domingo, 25 de abril de 2021

CUIDAR DE MIM MESMO

 O DIÁRIO DE AZAZEL - PAGINAS 2053 A 2057

No dia 24.04.21, eu havia postado meu status do WhatsApp uma imagem  que se referia a maturidade e por volta das 10:32h, recebi o seguinte feedback:

Xxxxxxxxx: Fala irmão, quando a maturidade chega, já passou tempo pra caralho para aprender [com ela],.... Mas, já que ainda me resta um pouco [de tempo] agora a meta de vida se tornou essa aí: ... Cuidar de mim mesmo... Axé irmão

Antes de prosseguir com minhas divagações precisamos dizer que o texto não se aplica nem como verdade e nem como mentira, bem com, ele não é dirigido aos que sofrem de “transtornos de personalidades[1]”, dito isso, podemos continuar com a resposta que mandei ao meu querido irmão:

Confesso que a ultima parte da sua mensagem foi a que mais me chamou atenção: “Cuidar de mim mesmo” - isso porque no Clã Lvnae, sempre foi ensinado que:

“Só podemos dar aquilo que temos, por isso, devo sempre ter em mente que primeiro eu, segundo eu, terceiro eu, além disso, devo ser o melhor em tudo que faço, bem como, nunca devo me contentar com a mediocridade”.

Isso parece ensinamento de narcisismo puro, mas na verdade, tudo que era ensinado e mostrado no Clã Lvnae, estava sob o manto das “mentiras símeis aos fatos, ou seja, tudo que era ensinado nos degraus de ascensão conventicular era representado nas simbologias e nos atos das festividades, e cada um absorvia dentro do nível de seu aprendizado e compreensão. Hoje, no entanto, é possível ampliar este ensino pseudo narcisista, cujo sentido era:

“Só posso dar aquilo que tenho, só posso cuidar do outro, se cuido de mim”.  

E como podemos fazer isso?

A resposta mais obvia é:

“Não fazer ao outro aquilo que não queremos que outro faça a nós, também, o inverso dos papeis é intrínseco[2] nesse caso”.

Porém, a resposta da pergunta não é tão simplória assim e requer uma complementação para que sua extensão seja mais bem compreendida, e ela é a seguinte:  

“Meu amor e cuidado ao próximo reside de fato, na limitação do amor que tenho comigo mesmo e no limiar do mesmo cuidado que dou a mim mesmo”.

Em outras palavras, amamos ao outro com limitações, no limite do auto-amor e auto-cuidado. Esse cuidar do outro, quer seja como Sacerdotes, quer seja como Peregrino, será na mesma extensão e atenção, ou com a mesma desatenção e descuidado que dou a mim mesmo...

E esse limítrofe de amor ao próximo - reflexo do amor a si mesmo - que se ergueu, percorreu varias estágios e sofreu todo tipo de influencia -  dentre elas: o seio familiar, amigos, cultura e crenças etc..

Se não amo de fato a mim mesmo e se vivo em auto sabotagem, seja por que não gosto de algo em mim ou por transferir para o outro algo que é latente ao meu caráter, como posso cuidar do outro e demonstrar amor e empatia?

Sempre ouvimos que falta amor ao próximo, mas o amor ao próximo mais próximo que temos de exercitar e viver primeiro é: com e em nós mesmo.

Simplificando, meus atos comigo mesmo devem falar por mim, meu cuidado comigo mesmo é o cuidado que devo ter com outro.

Assim é preciso que entendamos que como quero que outros façam, devo praticar comigo mesmo, ou seja, falar a verdade, ser honesto, ter integridade, e isso, por conseguinte servirá de exemplo ao outro.

Esse cuidado consigo mesmo e com outro não é para ficar sob holofotes ou ser alardeados e sim, para ser vivido no silêncio. Quando assim procedermos - conosco e em nós antes - iremos perceber que “amar ao próximo” é uma faca de dois gumes - pois o limite do amor deve ser rompido além da moral dominante, e entendido como uma troca entre você e o sagrado que se manifesta em atitudes e ações consigo mesmo, ou seja, voltamos ao pseudo narcisismo ensinado entre no Clã Lvnae: só podemos dar de fato o que temos em nós, ou aquilo que seja nosso por direito e adquirido de forma honesta e honrada.

Repito ouvimos sempre que falta amor ao próximo no mundo, mas na verdade o que falta é romper as fronteiras que limitam o amar, só se amando e se cuidando sem mentiras, com honestidade, com boa postura, vivendo em harmonia com a natureza saberemos amar ao próximo como a nós mesmo.

Mas as pessoas, não buscam romper ou ultrapassar o limite do amar ao próximo, ninguém que sair da posição de conforte e nem mesmo querem amar no limite do ensinado em seus livros sagrados, é mais fácil culpar o outro, o demônio, ou a entidade ou deuses das religiões do outro, do que admitir que ama no limite de suas crenças e preconceitos internos e pessoais e que não aprendeu a amar nem a si e nem ao próximo.

Mas creio que há esperança para humanidade, haverá sempre os ciclos idas e vindas do além, para alinharmos nossa fagulha Luciferiana com a fonte de toda Luz da Gnose[3] e nesse sentido tenho sempre que reafirmar que amar ao próximo para um membro do Clã Lvnae significa sempre levar em consideração a sua regra de conduta:  

1. Nunca prometa o que não cumprir;

2. Nunca peça o que não pode suportar;

3. Nunca pergunte se não está pronto para ouvir a verdade do outro;

4. Fale sempre a verdade;

5. Nunca provoque se sua lança e espadas não estão afiadas;

6. A Honra deve ser preservada a qualquer preço, até mesmo com a própria vida;

7. Viva sob o selo do juramento: Semel Lvnae Semper Lvnae, Vere Lvnae Sangvis Mevs.

 

Eu rezarei para que você tenha:

1. Uma vida sem problemas;

2. Uma vida longa com saúde (e aqui há um segredo, que nos ensina como tratarmos o outro);

3. Uma vida com prosperidade e sucesso (nem sempre isso é buscar coisas materiais);

4. Que você viva muitos anos e conhece as suas muitas geração (de neto, bisnetos, tataranetos e etc....).

 

Faça sua vida ter sentido meu irmão, ou dê um sentido a sua vida no mundo.

 

Azazel Semjaza Qaiynn Lvnae.

*****************************************************

O texto nasceu como resposta a um status no WhatsApp, foi elaborado sob o sentido do anterior A PÁSCOA SOBRE A PESPECTIVA DO AMOR, (da autoria de Lvkian Saklas Lvnae) e da mesma forma que o seu irmão, ele não dita ou impõe verdades, e sim, mentiras símeis aos fatos, “e dizer mentiras símeis aos fatos é furtá-los à luz, encobri-los. As mentiras são símeis aos fatos enquanto só os tornam manifestos como manifestação do que os encobre " ele, revela assim, similitude que se oculta na verdade e na mentira no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade...



[1] Transtornos de personalidade geralmente são padrões generalizados e persistentes de perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional. Os transtornos de personalidade variam significativamente em suas manifestações, mas acredita-se que todos sejam causados por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Muitos tornam-se menos graves com a idade, mas certos traços podem persistir com alguma intensidade após os sintomas agudos que levaram ao diagnóstico de um transtorno diminuírem. O diagnóstico é clínico. O tratamento é feito com terapias psicossociais e, algumas vezes, terapia medicamentosa... Conforme o DSM-5 os 10 tipos de transtornos de personalidade são: Paranoide: desconfiança e suspeita, Esquizoide: desinteresse em outras pessoas, Esquizotípico: ideias e comportamentos excêntricos, Antissocial: irresponsabilidade social, desrespeito por outros, falsidade e manipulação dos outros para ganho pessoal; Bordeline: intolerância de estar sozinho e desregulação emocional, Histriônico: busca atenção, Narcisista: autoestima desregulada e frágil subjacente e grandiosidade aparente, Esquivo: evitar contato interpessoal por causa de sensibilidade à rejeição, Dependente: submissão e necessidade de ser cuidado e Obsessivo-compulsivo: perfeccionismo, rigidez, e obstinação.

[2] que faz parte de ou que constitui a essência, a natureza de algo; que é próprio de algo; inerente.

[3] Gnose ou Gnosis (do Γνωσις gnosis: 'conhecimento superior, 'conhecimento interno') é um estado mental específico, que permite o contato com outros planos não físicos, como o plano etérico e o plano astral (ou espiritual), que pode ser alcançado por métodos de transe, assim como meditação ou privação de sentidos, além de métodos de hiper-excitação, que pode ser utilizado para realizar reflexões filosóficas, ou rituais mágicos e religiosos. Salvação ou auto deificação pela iluminação da consciência.

.

domingo, 4 de abril de 2021

A PÁSCOA SOBRE A PESPECTIVA DO AMOR

 

“Só podemos amar alguém se primeiro nos amarmos! Só podemos nos unir a uma pessoa, se antes dominarmos nossos demônios interiores.... De que adianta um faz de contas, se no final estaremos nos auto-enganando! Só podemos dá aquilo que temos.... Nunca peça o que não pode suportar, não prometa aquilo que não pode cumprir! A honra deve ser preservada  a qualquer preço.... Sob o selo do juramento: “ Semel Lvnae Semper Lvnae, Vere Lvnae Sangvis Mevs.".... Não ha outra ponte que leva auto-deificação se não aquela que está no interior de cada ser humano!”

 

Em alusão a páscoa da cristandade, onde eles comemoram o “mito” do renascer ou ressurreição de Jesus, o Cristo, é seguro dizer que o cristão deveria acomodar em sim os mesmo, a ressurreição em suas ações,  a fim de buscar o conforto e bem estar para o outro, como manda o primeiro e o segundo mandamento da nova aliança (Mt: 22;37-39): 'Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento é Ame o seu próximo como a si mesmo. Isso seria de fato, o motor impulsionador para o cristãos, irem ao encontro do noivo ressurreto, para celebrar as bodas de integração e elevação aos mistérios divinais sob auspícios de amor e fraternidade.


Talvez, esta data oriunda do amalgama da páscoa judia instituída por Moises[1] e de festivais antigos indo europeus, metamorfoseados e adaptados à liturgia cristã atual, deveria ser vista como uma seta que direciona para que cada homem e mulher encontre seu Cristo interior, o seu Salvador e pratique os atos instituídos na Nova Aliança. E com isso se faça um banquete de fraternidade e amor ao próximo, prestando homenagens ao ressuscitado, não somente em liturgia, orações ou no comer peixe e tomar vinho, mas em ações concretas que alivie a cruz do outro. Se assim o fosse, tais fatos, forjariam e traria a existência as  promessas de esperança , renovação e resiliência para os dias que virão.


Mas ao invés de diariamente lembrar-se de enamorar com este tão amado noivo redivivo – símbolo de união, amor e fraternidade para eles – deixando que esse amor aflore e esquente sob a forja da alquimia do amor nupcial alquímico, o que vemos é o coelho e seus ovos de chocolates serem mais importantes do que o alimentar a quem tem fome ou evitar contaminar-se ou contaminar alguém com a vírus letal – onde foi parar o amor ao próximo? - , ou seja, a nova aliança pascoal perdeu, fora do ato litúrgico, o valor essencial de ressuscitar os atos de amor e união nupcial alquímico que revela o Cristo Cósmico nos atos fraternais.  


E assim, penso eu hoje, que entre máscaras e tradições, transcendendo ícones e formas, mitos e histórias, deveríamos – neste único ponto de convergência externa –  rememorar a cultivar o sagrado prático em nós mesmos, no intento de livrar-nos  de angústias, do não se sentir amado pelo outro – ao  não ama a si mesmo – e  da falta de companheirismo e de outros sintomas, que este tão amado noivo retornado nos sinaliza a reparar.

Isso deveria ser um culto diário, e este culto diário -  um namoro cotidiano - uma celebração de amor a si e ao próximo. Há, se fosse praticada, esse entrelaço de amor - a si e ao outro - ajudaria a cuidar desta união e fraternidade que faria bem a humanidade, pois " todos os cristãos seriam como apenas um só corpo e cristo a cabeça".

 

Lvkian Saklas Lvnae

*****************************************************

Texto de autoria de Lvkian Saklas Lvnae, e a meu ver inspirado pela chama lucífera que arde no sangue Lvnae.  No texto ele  diz mentiras símeis aos fatos, “e dizer mentiras símeis aos fatos é furtá-los à luz, encobri-los. As mentiras são símeis aos fatos enquanto só os tornam manifestos como manifestação do que os encobre " ele, revela assim, similitude que se oculta na verdade e na mentira no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade...



[1] O nome que a Bíblia Hebraica usa para denominar "páscoa" é pesah. Com a palavra pesah o texto bíblico quer significar duas coisas: o ritual ou celebração da primeira festa do antigo calendário bíblico (Ex 12.11,27,43,48); a vítima do sacrifício, isto é, o cordeiro pascal (Ex 12.21; Dt 16.2,5-6).

.

sábado, 3 de abril de 2021

CARTA ABERTA AOS QUEM OUSAM COLOCAR-SE CONTRA UM LVNAE.

Eu sou Phibivs Samech Lvnae, renascido do Inferno e refeito pelos mais sinceros votos de Amor a Sabedoria, suportei dores jamais expostas. Minhas lágrimas secaram e quando não havia mais sequer um fósforo para iluminar o meu caminho, caí num labirinto longe de todas as banalidades e fetiches.

Morri mais uma vez. E outra e outra e outra. E sei, morrerei ainda tantas outras vezes. Pois é pelo Sangue de meu Clã que Revivo os Mistérios da Alma onde tudo que me é dado chega com bençãos e maldições infinitas.

No centro, sou a Encruzilhada. Na Encruzilhada sou o observador atemporal fazendo arder no mundo à eterna chama Luciferiana. E sei, quem ousou atravessar meu caminho há de ter ainda penúria ou Paz. Pois nada é de graça. E se ousou tocar-me, pelo selo que carrego cedo ou tarde haverá de ser cobrado. Com bençãos, eu desejo Paz e espero que a sua alma suporte. 

🔱🖤

"Nunca prometa o que não cumprir. Nunca peça o que não pode suportar. Nunca pergunte se não está pronto para ouvir a verdade do outro. Nunca provoque se sua lança e espadas não estão afiadas. A Honra deve ser preservada a qualquer preço, até mesmo com a própria vida."

Sob o selo do juramento:

“ Semel Lvnae Semper Lvnae, Vere Lvnae Sangvis Mevs."

🖤🔱

*****************************************************

O texto é uma resposta de meu irmão Phibivs Samech Lvnae para alguém que ousou tocar no nome de nossa Família de forma pejorativa. O texto tem meu total e irrestrito apoio, pois Fibivs é meu irmão de outras vidas, o qual sempre vem me inspirado a nunca deixar morrer a chama lucífera que arde no sangue Lvnae.  

terça-feira, 16 de março de 2021

SEMJAZA & ASAEL

    O DIÁRIO DE AZAZEL - PAGINAS 2047 A 2053

Em todo o tempo ama o amigo; e na angústia nasce o irmão -   Provérbios 17: 17

Em todos tempos houveram amores proibidos, principalmente por diferenças sociais, raciais e econômicas, sempre, em toda parte do tempo da historia humana e animal, igualdade não foi mais que mera utopia. Nem mesmo, no Clã dos Corvos e no Clã dos Lobos, a hierarquia e os níveis, por mais sutis ou fluídicos que pudessem parecer, deixaram de existir.

Conheço meu lugar no bando e minha posição da alcatéia, sempre respeitei a disciplina Coventicular e no Aquerrale sei onde é meu lugar diante do Pai de Chifres. Nunca fui um sangue puro, não sou louco para apregoar uma inexistente avó-bruxa-monomastequitomizada. Posso até, por linhagem Ancestral, ser pedante chegar ao ponto de citar meus antepassados até Africanos escravizados trazidos no fétidos e maléficos navios negreiros para as terras de Pindorama, além disso, posso me dá ao luxo de juntar a lista Sacerdotes de Isese (Ifá) e Babalorisá, bem como, por árvore genealógica vários degredados pelo Santo Ofício pelo crime de heresia e feitiçaria, cujos descendentes são hoje rezadeiras e Catimbozeiros.

Mas jamais cairia na asneira de inventar um avó Sacerdotisa da Deusa, ou um avô Druida, pois bastaria uma lida em “Os Celtas” de T. G. Powell, “Uma Luz Sobre Avalon” de Maria Nazareth Alvim de Barros, “ Portugal: Terra de Mistérios” de Paulo Alexandre Loução, “ Náufragos Traficantes e Degredados” de Eduardo Bueno, e em “O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil Colonial” de Laura de Mello e Souza,  para toda a farsa vir por terra.

Portanto, essa historia  - de beijar beiço de jegue achando que é arroz doce -  de um tempo pagão feliz, Matriarcal, em que a Deusa saltava lindamente pelos campos e os invejosos patriarcais da cristandade vieram e destruíram este reino de encantos e somente um pequeno grupo seleto de escolhidos - e entre eles estava uma suposta avó sacerdotisa bruxa que lhe deu um livro das sombras (copia  mal feita do roubado de Gardner) não tem sentido nenhum para mim.

Lembro que na época do Circulo da Lua eu já era “persona non grata” entre a pseudo nata de Bruxaria dentro e fora da Bahia por não advogar a causa da Bruxaria Matriarcal focada na mulher e num feminismo distorcido e muito menos por aceitar a Arte como religião.

Alias, a firmo sem medo até hoje, nunca houve uma religião da Bruxaria, houveram sim grupos de heréticos que viam no “Pai Diabo” muito mais amor e compaixão que no “Pai Deus”. Não preciso explicar o conceito religioso da época e nem o papel cruel da Igreja, em especial contra as mulheres. Vejo Grupos na internet adorando deusas cujas sociedades era patriarcais, sem se darem o direito de estudar, não só mitologia, mas história, antropologia e sociologia a qual a deidade pertenceu. Certa feita, só para ilustrar, fui convidado a um festival de Hécate, erroneamente chamado de sabá, onde foi sacrificado, como se diz na Bahia, um “moi de coentro”. Imagine uma Deusa Titânica, cujo papel na sociedade em que estava inserida é de fácil percepção, não sou no sentido ctônico e infernal, mas também de controle social, aceitado coentro como sacrifício. Quando lembro disso imagino Nosso Senhor o Qaiynn rangendo os dentes de ódio. Mas em fim, se existem milhares esperando a volta de Cristo, porque não haveria milhares esperando a Deusa voltar e restituir o mundo de “Sininho” de alguns.

Deixemos as diretas para lá e seguimos nos fatos concretamente abstratos, que valem mais apena. Os Sangues Puros existem sim, mesmos entre os Lobos, há aqueles que carregam a ressurgência não só na prática do ethos e aethus herdados, mas também no próprio DNA e no sangue que correm em suas veias, sangue este capaz de preservar a juventude por décadas.

Antes de ir morar nas Terras do Marquês, eu vivia na Cidade de Todos os Santos, Deuses, Guias, Caboclos e Orixás, uma cidade que pulsa, em seu Centro Antigo, toda uma alquimia de credos e fés, feitiços e ebós, um lugar como nunca dantes houve e nem haverá, cidade mística, onde todo mundo é d’Oxum.

Derrepente uma voz surgiu atrás de mim e falou – Os Anciões querem lhe ver. – Era Adnadyel o mensageiro. Ele se referia aos pálidos, aqueles que por serem descendentes diretos de Semyaja, o líder dos Vigilantes, como são chamados os 200 anjos que abandonaram sua habitação original no céu e desceram à terra e se misturaram com as filhas dos homens, os autodenominados sangue puro.

Eu já os tinha encontrado e até tido contendas com eles, paguei meu preço. Ele  então antevendo  meus pensamentos disse: Dessa vez eles precisam de você, estão com um problema nas mãos e querem que você segure a galinha pulando nos peitos – e depois riu copiosamente.

Seguimos para Igreja e as portas da Igreja se abriram e entramos, eram um lugar sombrio, velas espectrais iluminava o lugar, almas atormentadas choravam e lamentavam em sofrimento, ainda esperando que UM viesse salvá-los, não entenderam que UM não era o que as religiões ensinavam, portanto sofriam e se lamuriavam – passamos por elas, e fomos até a nave, abaixo do altar uma passagem secreta nos levou a um salão em mármore azul, com diversas poltronas de marfim e cobertas de cetim, crânios enfeitavas os braços delas, a luz era bruxuleante.

Benvindo Azazel – me disse uma voz secamente que reconheci na hora, era Urakabarameel, por quem nutria um aversão sem igual, ele continuou: temos um pupilo, ele foi criado por pais de Barro, mas chegou a hora dele saber quem é, e, nós não  conseguimos fazê-lo entender que ele herdeiro da raça pura.

Em tom sarcástico respondi ao pálido Urakabarameel – Que tenho eu haver com o problema de vocês? Não vou  cuidar do filho de uma raça que despreza a minha, quem pariu e bateu que balance!

Urakabarameel levantou-se e vociferando disse: quem é você seu mestiço, sua besta filho de uma lobo para recusar um pedido do Conselho, sua raça ruim de sangue sujo, só ainda existe pela nossa benevolência.

Quem sou eu? – disse e continuei – Sou aquele mestiço que enfrentou Azazel face a face e o venceu e ele se viu obrigado a dar-me o próprio nome de herança, eu sou aquele que diferente de vocês covardes - que se esconderam da face de UM pelo oproprio causado a própria raça - mostrou a cara ao Sol. Seu orgulho de ser raça pura de nada vale, eu carregado o nome e a marca da raça dos Homens-Lobos por merecimento, eu não me escondi feito um rato, e quanto a destruir o barro que é meu corpo, o fogo habita em mim, saiba velho, que eu fui até UM, e eu escolho quando e onde nascer, eu escolho meu destino.

Urakabarameel gritou: Cale-se seu filho de uma besta.

Eu retruquei – Sou filho de uma besta-loba com Qaiynn, que preferiu uma Bruxa que as suas filhas, Qaiynn é meu pai  por herança de nascimento, não tenho alma de luz dele e reconheço isso, mas tenho alma de fogo, eu sou Azazel Qaiynn Semjaza, por sangue derramado, por pacto com Diabo, eu matei Abel em mim e me libertei da escravidão, eu ensinei os meus a serem livres e não temerem a morte e nem temerem a vocês que matam corpo e esquecem que o fogo se renova na existência e a luz ascende  e desaparece um UM, eu os ensinei a irem diante de UM e exigir o direito de ser quem são, então preste atenção velho eu não sou como os fantasmas da Igreja acima, sou herege por natureza. Jamais ouse me ameaçar outra vez.

Antes que Urakabarameel me respondesse, uma voz na penumbra do salão nos interrompeu: Semjaza, eu sou Asael e também carrego o sangue de Azazel, peço em meu nome e não em nome deles que aceite ser meu tutor.

Urakabarameel, com os olhos quase em sangue e espumando ódio como um cachorro com raiva o interrompeu – Esse arrogante se acha no direito de nos dizer não, irei extermina-lo dessa vida.

 Eu ri alto e e respondi: eu renascerei e o condenarei a me perseguir sempre, será seu castigo.

A Confusão estava formada, os velhos pálidos gritavam me ameaçavam, juravam que iria sorver cada gota de sangue em mim – e eu em tom de ironia dizia: sangue de lobo? Vocês farão como Qaiynn? Que misturou seu sangue as filhas da bruxas em forma de lobas no cio?

Asael, da penumbra em que estava, por fim os convenceu e a mim também que eu seria a melhor opção para treiná-lo, acertada as coisas. Saímos, Eu e Adnadyel, por onde entramos ao som dos choros e rangidos dos fantasmas da cristandade, seguidos por Asael, que vinha atrás ainda envolto em penumbras. Quando me encontrava na frente da Igreja Asael, disse nos veremos outra vez, me reconheça.

Passaram uns dias, e lá eu estava subindo e descendo as vielas onde meus antepassados escravizados era chicoteados até sangrar, mergulhado numa viagem de tempos outroras ali vividos, derrepente senti uma presença atrás de mim, virei-me de pronto, meus olhos castanhos cruzaram com dois olhos verdes, eu estremeci, ele era a imagem do Querubim Medieval, cabelos anelados, pele clara como o leite, recoberta de penugem douradas, seu corpo esguio, bem modelado, seu  rosto ainda com os sinais da puberdade, ele parecia ser esculpido em mármore puro e raro por Michelangelo, e os sinais da adolescência não fazia jus a todo o conhecimento que sua alma carregava. Na hora percebi que ele era da Linhagem pura, sua tez quase pálida, sua voz grossa, exarava toda a masculinidade que seduziu as filhas do barro vermelho na queda dos vigilantes.

Dono de uma beleza ímpar, ele talvez – ou não - não tivesse noção que se alimentava das almas e sangue dos que eram enfeitiçados quase que instantaneamente por sua beleza.  Ela me seguia já há tempos, parou e disse:  Se eu fosse um ladrão já tinha roubado.  Eu quase sucumbo de imediato a seus encantos, não que isso fosse à vontade  dele, pelo contrário, sentir que algo atormentava seu Espírito. Era o “Primeiro Amor”, sim o amor que seus antepassados sentiram pelas pobres filhas do Barro, que estavam condenados a uma vida de progressão lenta e dolorosa para chegar a perfeição de auto-deificação, aquele amor que levou os Guardiões a abdicarem de seus postos diante de UM e desceram à terra do pesadelo, para prepararem os mortais para possuírem almas imortais e serem Egos-deificados, aquele amor-primal, que os condenou a terra de Areruza, ao Deserto Escaldante, as mundos infernais – dentro do profundo da mente animal, para que, de dentro para fora, forjem o homem de fogo e luz.

Eu o amei instantaneamente, não com o amor de corpo, mas com, um amor que vai, além disso, minha alma, sentiu-se não seduzida, mas aconchegada, acolhida, protegida dentro do circulo do primeiro-amor. Ele também, me amou, mas do que ele próprio imaginária, as muitas vidas e almas que vivemos e tivemos falaram nele, por ele e para ele, e em mim, por mim e para mim, e por nós. Ele sorriu, foi como se um raio de luz, uma luminescência de ouro, iluminasse tudo ao redor, o tempo parou, e por segundos que pareciam séculos, eu ao amei outra vez, o amei, ao ponto de querer fundir-me a ele de corpo e alma e ser um com ele, a palavra amor naquele instante fazia todo sentido – troca -  a palavra desejo ultrapassava o limite do mensurável.

Com aquele sorriso, ele me fez mergulhar no amor-primal, num amor sem limite que se sente, além dos sentidos e da biologia, que se quer além da morfologia. Ele se revelou na sua similitude e disse coisas símeis aos fatos sem expressar um som. Mas, enquanto aquela epifania explodia, no meio de seu sorriso, ele disse, “Semjaza”, e o mundo voltou a ser o que era, a velha Praça do Mirante, diante de nós a beleza do mar da Baia de Todos Santos e atrás de nós a velha e quase abandonada pequena capela de Nossa Senhora dos Navegantes onde haviam encontrado os Anciões.

Eu perguntei quem é você?

Ele respondeu: Me reconheça....

*****************************************************

O texto é uma homenagem a Clóvis Júnior (Asael Semjaza Lvnae) meu amigo e irmão desta e de outras vidas, o qual sempre vem me inspirado a nunca deixar morrer a chama lucífera que arde no sangue Lvnae.  O  texto é uma ficção e como tal ele  diz mentiras símeis aos fatos, “e dizer mentiras símeis aos fatos é furtá-los à luz, encobri-los. As mentiras são símeis aos fatos enquanto só os tornam manifestos como manifestação do que os encobre " ele, revela assim, similitude que se oculta na verdade e na mentira no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade...