de nossos pés e não poderia sob qualquer pretexto furtar-me a isso,  Eles, nos portais da hipynogogia e nas demais formas peculiares de contato, e também pelos oráculos, determinaram que escrevesse e para que vocês relembrem o sentindo de sorver da taça-crânio de Abel o vinho Tinto-de-Sangue-Lvnae que está sobre a mesa da Iluminação Lucíferiana.

Que o relâmpago da meia noite, desperte o sangue e a natureza Qayinnita em vós, sois Anjo e Besta.  Bênçãos e Maldições, Sangue, suor e saliva, sexo e morte nos portais ao Banquete de UM, é tudo que vos tenho ensinado... Por isso:

Nunca prometa o que não cumprir.
Nunca peça o que não pode suportar.
Nunca pergunte se não está pronto para ouvir a verdade do outro.
Nunca provoque se sua lança e espadas não estão afiadas.
A Honra deve ser preservada a qualquer preço, até mesmo com a própria vida.

Sob o selo do juramento.
Semel Lvnae Semper Lvnae
Vere Lvnae Sangvis Mevs.
 
 IIIº T.I, IIIº W.A, Iº. W.D., IIº T.G.
XXXº L.Q e IIVº C.B
S.s. C.C.S.

domingo, 14 de julho de 2013

OS PADRÕES NOSSOS DE CADA FASE

Primeira Conversa

Você me pergunta o porquê dos padrões se repetirem, mesmo quando conseguimos mudar algumas atitudes referentes a eles. Ora, aquilo que não é finalizado tende a retornar, o que não é finalizado está preso a nós e nós nos prendemos a eles. 

Se lembrar dos processos de criação de elementais artificiais que estudávamos nos tempos GREGIS FAMILIAE ORBIS LVNAE, claramente entenderá que apesar de parecer diferente a atitude que tomamos, ele em essência é o padrão, que apenas assume uma expressão visível diferente, mas permanece o mesmo.

Outra forma, de pelo menos de leve, ver a forma-diferente-essência do padrão é aquela que aprendemos a respeito dos ícones e signos da fé antiga em relação à fé dominante, ou seja, qual é a essência-padrão de Afrodite e Santo Antônio?

O que há em comum entre ambos? a princípio dentro da forma Oficial dos cultos a que pertenciam ou pertencem, nada a não ser dicotomias, porém, dentro da heresia da fé sem nome, por debaixo de ambos os ícones, ou por detrás do véu de Lilith, existe um padrão de união-amor-sexo-desejo. 

E ambas as formas, dentro do seu tempo e cultura respondiam ou respondem - na forma da moral ou da amoralidade - como meios de acesso a esses poderes ou padrões. Mas esses são padrões naturais não distorcidos.

Neste ponto, a forma externa, e até as palavras de suplicas ou cerimônias dirigidas ao ícone pode mudar, mas o objetivo ou padrão continua sendo o mesmo, de mesmo modo respondem os padrões não resolvidos ou não-naturais, eles se nos reapresenta sobre outras atitudes e formas, mas são os mesmos. 

O que acontece é que temos medo de romper o elo com o padrão, preferimos que eles assumam, como o Elemental que não reabsorvemos, outra forma e permaneça com sua essência a nos procurar, e se o renegamos, ele se volta, como os padrões contra a nós e tendem a repetir aquilo que se destinam em nossa vidas.

Por isso é preciso reconhecer a essência do padrão, na forma nova do problema, e absorver, aprender e mudar. Mudar é romper, mudar não é renovar. Observe, nossa psique quando ouve “renovar”, se remete a renovação de algo já pré-existente, como por exemplo remarcar algo, e quando fala em “mudar” sempre está a indicar largar algo, ir em outra direção, deixar para trás, desapegar. Renovar é apenas uma faxina. Que mais cedo ou mais tarde terá que ser refeita sempre, mudar é deixar para trás, e está intrínseca a resolução de um problema que incomoda. As pessoas tendem a renovar.


Mudar é destruir, Mudar é o “novo”, mudar a rota é sair do “limite” estabelecido, e por isso renovam e não mudam, pois sentem medo do novo, olham as sombras projetadas na parede da caverna e acham que a realidade é aquilo, pois temem sair da zona de proteção, ou melhor, fingem que é as sombras nas paredes são a realidade, pois estão confortáveis.

Outra coisa as pessoas tendem pular etapas, ou varremos para debaixo do tapete da mente subconsciente aquilo que incomoda, fugimos, buscamos alternativas, fazemos de tudo para não encarar aquilo que nos machuca, menos enfrentar e mudar. E assim é inevitável não repetimos padrões. 

Quantas vezes repetimos na essência as mesmas coisas de quando éramos crianças na nossa relação de amor ou amizade? 

Evidente que não com as mesmas bizarrices da tenra idade,- choros e ataques histéricos no supermercado da criança que quer aquele doce ou brinquedo, que só é detido mediante palmadas ou aquiescência do desejo - que continuam ativas, mas agora toma a forma de chantagens emocionais, que tende sempre ao mesmo objetivo: ter a posse ou controle de algo ou do outro. O Certo é romper, não há outra opção, não rompemos porque temos medo de crescer.

Romper não é abrir-se ao nada, mais ao novo, com todas as suas dores, alegrias e conseqüências, pois quando repetimos a vida nos força a mudar e a (re) enfrentar o padrão. 

Romper Padrões não naturais dói, e temos que fazer isso, mesmo que esse rompimento faça com que todos te julguem como certo ou errado!. 

O que é certo ou errado? 

Como posso lhe dizer irmã? Eu não sei dizer “o que é certo ou errado”, cada qual saberá e verá nossos atos, apenas pelos próprios olhos de seu mundo circunscrito de verdades, pois jamais nos colocamos na ótica do outro (que vive pelo problema), tudo é julgado por nós pelo que pensamos e nisso há um “padrão” de senso, e como o assunto é “mudar-romper” padrões, não sei até que ponto você estaria pronta para ultrapassar o limite do aquém estabelecido para o além desconhecido e nem tão pouco posso supor as conseqüências e angustias dessa travessia de romper. 

Cada qual deverá seguir a sua rota escolhida. A única certeza e padrão comum é a primeira morte, a segunda morte já não é certeza e nem padrão, é especulação para uns e realidade e possibilidade de deificação para outros. 


Segunda Conversa

Você pergunta, como saber se rompemos o padrão, ou se resolvemos o problema?

Eu sempre pergunto a meus irmãos e irmãs de tempos de antigos: a semente que brota é a mesma árvore renascida ou ela é apenas um padrão de arvore ou é outra arvore?Pense nisso, amplie o sentido para tudo, amor, sexo, dinheiro, trabalho, filhos, vida, amarguras, decepções. Será da mesma espécie-padrão, terá até o mesmo DNA, mais nunca será igual, poderá ter frutos doces ou amargos, poderá produzir ou ser estéril, poderá ser uma cama ou apenas um lápis, ou só mais uma árvore, depende de como e onde e como ele nasce e brota. Repare que estamos falando de algo palpável, tangível, algo que pode ser mensurado pelo olho comum, ou seja, esse padrão é algo que se repete a espécie dele, e é necessária a sua existência como espécie é um “padrão-natural”. Do mesmo modo existem padrões que são necessários a nossa sobrevivência e devem ser repetidos e aperfeiçoados e adequados à nossa realidade. 

Contradição com a primeira conversa? Não, complementação a ela. 

Há Padrões naturais, basta-nos lembrar dos instintos e pulsões vistos nossos estudos acerca da psicologia e psicanálise em nosso antigo Conventículo.

Os padrões relativos a problemas não resolvidos, ou não naturais, podem até, segundo os estudos que fizemos estarem ligados aos traumas reprimidos nas fases de desenvolvimento infantil, se assim o for, retornarão e deveram ser encarados, a partir da terra do pesadelo (Id), enfrentado o Guardião (super-ego) e até encontra-se diante do senhor da morte (ego), este processo descrito em linguagem simbólica-psicanalítica nos ritos internos se processavam de outra ordem ou forma, mais tinha como objetivo a auto-transformação e o reconhecimento do Daemon-Anjo-Jhinn, em cada um e a união com o Senhor da Morte (sobreviver a segunda morte). Reconhecendo a besta (instinto) e o anjo (razão), em nós, poderíamos libertar-nos e junto Portador retornar nossa raça ao Paraíso de onde fomos expulsos.

Terceira Conversa

Você pergunta por que meu caminho hoje é a Jurema Sagrada. 

Já expliquei isso várias vezes nos blogger e em diversos comentários dele, mas as pessoas não querem parar para pensar, as pessoas tendem a levar meus textos para o lado espiritualizado ou religioso e não são capazes, por exemplo, de interpretarem os símbolos de um poema como um fato que fala da vida em carne e osso, e, elas não conseguem ver além de suas próprias circunscrições de verdades.

Toda vez quando explico, tendem a dizer que eu não devia ter abandonado a Bruxaria Ibérica e me convertido ao Catimbó, pois poderia agregara conhecimento. 

Ai penso com os meus botões: ora se a Bruxaria de qualquer forma precisar agregar de forma não natural e espontânea conhecimentos secretos de outros credos-feiticeiros, existe algo errado nela. 

Não é possível (e já se vê hoje) que pessoas que só querem acumular conhecimento e obter a sabedoria de vários credos e tradições-feiticeiras para agregar a sua Bruxaria Européia só sabem criticar minha escolha de romper conscientemente com o padrão de Bruxaria Ibérica e Pagã para mudar para uma Bruxaria nascida em solo nacional desde 1532.

Quarta Conversa

Veris Lvnae Sangvis Mevs, Semel Lvnae Semper Lvnae

Eu nunca reaprendi ninguém que saiu da família para seguir o próprio caminho, se saiu é porque não poderia seguir na CCS, mas se sorveu o sangue, mesmo não estando no ambiente, estará ligado a família, portanto, mesmo recebendo críticas e injurias do tipo: “as pessoas estão te abandonando, seu grupo está acabando; eu sempre abri mão para cada um seguir para o novo, conventículo não é igreja, não é convento, a Bruxa ou Bruxa, passa seu conhecimento para frente e na primeira morte, retornar como Familiar do Conventículo e se torna seu Professor e Guia, sobrevive a segunda a morte, sendo o Homem de Preto ou Rainha do Sabá, no meu caso como um Encantado.

Quando todos seguiram o rumo, chegou à hora de eu seguir meu próprio destino e Eu mesmo no meu tempo rompi o padrão natural com a CSS e o Conventículo foi lançado às brumas e existe apenas depois do véu do limite, no reino da amoralidade, e, dentro do sangue que corre nas veias dos nascidos com a coifa de Nossa Senhora. 

Por quê? 

Hora irmã, Eu não sou sábio o bastante, para poder praticar o mesmo padrão-essência-natural em duas formas de expressões de credo enquanto em corpo de barro, pois não conseguiria servir a dois senhores. 

Optei por aquela que é meu sangue está ligado e a qual trago na alma o legado espiritual, ou seja, o Catimbó Jurema. 

Creio que você viu o padrão natural em essência nisso.

Temos que aprender a desapegar e seguir o rumo de encontro ao “novo”, a diferença entre os padrões é: se eles me levam ao sabor do vento ou se eu aprendo a controlar a maré e navegar rumo ao meu Destino. 

Aqui se pode ver o sentido da Mítica Deusa Lua, ou seja mudar sempre, aprender a controlar a maré, o fluxo e refluxo da vida, Isso tentei explicar naquele tempo, mais havia muita juventude e não teria como explicar naquele tempo isso como agora, éramos muito jovens estávamos fascinados com o lado oculto, e menos preocupados com vida. 

Lembra, eu sempre incentivei a buscarem estudarem e trabalhar, conquistar o amanhã e fazer seu futuro, serem doutores e gente de condição financeira equilibrada, mais a facilidade aparente da magia seduziu a maioria e no seu devido tempo essa facilidade foi decepcionante, pois ela não resolvia os problemas nem padrões, não havia pó de perlimpimpim.

Mas pensas que fiquei triste? Não fiquei, isso foi maravilhoso, poder aprender, poder saber que errou, poder ter a capacidade de mudar e nisso encontramos Deus em nós e aprendemos quem somos, de onde viemos e qual a nossa origem. 

A aprendemos com isso, como a Deusa Mítica, a controla as Marés que nos dá capacidade de romper e mudar constante. 

Quando enxergamos o divino como carne, agindo na carne, a Arte pode ser praticada em qualquer culto com entrega total a este culto novo em detrimento ao culto velho, e assim praticamos desapego. 

De inicio, como você, pensei não iria me adaptar a certos valores cristãos no novo caminho-culto, mas novamente veio a mente nesta hora: olha a nomenclatura ai de novo meu povo.

E quem somos nós para dizer que no cristianismo não há sagrado? 

Eles vivem na carne isso e nos seus ícones. Sou eu juiz do meu irmão?

Parei e pensei!!!!!!!!!!!!Olha novamente a religiosidade ferida e abandonada por mim tentando tomar seu antigo lugar em minha nova vida (o padrão comum anti-cristão do paganismo, reaparecendo sob a nova forma de crítica). Então veio do além e da alma a voz que dizia, pouco importa o credo e a moral que certas atos no novo tem, somos livres e indomados, e nisto está o desapego não preciso temer ou odiar, simplesmente amar o novo com tudo que ele se nos apresenta, pois é preciso apenas que veja o sagrado e com ele se conectar pelos atos e ritos do novo. 

Então não necessito da nomenclatura ou títulos de Bruxaria para vivê-la na carne dentro da fé do sangue de fogo, ela toma outro nome (Catimbó), outra forma (Caboclos e Mestres , outro modo de culto, onde me entrego, quebro os laços com a nomenclatura antiga comum e expressões visíveis e saúdo o novo, planto a nova semente que brota, se ela dará frutos não sei, sei que o caminho continua e cada lágrimas caída nele irmã são gotículas de chuva, são águas que regam a terra fértil do novo. Por isso não somos nós mesmos depois que seguir o novo, ninguém fica imune, ninguém fique indiferente.

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Extraído do conteúdo de conversas pelo bate-papo do Facebook entre Jair de Santana e N.N.L, nos dias 26 de junho à 05 de julho de 2013. Publicado com autorização dos participantes. A Reprodução do texto é permitida desde que indicada à fonte e aos autores, pois já temos vistos vários textos do blogger publicados em outros sites sem os devidos créditos.