Por Daniel A.
Schulke.
A associação da
figura do Caim bíblico com as Artes Mágicas é conhecida a partir do contexto da
Bruxaria Italiana, Magia Romany[1]
e do folclore, bem como, das ordens esotéricas da Maçonaria. Dentro do contexto
de certas linhagens de Feitiçaria Britânicas, Caim tem proeminência oculta como
o Protetor Especial da Arte da Bruxa
e como a personificação do Exílio e
da Oposição Explícita dentro da Velha
Arte. Estas casas iniciáticas emergem principalmente da Tradição Sabbática
- corpo de ritos e conhecimentos mágicos do Culto-Bruxo, cujos conceitos foram escritos e codificados durante
as recentes perseguições da feitiçaria na era moderna e na era medieval,
especificamente as concernente as práticas mágicas e extáticas do Sagrado Sabá das Bruxas. Conceitos
como: o “beijo obsceno”, o vôo noturno, e a orgia ou congresso sexual com a forma do Diabo; bem como, uma parte
deste Mistério adotou a iconologia de várias religiões e tradições ocultas. Um
destas tradições que forma o repositório literário dos mitos de Caim é uma
arvore com três ramificações: Judaísmo esotérico, Cristianismo e Islã.
Esses mistérios do
primeiro filho de Eva, tecido em meio à continuidade histórica do ensino da
feitiçaria é chamado por seus proponentes modernos “Gnosis Cainita”. Na sua forma de realização rarefeita[2]
de Feitiçaria do Caminho Tortuoso –
o caminho trilhado de maldição e bênçãos, o poder de Caim surge das formas
míticas do Transgressor - contra – Deus;
o Primeiro Assassino, o Andarilho
Exilado, o Primeiro Domador de Cavalos, entre muitos outros. Todavia, antes
de considerar a importância de Caim nos mistérios sabbáticos, é útil examinar
sua congruência histórica com as artes da Bruxaria, bem como, com os arcanos
importados e associados para a arte da Bruxa,
A partir de uma perspectiva
histórica, Gnosis Cainita deve, em primeira instância, ser corretamente
definida como os antigos ensinamentos
dos cainitas, uma seita mágico-religiosa especulativa gnóstica,
descrito no segundo século E.C pelo Padre da Igreja Irineu em seu tratado de
heresiologia “Contra as Heresias”. Ali foram descritos uma série mistérios de
gnósticos[3]
ocultos e heterodoxos[4],
muitos dos quais tinham uma maior semelhança com a magia e a filosofia pagã do
que com o cristianismo. Embora a
informação sobrevivente seja fragmentária, de particular interesse para os
estudantes de bruxaria, é que, a seita cainita tem muitas características de um
culto ancestral. Alegação da descendência de Caim, Esaú, Coré e dos sodomitas,
em cuja hereditariedade é expresso um poder especial ou virtude, é semelhante
em muitos aspectos aos apelos maçônicas à antiguidade linear, ou, na linguagem
da Arte Antiga ao “Sangue-Bruxo”. Também faziam reverência a Judas Iscariotes, pois os cainitas usavam o Evangelho não-canônico
de Judas. Que continha o poder de iniciar além dos acontecimentos da
crucificação; Judas encarna o Mistério
da Traição, um Arcano essencial, mas subestimado no culto de Cristo.
A antiga seita
cainita, embora estudiosos tentem minimizar o seu lugar de maior alcance histórico
de Gnosis, é notável também por sua
soteriologia[5] do "Passando por todas as coisas" da ordem estabelecida para
receber a Salvação ou Iluminação. Esta visão antinomiana[6]
e transgressora de ordálias, como
uma arena especificamente espiritual, encontra ressonância filosófica na Tradição
Sabbática. O estado do iniciado como um Peregrino
Astral, ou Andarilho - do - Espírito,
passando pela experiência sem fim, para ganhar poder, é um código do Sabá das
Bruxas para o Ego - o estado de êxtase
elevado semelhante ao alquímico estado da
destilação[7],
onde todos os tipos de corpos carnais passam, para serem transmutados no mais
rarefeito dos Espíritos. Este fenômeno e manifestação potencial foi expresso de
várias formas no Corpus Sabbáticus; da Azoëtica “Milhões-de-Formas-de-ser” para o retrato artístico da bruxa em
êxtase como uma legião: uma infinidade de formas humanas e bestiais
enredadas necro-sexualizadas[8]
desvinculadas totalmente de obrigações morais[9],
sempre fecunda em seu abraço aos mortos e aos vivos. Como Andrew D. Chumbley
escreveu:
“...cada nuance do continuum mental que produz o
fruto da realização cumpre a linhagem de pensamento entre a Mente Primordial - O palácio-crânio de Caim – e a Mente
Presente...”
Como uma herança
do cristianismo, tanto ortodoxo quanto herético, é
provável que a entrada da figura de Caim em prática mágico esotérico seguiu da
rota das peças medievais do mistério cristão, que experimentou um alto grau de
desenvolvimento na Grã-Bretanha. O ciclo de Caim e
Abel, em que o Irmão mais velho mata o mais novo com a queixada de uma ovelha,
está freqüentemente presente, com narrativas expandindo-se sobre o caráter do
Primeiro Assassino. Em passagens um tanto frias e bem-humoradas, Caim amaldiçoa Deus em sua face, enquanto
no exílio, plenamente consciente da proteção que a marca lhe proporciona.
Tais representações, sendo extrapolações populares de material litúrgico, teria
sido parte do comum estoque de idéias que circulavam entre alguns praticantes
de magia popular.
As maiorias dos
ciclos de reprodução de mistério também apresentam a criação e a queda de Lúcifer,
uma figura também presente em algumas recensões[10] históricas
da Bruxaria Tradicional, ligada com
os conceitos associados à paternidade e hereditariedade mágica de Caim. Nas
tradições antigas do misticismo cristão, um texto extra-bíblico[11]
grego dá à Caim o nome curioso de “Diaphotos”
ou “Iluminado”;. Na “Vida Latina de
Adão e Eva”, Caim é descrito como “Lucidus” ou Brilhantemente Luminoso. Da mesma forma, no
livro armênio “Arrependimento de Adão”, os presságios, na forma de luz foram
notados no nascimento de Caim: ”Então,
quando ela deu à luz a criança , a cor do seu corpo tinha o brilho de estrelas".
A presença e a importância dessa luminosidade, muitas vezes debatida pelos
estudiosos e teólogos sem consideração mística, é entendida na Tradição
Sabbática como significando o "Sangue-Bruxo",
o legado mágico da hereditariedade de
Lúcifer, na tradição Européia
identificado com Samael. Marcando o
estado de Caim como um ser liminal[12],
esse brilho hiper-humano indica uma
anatomia formado em parte de fogo e em parte da carne, um corpo trans-angelico nascido da união da terra e do céu.
Bem conhecido para
estudantes de Bruxaria é o livro de Charles Godfrey Leland “Aradia: O Evangelho
das Bruxas” (1899), em que Caim, particularmente
em seu aspecto de Prisioneiro Lunar, situa-se no âmbito de pelo menos uma
tradição de Bruxaria Italiana. Mais interessante do que a sua presença no
Aradia, e, certamente,
mais relevantes para os elementos Cainitas de Bruxaria Tradicional, é uma série
de ensinamentos e magias diretamente relacionados com Caim no trabalho anterior
de Leland’s “Lendas de Florença”. Escrevendo em 1895, Leland’s relaciona um feitiço de amor
invocando Caim na Lua, juntamente com um caixão preparado contendo velas, sal,
um espelho, e um negativo fotográfico do objeto das afeições da Bruxa. Numa
parte dele lê-se a seguinte súplica:
Por Caim que carrega o bando
Após a sua volta
nos espinheiros,
Se levante da cama
meu amante
E suba do sono
E depressa venha a
minha casa.
O Caim!
O Caim! O Caim!
Três vezes eu
chamo a ti,
Chamo-o com a
minha voz mais alta
A
presença neste período de um negativo fotográfico, uma
tecnologia relativamente nova na hora de sua documentação do feitiço, pode ser
motivo de alguns rejeitá-lo como uma invenção moderna. No entanto, como um
iniciado da Antiga Arte, tenho observado um padrão histórico de Praticantes
fazendo uso do que é percebido como
sendo os elementos mais poderosos de magia, em determinado
momento, sejam eles antigos
ou modernos. Além de suas propriedades de “magia
simpática”, o uso do moderno negativo fotográfico, justaposto com elementos
que claramente pertencem a extratos mágicos mais antigos, é um dos melhores
argumentos para a natureza genuína e origem contemporânea do feitiço.
Aleister Crowley, cujo “Livro
de Thoth” recensão do Tarot, e que pode ser seu mais magicamente complete e
avançado tratado, esotericamente consigna o Atu
VI (Os Amantes) como Caim e Abel, e , alternativamente, ele nomeia a carta de “Os
Irmãos”. Neste ponto, o Mestre Therion
expõe o arcano
Cainita do assassinato ritual, e os harmônicos
mágicos implícitos - em lugar de oposição - das respectivas paixões de amor e
ódio. Na forma idealizada de Crowley da carta, uma serpente entrelaçada em Eva
presta atenção na mão direita de Caim, que segura o martelo assassino; Lilith
preside em cima da mão esquerda, que está aberta em sinal de inocência. A
justaposição destes emblemas encarna bem um Arcanum conhecido da iniciação da
Tradição Sabbática, especialmente aqueles que encarna a afirmação Thelêmica da
descoberta e da exação da Verdadeira
Vontade. Este mandamento
espiritual ressoa em muitos aspectos, com a admoestação do falecido Andrew D.
Chumbley de que os Feiticeiros devem "tornar-se
a mágica que eles praticam". Contextualizada de uma maneira diferente,
um novo fluxo nasce na confluência do Exílio e do Caminho que ele ou ela anda:
Assim é o
feiticeiro, onde quer que ele possa vagar, tornar-se um com o Caminho de Caim, a sabedoria do
caminho é declarada nova. Em primeiro lugar, pela posição do Exílio que é
distante e sozinho. Em segundo lugar, o caminho declarado, mas também
transgredido e os seus pontos de oscilação entre cura e maldição; aqui o caminho é bifurcado e tornar-se
tortuoso. Em terceiro lugar, a padronização tríplice do Exílio, Peregrinação, breve estadia na
ligação da ponte ponto-a-ponto-a-ponto na cristalização do conhecimento do
Caminho.
Na arena do ocultismo moderno, o Arcano Cainita da Feitiçaria é um conceito
determinante e contexto novo e original de Andrew D. Chumbley a partir de Azoëtia
(1992),
Qutub (1995) e One: The Grimoire of the Golden Toad (2000), e, através de seus vários
ensaios, inicialmente publicada de 1990 a 2004. Vertentes Cainita existentes
nos trabalhos de encantamentos e sabedoria com ervas, encontrada freqüentemente
em Bruxaria Tradicional, estavam presentes em meu próprio trabalho The Pleasure Garden - of Shadow. No
entanto, no contexto da Bruxaria Tradicional, os mistérios de Caim recebeu a
sua mais alta expressão exterior de Chumbley em “the Dragon-Book of Essex”, publicado privadamente em 1997-98.
Também chamado de “Draconian Grimoire”,
o trabalho é um vasto conjunto de práxis
alinhando elementos hipostáticos[14]
da Antiga Serpente da Sabedoria com
a essência corporal do praticante. Um dos objetivos do trabalho é a Assunção do Antigo Corpo de Luz, ou Carne de Caim, pelo qual o Feiticeiro é transfigurado como a própria
Serpente. Usando fórmulas de congresso estelar - telúrica, the Dragon-Book, emana um corpo
completo da Gnosis Feiticeira da
Tradição Sabbática, que tanto aprofundou e deu ensinamentos mágicos
tradicionais relativos a Caim como o
portador do Sangue-Serpente, e o Patrono da Magia em si. Embora o
trabalho tenha permanecido privado desde a sua escrita, uma série de trechos
significativos foram publicados por
Chumbley em preparação para seu lançamento. Estes incluem conjurações rituais
de certos espíritos do Cortejo Sabbático,
como o Ritual de Mahazhael-Deval publicado no The
Cauldron, que foram adotados
por outros grupos que aspiram à Arte da Bruxa desde aquela época.
Outro conceito Cainita originário das páginas do
Dragão-Book é o conceito do Acre de
Sangue, sendo este o nome que as Bruxas dão para o Campo Eterno de primeiro Assassinato, Primeiro Círculo Mágico lançado por Caim com o sangue de
seu irmão. Surgindo
diretamente da feitiçaria de Essex, sua
arena específica de envolvimento mágico inicial era através dos Ritos Draconianos. Embora este termo
tenha sido adulterado fora do Cultus Sabbati por alguns ocultistas populares, é
bom lembrar que não há ninguém usando fora da ordem que indiquei o conhecimento
da palavra do ponto de vista iniciático. Aqui, há uma profunda diferença entre
o sangue do homem profano e a Real
Semente, que cresce a partir de sua oferta de direita.
Os ensinamentos contidos e a Sabedoria-Bruxa decorrente do corpus Draconiano são referidos dentro da
Tradição Sabbática como o “Caminho
Tortuoso da Feitiçaria”. Este é o reino do Duplo–Ouroboros ou Duplo Círculo, decorrente
da Gnosis do opositor ou Oposição,
uma característica recorrente de Bruxaria. Os Mistérios do Duplo-Círculo ou Caminho
Tortuoso são utilmente definidos em oposição a Feitiçaria da Quintessência Mágica tratado em Azoëtia de Chumbley, que diz respeito ao Mysterium do Círculo Único, a ipseidade[15]
do Ego como resultante do Sabá das Bruxas.
No que se refere a Caim, o Caminho Tortuoso da Bruxa depende de uma fórmula mágica de Transmigração da Carne. O movimento do
homem profano (Abel) através do fogo
purificador da Transmutação (Caim) a
um estado purificado da gnose (Seth) é
um meio pelo qual se pode re-presentar
este processo. Neste esquema, vale
à pena notar que Abel e Seth ocupam lugares hipostáticos na jornada do
iniciado, com Caim sendo o ativo ou força dinâmica de progressão entre os dois.
Esta peregrinação mística de
trans-personificação, jogando sucessivamente momento a momento o caminho da
iniciação sabbática, é a verdadeira essência do Caminho Tortuoso. Mover-se de um estado de transgredir contra Deus ou a sociedade, para contra o Ego, para que
transgrida contra si mesmo, o estado místico de perpétua "Auto Realização”
catapulta o iniciado para além da esfera do mundano em confrontação com aquilo
que está além. Deve notar-se que,
no esquema de modo descrito, Caim é o Feiticeiro que mantém os profanos na mão
esquerda e o sagrado em sua mão direita, o Mestre
da Carruagem, que "serve com as
duas mãos iguais".
Este duplo ethos[16]
perene de maldição e bênção é encontrado entre muitos Praticantes Rurais Tradicionais
e muitas vezes está subjacente a um maior Corpus
de Magia Prática. Embora a maioria
não defina exteriormente sua arte como feitiçaria ou bruxaria, seus parâmetros funcionais são exatamente isso, aderindo aos tabus e restrições da prática, que
deve do ponto de vista
do ocultismo popular, ser considerado um
tanto “primitivo” e “elitista”. Para colocar o fenômeno em um contexto
mágico-religioso, muitas vezes tenho
observado que alguns dos cristãos mais sinceros que conheci são Praticantes
altamente qualificados de feitiçaria, enquanto muitos dos mais anti-Cristos em
pessoa professam o seu evangelho em voz
alta.
Uma característica marcante do Cultus Sabbático é
sua perpetuidade histórica como um culto atávico[17]. Esta é uma característica temporalmente definida
que incorpora o séquito ancestral de sua cadeia de sucessão iniciática, mas também, de modo mais geral, o reservatório
maior de existência pré-encarnada latente no corpo do Presente. Esta característica resulta de várias fontes
tradicionais, incluindo práticas
mágicas melhores descritas tecnicamente como necromancia, i.e, congresso mágico com os mortos e
desencarnados. Nestes ensinamentos Caim é reverenciado como o Ancestral Primal do Sangue-Sábio, o “Protosarkos”, ou a “Primeira carne” dos Iniciados.
A origem destes ensinamentos, muitas das quais
foram transmitidas oralmente, é obscura. No
entanto, o foco em uma hereditariedade mágica pode ter surgido em parte das
tradições do Oriente Próximo que passaram informações a magia Continental
Européia através de um número de vetores históricos, principalmente, judaica e misticismo cristão, e o
amálgama desses elementos, tomado em combinação com a magia egípcia encontrado
na Maçonaria. Por exemplo, no Judaísmo Esotérico, uma série de lendas atribui a
paternidade de Caim à Serpente Samael
com Eva. Em outras lendas, como as da Maçonaria,
Eva pré-existia
antes de Adão, e sexualmente conjugada com um dos Elohim[18] (Filhos de Deus), descritos
nessas fontes como “Primitivo genii".
Esta união produziu Caim, e irritou Adonai[19], que pôs em marcha a perpétua inimizade entre os Filhos do Fogo, gerado de Elohim, e os filhos do Barro Profano. Nestes ensinamentos, os descendentes de Caim
descobriram e aperfeiçoaram as ciências, e
a construir uma sociedade civilizada. Estes
incluem o bíblico Tubal-Caim[20], o antigo artífice em metais e nas Artes do forno.
Em outro texto publicado “Ritual da Tradição Sabbática”, Caim serve como o ponto-âncora de consciência
iniciática a encarnação[21]
de mantos[22]
sucessivos de atavismo ressurgente[23].
A ligação com as hordas atávicas e bestiais são,
em parte, uma
característica do chamado arcano de mudar á pele[24], aliado com o estado iluminado de consciência
iniciática em que o Corpo do Exílio é transfigurado como Nova Carne. Esta condição de transmutação é controlada e
recontextualizado de novo: separada inteiramente de, e sem referência a, sua
situação de pré-exílica anterior. No
folclore Midrashic[25], esse status é exemplificado quando Caim é confundido
com um animal do deserto, e é morto por Lamech
o caçador, seu descendente de
sexta geração. Em outras
tradições Midrashic, a assunção do
Corpo do Exílio se estende até o fisiológico:
A marca de Caim, ao vagar no deserto, assume a forma de
um chifre, ou chifres.
A Etimologia Moderna analisa a conexão do termo
Hebraico “Qayin” ou “qyn” significando “lança[26]”
com a antiga palavra do sul da Arábia “qyn”
significando “Ferreiro”
ou “Trabalhador de Metais”. A palavra relacionada “qanah” quer
dizer “criar ou adquirir“, refere-se também à raiz “qyn” que traduzido seria algo como “a forja”. Uma teoria
alternativa conecta a palavra “Qayin” com a hebraica “qn”
que significa 'inveja'. A
ressonância entre Caim e o poder da forja, é trazida à manifestação Carnal em Tubal-Caim,
o descendente de Caim e primeiro metalúrgico, mas que também compartilha
ligações com as histórias Enoch sobre o anjo caído Azazel, ocasionalmente retratado como o líder dos anjos rebeldes. Azazel ensinou as artes proibidas de forja armas de metal
e o uso de cosméticos para os seres humanos, uma união freqüentemente
ridicularizado por vários leitores casuais, mas que é bastante lógico, considerando que espadas e beleza feminina
são armamentos tradicionais de cada respectivo gênero. Aqui, as modalidades
de coerção e sedução, ambos os quais estão subjacentes[27]
a feitiçaria e a bruxaria, estão ligados ao arcano “Saturniano de Aquisição”, também uma força motriz de bruxaria e
tematicamente aliada “qanah”. Talvez não seja surpreendente que um número de
pessoas envolvidas na Antiga Arte tenha
sido os trabalhadores em metal e ou ligados a Arte do Ferreiro, incluindo Robert Cochrane, o falecido Magister do
Royal Windsor Cuveen[28].
Para a Antiga Arte,
talvez o mais
importante Arcano Cainita seja o do Exílio,
aquele maldito e proscrito, e ao mesmo tempo protegido de danos por uma marca
divina. O Bruxo-Sabio retransmite inúmeros ensinamentos iniciáticos
que são separados do comum, seja por razões de crime, heresia,
ou simplesmente por terem “A Marca”
maldita, e são os “Filhos da Terra
Vermelha, cheios da Chama Negra”. Isso
pode muito bem ter tido suas origens na perseguição legal e religiosa da
feitiçaria. Não
devemos esquecer que antes do cristianismo, nas sociedades pagãs, bem como ma
lei judaica, a feitiçaria e atividade cultuais consideradas perigosas ou
heréticas eram regularmente perseguidas. Mesmo em tempos mais recentes, quando linhagens da
Antiga Arte foram consolidando seus ensinamentos nos sistemas mais formalizados
existentes hoje, perseguição e
preconceito ou a memória vivo disto continua, provavelmente amoldado não só à relação de conhecimento Cainita para a Bruxa, mas a todos os tipos de protocolos iniciáticos, especialmente aqueles que lidam diretamente com a
sociedade vulgar dos não iniciados.
Há
exemplos específicos dessa relação exílica nas antigas escrituras, no “Livro de
Enoch”, Capitulo
22, versos 1-7, Enoch é tomada pelo Arcanjo Rafael para
"lugares vazios” nas montanhas, onde as almas dos mortos habitavam até o
Dia do Juízo. O Espírito gemendo
de um homem morto é contemplado, fazendo
uma súplica aos céus. Enoch interroga-se
sobre a natureza deste espírito e suas ações.
Rafael responde:
Este é o espírito
de Abel o qual foi morto por Caim seu irmão; o qual acusará aquele irmão, até
que sua semente seja destruída da face da terra; Até que sua semente desapareça da semente da raça
humana.
Aqui
encontramos uma referência que os descendentes de Caim não só são amaldiçoados, mas também há um antigo plano
espiritual de aniquilá-los. Esta
é uma variação interessante sobre o tema do espírito de Abel preso a terra, que
não encontra nenhum descanso, porém, o
mais importante a ser visto nisso, é um
exemplo da guerra perpétua contra a sabedoria e a semente de Caim. Historicamente, tais mandatos esotéricos não teriam
passado despercebidos aos mais letrados dos Praticantes Mágicos, nem aos
Clérigos Cristãos que buscavam controlar o destino deles.
No Círculo de Arte da Bruxa, este estado de Exílio é perpétuo. Nem é afetado, nem é
artificial como uma rebelião de moda, é
sim o paradoxo encarnado daqueles que
“Caminham pela Noite e pelo Dia" em completo anonimato por entre o
mundo do profano. Aqui, devo
salientar que a grande maioria dos presentes no Sabá das Bruxas nunca seriam
reconhecidos como praticantes da arte, pelos ocultistas ou por uma
"sociedade mundana” - eles passam em meio ao mundo dos homens totalmente
invisível. Como médicos, soldados, funcionários públicos, advogados, clérigos e
outros cidadãos "comuns", eles carregam a sabedoria do exílio perpétuo decorrentes de sua
alienação cíclica de e imersão dentro da Grande
Roda de Meia-Noite. Tal é a gnose
eterna dos que abraçaram o Reino Bruxo
de Qayin-Azhaka, a Glória Desolada
de Solidão, de se colocar
diante dos chifres no meio do bosque cerrado.
Daniel A. Shulke
- um
escritor e autor, artista, editor de livros, botânico, fitoterapeuta e
Praticante Mágico, que vive nos Estados Unidos. Ele é o atual Magister ou Grão-Mestre da the magical
order and traditional witchcraft sodality known as the Cultus Sabbati e seu átrio exterior a the Companie of
the Serpent Cross com
iniciados e companheiros com base na Grã-Bretanha e América do Norte.
Copyright © text and illustrations D.A. Schulke 2012.
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Versão feita por Jayhr Gael Lvnae a partir da fonte em Inglês:
http://www.the-cauldron.org.uk/Resources/Cainite%20Gnosisa.pdf
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[1] Romany, Romani:
cigana;
[2] Rarefeita: adjetivo esotérico: elite; muito refinado; de ou
relativo a um grupo selecionado; de alta qualidade de baixa densidade, de baixa
pressão;
[3] De Gnosticismo (do grego Γνωστικισμóς; transl.: (gnostikismós); de Γνωσις (gnosis): 'conhecimento', (gnostikos):
aquele que tem o conhecimento) é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que chegaram a
mimetizar-se com o cristianismo nos primeiros
séculos de nossa era (sendo ele muitas vezes referenciado como "A Alta
Teologia"), vindo a ser declarado como um pensamento herético após uma etapa em que conheceu prestígio entre os
intelectuais cristãos. De fato,
pode falar-se em um gnosticismo pagão e em um gnosticismo cristão, ainda que o
pensamento gnóstico mais significativo tenha sido alcançado como uma vertente heterodoxa do cristianismo
primitivo. O gnosticismo foi inicialmente definido no contexto
cristão embora alguns estudiosos
supõem que o gnosticismo se desenvolveu antes ou foram contemporâneos do
cristianismo, não há textos gnósticos até hoje descobertos que sejam anteriores
ao cristianismo. O estudo do gnosticismo e do cristianismo primitivo
da Alexandria receberam um forte impulso a partir da descoberta da Biblioteca de Nag
Hammadi, em 1945.
[4] De Heterodoxia (do grego heteródoxos, "de opinião diferente") inclui "quaisquer
opiniões ou doutrinas que discordem de uma posição oficial ou ortodoxa". Como adjetivo,heterodoxo é usado para descrever um assunto como
"caracterizado por desvio de padrões ou crenças aceites" (status quo)
[5] A soteriologia é o estudo da salvação humana. A
palavra é formada a partir de dois termos gregos σωτήριος [Soterios], que significa "salvação" e λόγος [logos], que significa "palavra", ou "princípio".
Cada religião oferece um tipo diferente de salvação e possui sua própria
soteriologia, algumas dão ênfase ao relacionamento do homem em unidade com
Deus, outras dão ênfase ao aprimoramento do conhecimento humano como forma de
se obter a salvação.
[6] De antinomia (ou
paradoxo) é a afirmação simultânea de duas proposições (teses, leis
etc.) contraditórias. De uma forma geral, antinomia designa um conflito entre duas idéias,
proposições, atitudes, etc.. Fala-se, por exemplo, de antinomia entre fé e razão, entre amor e dever,
entre moral e política. Num sentido mais restrito, antinomia designa um conflito entre duas leis. Muitas
vezes, usam-se as palavras paradoxo e antinomia como sinônimos ou então consideram-se
as antinomias
como uma classe especial de paradoxos: os resultantes de uma contradição entre
duas proposições, em que cada uma delas é racionalmente defensável. O termo antinomia é, por vezes, utilizado para designar
um conflito entre duas proposições, ou entre as conseqüências que delas advêm.
A antinomia de duas proposições difere da
contrariedade. Duas proposições podem ser contrárias sem que constituam uma antinomia,
no entanto, ela surge quando se pretende provar a validade de cada uma delas.
[7]O Autor usa o termo Al-Ambiq, nome árabe
original para alambique que significa simplesmente "o ainda". Pode
ser descrito como um aparelho que consiste em dois vasos, o vaso ou
cucurbitáceas e a cabeça continua com o tubo de aplicação. A etimologia de
alambique é a seguinte: a partir da palavra
do Frances médio “alambic” originado do antigo espanhol, colhida do
árabe “al-ambiq” que significa "balão de destilação"; do grego. Ambix
"copo" ou "pequeno vaso". Na verdade alambique referiu-se à
cabeça do vaso, mas mais tarde passou a se referir à caldeira e a cabeça.
Muitos termos usados em relação a arte da destilação são de fato de origem árabe. Por
exemplo, os árabes são considerados os pioneiros no estudo da química ou
"al-Kimiya" e destilado "al-kuhul" ou "al-ghawl",
que significa espírito ou demônio, para fins nobres e talvez não tão nobres. Esta
relação difícil com bebidas alcoólicas no mundo árabe pode ser refletido pelas
palavras irreverentes do califa árabe Al-Walid Ibn Yazid, que escreveu: “Dê a
beber vinho ... pois eu sei que não há o fogo do inferno”.
[9] O Autor usa o termo
abandon [a·ban·don || ə'bændən], desvinculações total das obrigações morais;
impulsividade, devassidão, desinibição,liberdade sem limites;abandonar; largar;
desprezar;
[10] Apreciar, examinar. Apreciação crítica
de uma obra literária ou de um texto; confronto
de um texto com o original, para assegurar-lhe a autenticidade. Ou Resenha que
se refere a apenas uma edição entre várias de determinada obra. Por exemplo, se
uma obra tem várias edições e você faz um resumo crítico de apenas uma das
várias edições da obra, você está fazendo uma recensão;
[11] Provavelmente refere-se ao “Apocalipse de Moisés”
(Vida Grega de Adão e Eva), que narra fato avesso ao do texto de Gênesis 2-3.
[13] Versão
Livre por Jayhr Gael Lvnae.
[14] De: hipostáticos: Teologia.
Que forma uma só pessoa: união hipostática do Verbo com a natureza humana.
[15] ip.sei.da.de feminino (filosofia)
no pensamento de Duns Scotus (c1265-1308), o caráter particular, individual, único de um ente, que o distingue
de todos os outros; O que faz com que um ser seja ele próprio e não outro; Ser
você mesmo. Não tente ser o que você não é.
[16]Ethos, na Sociologia, é uma
espécie de síntese dos costumes de um povo.1 O termo indica, de
maneira geral, os traços característicos de um grupo, do ponto de vista social ecultural, que o diferencia de outros. Seria assim, um valor de identidade social. Ethos que
significa o modo de ser, o caráter. Isso indica o comportamento do homem dando
origem a palavra ética. A palavra ethos tem origem grega e significa valores, ética, hábitos e harmonia. É o "conjunto de hábitos e
ações que visam o bem comum de determinada comunidade". Ainda
mais especificamente, a palavra ethos significava para os gregos antigos a
morada do homem, isto é, a natureza. Uma vez
processada mediante a atividade humana sob a forma de cultura, faz com que a
regularidade própria aos fenômenos naturais seja transposta para a dimensão dos
costumes de uma determinada sociedade. Em lugar da
ordenação observável no ciclo natural das coisas (as marés ou as fases da Lua,
por exemplo), a cultura promove a sua própria ordenação ao estabelecer normas e
regras de conduta que devem ser observadas por cada um de seus membros. Sendo
assim, os gregos compreendiam que o homem habita o ethos enquanto a expressão
normativa da sua própria natureza. Embora constitua uma criação humana, tal
expressão normativa pode ser simplesmente observada, como no caso das ações por
hábito, ou refletida a partir de um distanciamento consciente. Nesse caso,
adentramos o terreno da ética enquanto discurso racional sobre o ethos.
[17]Atávico: Que se transmite, hereditário, tradição, herança
ancestral. Características de ancestrais que desapareceram em gerações imediatamente
anteriores e voltaram a reaparecer nos descendentes.
[18]Eloim ou Elohim (do hebraico אֱלוֹהִים , אלהים,
pronunciado elohim) é a
palavra utilizada na torá para designar as deidades da religiões levantinas das
quais o judaísmo, o islã e o cristianismo são alguns representantes. As origens da palavra Elohim são geralmente ligadas ao termo hebraico אל, cuja etimologia e
significados originais são disputados. É um termo polissêmico, distinguido pela
sua concordância. Quando aplicado ao deus monoteísta das religiões abraâmicas,
sua concordância verbal e nominal é singular. Quando referido às deidades (por
exemplo, Gen 35:2; Ex 18:11, Jó 1:6; Sal 8:5) ou magistrados (Ex 21:6; 1 Sam
2:25), Elohim é plural em si e em sua concordância.A palavra אל era utilizada para designar ordinariamente as diversas
divindades cananitas (comparar com o
assírio Ilu), e deu origem
a outro termo:אלוה. Com o significado de o
elevado, ocorre somente em um período tardio na poesia e prosa judaica (em Jó, 41 vezes).
[19]Adonai (em hebraico:אֲדֹנָי, "meu
Senhor", ou "meus Senhores", como discutido adiante) é o título
de superioridade utilizado para Deus na Bíblia Hebraica (ou Velho Testamento, segundo a terminologia cristã). Nenhum outro título aplicado a Deus é
mais definitivo do que este. Etimologicamente
é o plural de Adoní ("meu senhor"), pela combinação de seu plural adoním e do sufixo do pronome possessivo,
primeira pessoa do singular, resultando na forma Adonai. Este plural foi
sujeitado às várias explanações. Pode ser olhado como um abstractum do plural, e porque ele indicaria a
grandeza e o ponto divino de Deus, como o Senhor dos Senhores. Esta explanação
tem o endosso dos gramáticos hebreus, que distinguem um virium do plural, ou do virtutum. Outros preferem
designar este termo como o excellentiæ do plural, os magnitudinis, ou os majestatis do plural. Olhar para ele como um
termo de polidez tal como o Sie alemão para o du. O pronome possessivo não
tem não mais significado nesta palavra do que tem em Rabbi (meu mestre), em Monsieur, ou em Madonna. Adonai é também o
substituto perpétuo para o Tetragrama YHWH, Desta forma, sempre da ocorrência do Tetragrama YHWH no texto bíblico,
ler-se-á Adonai.
Contudo, isso tradicionalmente só se aplica no contexto da reza ou leitura
pública do texto. Quando fora destes contextos, porém, costuma-se substituir
YHWH pelo termo hebraico HaShem, que significa "O Nome".
[20]Tubalcaim é um personagem bíblica do Antigo Testamento, mencionado no livro de Gênesis como um filhos do
perversoLameque e de Zilá, fazendo parte da descendência de Caim. Foi irmão de Naamá, Jubal e Jabal. Segundo a
Bíblia, Tubalcaim teria sido o primeiro homem a fazer uso do cobre e do ferro nas construções da
humanidade: E Zilá também teve a Tubalcaim, mestre de toda obra de cobre e
de ferro; (Gênesis 4:22);
[21]O Autor usa a a palavra enfleshment =
Literalmente cobrir com carne, encarnar; em sentido teológico “se fez carne ou
foi concebido sem intervenção humana (esperma)”.
[22]O Autor usa mantles
= n. manto, capote, sobretudo; coberta, capa; túnica,
proteção exterior;. cobrir, esconder; ruborizar; espumar;
[23] ressurgimento atávico: Com relação aos seres humanos, atavismo pode ser
definido como o aparecimento de características próprias de um ou mais
ancestrais distantes. O termo se aplica, quase sempre, ao surgimento de algum
fenômeno doentio, mórbido ou assustador. Num sentido mais amplo, a palavra
atavismo é usada pelos ocultistas para designar o aparecimento de caracteres
vindos de muito longe e que constituem reencarnações ou corporificações
recentes de consciências pre humanas; ou então de fatos, cuja origem remonta a
um passado em que as criaturas eram metade humanas a metade animais. Atavismos
deste tipo são bastante raros e quase nunca aparecem espontaneamente. Para
compreender este fenômeno indicamos a leitura do texto encontrado em: http://www.imagick.org.br/zbolemail/Bo08x08/BE08x011.html .
[25]O autor usa a a palavra Midrashic: ( judaísmo ) Relativo a um Midrash ou Midrashim; O Midrash é
uma maneira de interpretar histórias bíblicas que vai além de simples
destilação de ensinamento religioso, legal ou moral. Ele preenche muitas
lacunas deixadas na narrativa bíblica sobre eventos e personalidades que são
apenas insinuados; Foi uma forma narrativa criada por volta do século I a.e.c
em Israel pelo povo judeu.
Esta forma narrativa desenvolveu-se através datradição oral (ver Talmud) até ter a sua primeira
compilação apenas por volta do ano 500 e.c.
no livro Midrash Rabbah. Segundo a tradição oral judaica Deus teria revelado a Moisés não
somente as leis de seu povo Torá mas
também uma série de conhecimentos complementares que deveriam ser passados de
pai para filho, o que eles chamavam de Torá Oral. A figura utilizada para esta descrição é que Deus teria
escrito a Torá em fogo negro sobre o fogo branco. Enquanto as letras são
precisas e escritas no fogo negro, formando a Torá, o "papel" usado
para esse escrito, o fogo branco, era a tradição oral. A palavra Midrash vem da
junção de duas palavras hebraicas "Mi" que significa "quem"
e "Darash" que significa "pergunta". O plural de midrash
não é midrashes e sim midrashimsegundo a língua hebraica.
[26]O autor usa a palavra spear: n. lança, azagaia; arpão; v. lancear; furar com a
lança; afiar, cravar com o arpão; atravessar com rapidez, passar rapidamente.
[27] subjacentes : Que está debaixo de outro OU Que não se manifesta
claramente; Que não se manifesta, mas está oculto ou subtendido.
[28] Clã de
Tubal-Caim.