O DIÁRIO DE AZAZEL - PÁGINA 345.
Bom dia querido Diário...
“..Espero que pelo menos você tenha tido uma noite boa, ledo engano eu
sei, você sofreu com ponta do pena a desfilar linhas e linhas em teu dorso..”
Eram mais ou menos 03h35 da
madrugada, como sempre, eu no não-sonho, sonhando
eu vou além do limite daquilo que é visto. Acabara de voltar de um dos
encontros noturnos da família - afinal nossa encruzilhada apesar de ter reflexo
na forma, localize-se além do limite visto, como era uma assembléia informal de
relatos, não vi a necessidade de levar comigo os meus Daemons, apressei-me em
abrir os portais da hipynogogia com uma breve invocação a Deusa Mãe de Todos e
com a chave feita de Arruda que uma
bruxa Síria me deu - levantei vôo, a
rota até o ponto central da cruz, já me era conhecido, pois me foi ensinada por
velhos espíritos do fosso de ossos cruzados...
Na volta quando desci no parapeito da janela gradeada do quarto, algo me assustou terrivelmente, havia alguma coisa ali próxima ao meu corpo.
Na volta quando desci no parapeito da janela gradeada do quarto, algo me assustou terrivelmente, havia alguma coisa ali próxima ao meu corpo.
Eu via nitidamente através
da luminosidade opaca cinza azulada de meu
quarto, aquela coisa informe, um bolo enorme de fumaça prata escurecida – não era
algo de carne e osso, disso eu tinha certeza
- o muro tem seis metros de altura e cerca elétrica,
câmara de vigilância, janelas e portas gradeadas, alarmes, porque tudo
isso? Temo os vivos e não os mortos - meus instintos se sobressaíram, meu
sangue ferveu e borbulhou como sopa do caldeirão de uma bruxa má – a Besta dentro de mim começou a dar
sinais de que ai atravessar o portal do éden e ignorar a espada flamejante do
anjo
.
– Aquela coisa
sem forma, como fumaça, tinha atrelada a si um enorme rabo de fumaça de prata que se
estendia para além do quarto e com algo que lembrava mãos de fumaça tentava inutilmente
tocar meu corpo, procurando me atingir...Sem pestanejar,
saltei sobre a coisa, ávido para cravar as garras e as presas em seu pescoço e beber-lhes o
sangue – atravessei a massa informe indo de encontro ao guarda-roupas,
batendo as costas violentamente em duas de suas portas, o eco do barulho retumbou por
cada canto da casa escura, a dor que sentia era forte, tirando-me o fôlego, não
entendia o que estava acontecendo...porque não atingir aquela coisa? porque ela não notava minha presença ali...
–
ouvia
os gritos desesperados vindo daquela coisa, e mesmo comendo uma terrível dor
nas costas devido ao choque com as portas do guarda-roupas - reconheci a voz, não era possível, não podia
ser.
Com dificuldade, levantei-me, meu anjo tomou o controle - prendendo novamente em correntes nas escuras terras do pesadelo o meu Daemon – cambaleando e ainda atordoado, fui me aproximando e pude ver, que aquela massa informe era você... e que ali dividia inconscientemente comigo a sensação do desespero. Percebi então que estavas sonhando lúcido e eu estava não-sonhando-acordado-dormindo.
Com dificuldade, levantei-me, meu anjo tomou o controle - prendendo novamente em correntes nas escuras terras do pesadelo o meu Daemon – cambaleando e ainda atordoado, fui me aproximando e pude ver, que aquela massa informe era você... e que ali dividia inconscientemente comigo a sensação do desespero. Percebi então que estavas sonhando lúcido e eu estava não-sonhando-acordado-dormindo.
Era preciso te trazer a
forma de não-sonho e assim dar forma aquilo que era informe - mas tu não sabes
a formula do arcano que leva ao não-sonho, jamais beijou o sapo ou lambeu a rã,
você nunca usou um chapéu de bruxa e jamais saltou entre os mundos, teu único
salto além da realidade foi sinteticamente e mesmo que fosse natural, a fumaça te levou apenas a ilusão e a sede e a
fome - Eu teria de
sonhar lúcido, para poder manter contato contigo..
- Calmamente – mas com
muitas dores – fui retornando ao meu inerte corpo jogado sobre o colchão - e sendo
obrigado a deixar de não-sonhar-feito-carne para sonhar Lúcido – em alguns
instantes as dores sumiram e pude levantar-me e olhar para a coisa e ali estava
você, não mais um bolo de fumaça prata escura – Tua face que em dias comuns apresenta um tom corado, agora estava
totalmente fantasmagórica, mas teus olhos, teus lindos e grandes olhos verdes, continuavam os mesmos, ainda me causava, mesmo ali no sonho lúcido, uma certa sensação de inquietude - Segurei aquelas mãos firmes. E disse: quer se acalmar?
- Tua resposta vinda de uma
voz embargada, acompanhada daquele olhar verde inquietante, respondeu: isso é um pesadelo?
- Sente-se – eu disse- ele
sentou-se, e foi se acalmando – eu continuei: Isso não é um pesadelo, isso é
sonho lúcido ou desdobramento, ou sair do corpo, me contra o que aconteceu, ele começou
dizendo: Eu estava em meu quarto, na minha casa, tinha acabara de me masturbar,
e estava relaxando, derrepente, eu tava
voando no meu quarto e vendo meu corpo, na cama... Fiquei com medo, comecei a
orar, mas não adiantou, entrei em desespero e só conseguia pensar em pedir ajuda
e ai lembrei de você e acabei aqui na tua casa, nem sei como, tentando te
chamar (...) enquanto ele ia descrevendo
o que havia ocorrido, minha mente maquiavélica me torturava:- Isso não era possível, aquilo não poderia
ter passado despercebido, nem mesmo pelos meus Pequenos Daemons Caninos - mesmo
eles em sua forma animal já conhecendo
aquele cheiro e recebido afagos daquelas mãos, não permitiriam que ninguém chegasse tão perto
de mim enquanto eu estivesse além do limite entre vida-sonho-morte...- (...) Era visível, mesmo com a estranha
luminosidade o desespero em casa frase concluída por ele (...) – mas os Daemons precisam ser severamente castigados - (...).
Passaram-se vários minutos,
finalmente, ele me disse – Cara to com sono, posso dormir aqui – é
lógico que ele não entendeu ou não quis entender o que estava acontecendo – claro que pode.
De supetão ele diz – se isso é um sonho deita comigo e (...). – a partir
daqui meu pequeno diário a classificação é para maiores de 18 anos... (...).
Levantei da cama as 06h30, com
dores fortes nas costas, tive de ir ao médico e o resultado, muitos analgésicos
e antiinflamatórios, duas costelas fraturadas.. Mas o melhor de tudo foi ler a
seguinte mensagem no WhatsApp:
“... pôw vey, sonhei com você ontem,
mas num lembro de como foi o sonho.... te cuida ai irmão, fui...”
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P.S: “... O Texto é uma ficção... ou melhor... Uma Fantasia...um desejo oculto de luxuria na forma de metáfora que revela a
similitude não vista entre a verdade e a mentira dentro de cada um no estreito caminho entre o cinismo e
a ingenuidade...