sábado, 28 de dezembro de 2024

 A QUEDA - PARTE III


Explicações necessárias à Parte I e II


Todo texto que brota aqui são “mentiras símeis aos fatos”, ou seja, eles escondem acontecimentos reais, acobertando-os sob a máscara do eufemismo[1], ao fazê-lo, se revela como uma história (ou seria estória) metonímica[2]. Pois substitui sem pudor, como a amada que se desvela no quarto ao seu amado, as coisas como são, nua e crua - em sua dureza, dores, lágrimas, recheadas de ansiedade, depressão e tristeza - pelas similitudes de uma leveza textual degustável aos olhos do leitor.

Raros são aqueles que veem além das “mentiras símeis aos fatosnaquilo que escrevo, como, por exemplo, meu irmão Sirius Lupino, que percebeu que o texto VIA LACTÉA[3], descreve tão somente uma relação sexual. Portanto, assim como as Musas[4] da Teogonia[5] de Hesíodo[6] :"Sabemos muitas mentiras dizer símeis aos fatos e sabemos, se queremos, dar a ouvir revelações.

O que significa dar a ouvir ou  ler revelações, ou melhor, qual a necessidade de explicações à Parte I e II? 

A resposta é que, quando veio a inspiração para escrever  “A QUEDA PARTE I e II [7]”, e depois publicados, recebemos diversas mensagens sobre o significado deles, as quais vinham com palavras solidariedade e compaixão. Quem as mandou não se atentou que se tratava de ordálios pessoais do autor ou do próprio leitor[8], de um aprendizado que se leva para a vida toda, que é: o de saber quem se é” e “ o da necessidade de impor limites”, bem como, o de aprender com erros”.

Quem é o Demiurgo e qual o seu sentido no texto da PARTE I?

O Demiurgo é UM,  o fragmento do texto diz:

“Um adiantou-se e rompeu a singularidade, em um tempo tão curto que não pode ser mensurado pela mente humana. As realidades contidas entre o existir e o não existir foram rompidas e expandiram. E este, entre muitos outros universos, surgiu...Esta manobra de UM, ocultou a não existência, isolando o Não-Existente, afastando-o da matéria existencial e dos múltiplos universos. Em consequência, UM replicou a si mesmo, como vírus, para estar em cada um deles, como Criador único.”

Aqui está um ponto-chave, quando UM expande-se, a similitude ou “mentiras símeis aos fatos”, desvenda que os seres humanos são capazes de tudo pelo que chama amor, capaz de diminuir-se para caber e ser, no universo alheio, criando um mundo de fantasias na própria mente.

Aqui UM, sendo o autor ou leitor, perdeu-se, caiu na armadilha da manipulação e, como já dito, fez de tudo – aqui está o sentido da multiplicação de UM – para ser aceito, tornou-se dependente emocional, vítima perfeita de qualquer pessoa tóxica e a fonte de suplemento narcisista do outro. Portanto, a similitude é de deixar de ser quem se é”, para se tornar “marionete”, num jogo perigoso que leva a quadros de ansiedade, depressão, perda do autoamor ou amor-próprio e revela a total dependência afetiva de UM em busca de validação.

Inevitavelmente, a QUEDA PARTE II deve ser encarada não de um ponto de vista, mas da vista de um ponto, ou seja, do papel que temos na vida UM, como amigos - se é que fomos amigos - e não parte da queda que o precipitou ao buraco. Deveríamos perceber que UM caia em parafuso, num fosso sem fundo.

Então, “a vista do ponto é”: Qual o seu papel antes, durante e depois da queda de UM. O que fez, o que disse, além de expressar via WhatsApp condolências, sentir pena, achar que era vitimismo, ou um texto apenas ficcional?

Condolências sim! Por que não? Se UM caiu, quem ele era morreu, esfacelou-se, fragmentou-se a tal ponto que já não se pode juntar. Já não pode mais ser quem era. Precisará se levantar, se reinventar, se reconstruir, não há como juntar os pedaços, pois cada pedaço estará recheado de lembranças, de cheiros e momentos. Portanto, UM precisará moer-se até que seja pó novamente, ou seja, sofrer, chorar, temer, encarar a realidade, até que o vento de uma nova oportunidade sopre o pó para longe, para um lugar fértil onde possa servir de adubo ao renascimento, ao novo despertar, a uma nova realidade, onde sozinho, recomeçará a viver outra vez e a voltar a ser quem se é.

A pergunta na parte dois é: Enquanto UM cavava mais e mais para baixo no fundo do poço, o que você fez, onde estava? 

Então, a Parte II é sobre o seu papel na queda de UM. A sua posição, a sua disposição de estender a mão. A menos que você tenha sido o motivo da queda, do perder-se de UM de si mesmo, ou lhe tenha faltado percepção e conexão fraternal, ou seja, jamais foi amigo de UM e sim alguém que se aproximou por interesses escusos, nessa QUEDA "do ponto de vista" de UM você foi um grande filho da puta. Portanto, a parte dois é um espelho onde cada um pode ver seu próprio reflexo na vida de UM e UM lhe olhar de volta através do espelho.

Por Jayhr

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O texto são mentiras símeis aos fatos, “e dizer mentiras símeis aos fatos é furtá-los à luz, encobri-los. As mentiras são símeis aos fatos enquanto só os tornam manifestos como manifestação do que os encobre " ele, revela assim, similitude que se oculta na verdade e na mentira no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade... UM pode ser o autor, o leitor ou um conhecido.


[1]eufemismo é a figura de linguagem usada para tornar um enunciado mais brando ou agradável e menos agressivo. É bastante utilizado em contextos que exigem moderação ou para falar de conteúdos fortes e polêmicos por meio de termos mais suaves e menos provocantes..

[2]“metonímia” tem origem no grego e significa “além do nome”, em outras palavras, é uma figura de linguagem ou de palavra caracterizada pela substituição de um termo por outro, havendo entre eles algum tipo de ligação. Desse modo, pode haver a substituição de parte pelo todo, qualidade pela espécie, singular pelo plural, matéria pelo objeto, indivíduo pela classe, autor pela obra, possuidor pelo possuído, lugar pelo produto, efeito pela causa, continente pelo conteúdo, instrumento pelo agente, coisa pela sua representação, inventor pelo invento e concreto pelo abstrato.

[3] https://azazelsemjaza.blogspot.com/2024/06/via-lactea-o-diario-de-azazel-paginas.html

[4]As Musas são personagens da Teogonia escrito por Hesíodo. O Poeta descreve que às Musas deram a ele um conhecimento sobrenatural capaz de conhecer as coisas presentes, passadas e futuras e ensinaram-no a cantar, para que ele cantando, celebrasse os deuses imortais, as façanhas dos homens antigos e também a elas próprias no começo e no fim das canções.

[5]A Teogonia nos conta como o mundo surgiu a partir dos primeiros deuses, seus amores e suas lutas.  De certa forma, a Teogonia é o mais antigo tratado de mitologia grega que chegou até nós, descreve a criação do mundo e a seguir relaciona, cronologicamente, cada uma das gerações divinas.

[6]Hesíodo foi um dos maiores poetas gregos da Idade Arcaica. Viveu aproximadamente no ano 800 a.C. na Beócia, no centro da Grécia. Suas obras conhecidas são: Teogonia, Trabalhos e Dias e O Escudo de Hércules.

[7]https://azazelsemjaza.blogspot.com/2024/11/ e https://azazelsemjaza.blogspot.com/2024/12/

[8]Os ordálios são práticas antigas utilizadas para determinar a culpa ou inocência de um indivíduo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

                                                 A QUEDA - PARTE II


"O segredo não é ver o que ninguém viu mas sim enxergar de forma diferente o que todo mundo vê "  Arthur Schopenhauer.

 

Em todos estes anos de práticas de feitiçaria, jamais um caminho foi tão cheio de ordálias quanto a Quimbanda. Mas, antes de começar, peço aos quimbandeiros, que não vejam estas linhas como ensino, doutrina ou orientação, ou seja, não irei aqui discorrer sobre fundamentos e práticas de Quimbanda, para isso já existem para além de centenas de cursos – alguns ruins, outros mais ou menos e um ou outro raros e bons – nem tão pouco falaremos de literatura sobre este caminho, até porque, a meu ver, as melhores obras sobre Quimbanda até a presente data são os livros do Danilo Coppini [1], que valem cada centavo pago sem choro. Mas, todavia, peço que vejam estas linhas sob e sobre a ótica da perspectiva de vivência pessoal de quem escreve.

Quando conheci o caminho do culto ancestral, o caminho de veneração e pacto com os mortos poderosos – Exus e Pombagiras – não foi como cliente, e sim, como iniciante na prática, confesso que fiquei deslumbrado, encantado, cheio de sonhos. Imaginava que meus ancestrais abririam todas as portas e caminhos de realização.

Eu já vinha de uma linha de Bruxaria e filosofia Luciferiana[2] cujo objetivo primal é o da mão esquerda e o da autodeificação[3], tendo Caim (ou Qaiynn) que, ao passar por toda narrativa descrita no livro “The Book Of Cain” de Michael W. Ford[4] é o exemplo e patrono da autotransformação. E na minha opinião e somente nela, a Quimbanda é um sistema Antinômico[5] pois se opõe ferozmente ao sistema estabelecido da cristandade como sendo bom e perfeito para a humanidade. Neste sistema estabelecido pelo Demiurgo[6]” é excluída a liberdade do ser humano de pensar por si só, de se ver como ele é de verdade, porém, dando-lhes em substituição “a liberdade” um falso conceito de livre arbítrio baseado na dicotomia deus x diabo, ou seja, aquilo que o sistema demiurgo diz ser bom é de Deus e o que ele afirma ser mal é do Diabo.

Voltando ao cerne, realizei os atos, alimentei meus antepassados, vi resultados acontecendo na vida dos outros pela minha intercessão junto aos mortos poderosos. Houve avisos de perigo e a vida de alguém foi salva, pedidos de emprego e amores foram realizados para outros. E, depois de acontecerem, jamais voltaram para agradecer ou para trazer um mísero cigarro como forma de gratidão.

Enquanto isso acontecia e acontece para os outros, em relação a mim, tudo de bom esvaiu-se de minha vida como água escorrendo entre os dedos: emprego, dinheiro, amores, amizades, ia sumindo e todos se afastando. Jamais imaginaria que todo o meu entusiasmo, diferente dos ditos clientes cujos pedidos são realizados rapidamente, se exauriria rapidamente por causa das ordálias[7]. Como diz o ditado popular, "Quanto maior a altura, maior a queda" e queira meu leitor traduzir a palavra altura no texto por entusiasmo.

O que eu sei é que cai literalmente no fundo do poço, sem amigos, sem amores, sem casa própria – pagando aluguel caríssimo - recebendo metade do que ganhava. Entrei numa crise existencial, nada mais fazendo sentido, pensei em largar tudo, sumir no mundo, despachar assentamentos e viver agnosticamente[8], assumir meu destino de solidão.

Fiquei sozinho, desolado. Mas não deixei de alimentar meus Exus e Pombagiras, com fluido vital, carnes, frutas, padês e toda espécie de alimentos, agrados, preces e oferendas. Pedia uma direção, uma orientação aos meus Guardiões e Ancestrais e nada, clamava por caminhos abertos - não importava se desse um bonde ou um frango, um bife acebolado, ou um gym - nada fluía, a resposta era sempre nada, conjuntamente, com a estagnação e as perdas. Via-me cada vez mais cair do alto das minhas crenças para o fundo do poço.

Às vezes batia e ainda bate o desespero, a solidão, o arrependimento. Isso sem falar da ansiedade e das crises de depressão. Nesses momentos cruciais, me vêm à mente as palavras de uma Sacerdotisa e Dama de um Convetículo Tradicional que dizia: o Caminho da feitiçaria te levará à loucura, solidão ou morte, esteja pronto para dialogar com o Diabo e debater com Satã”.

Eu me questionava aos Mortos Poderosos, por que não tenho respostas positivas: será por ter sido um canal gratuito a pedidos e desejos de outros, já que a regra básica é primeiro dar e depois barganhar? Em outras palavras, eu não exigia pagamento, mesmo que fosse em forma de bebida e cigarros. Fazia por caridade. Talvez a resposta já esteja aí nessas linhas acima, ou mais abaixo, e/ou eu jamais saiba o motivo.

Mas Nosso Senhor o Diabo, me fez lembrar que ele mesmo disse: “cair por amor - e amor é troca - trocamos nossa forma de luz e fogo em energia bruta e caímos no inferno instintual do homem e habitamos no subconsciente do barro, para que de dentro para fora pudéssemos reacender a chama negra e o ser criado pudesse buscar a autodeificação[9]

Então percebi que aquilo que chamamos de fundo do poço, na realidade, é o cair das máscaras. Acontece que, quando nós não as tiramos por vontade própria, Exu e Pombagira, as arrancam e nos desnudam. Aqui é a pior parte, pois ao retirar ou ao ter as máscaras demiurgas arrancadas, nos vemos como somos de verdade, e não como pensávamos que éramos. A verdade sobre nós mesmos é mostrada: nossas fraquezas, medos, decepções, depressões, ansiedade, traumas, erros, acertos, escolhas, nossas taras, nossa personalidade real, tudo aquilo que podemos chamar de nossos demônios internos, nossos desejos mais ocultos e sombrios, os quais simbolizamos em Satã, se mostram a nós e escancaram e atravessam os portais do inferno para morar ao nosso lado e em nossa vida e não se refletem em espelhos e sim diante de nós e em nós mesmos.

A quimbanda também nos faz ver que as máscaras dos que nos cercam, daqueles que habitam nosso micro universo, também são arrancadas e vemos de fato o que significamos ou significávamos para eles.

De repente, aquela (s) pessoa (s) que achávamos, quando ainda sob o véu da ilusão, era nossa amiga, não passava de alguém interesseiro naquilo que você podia proporcionar e, quando o suprimento acaba, e você precisou dela (ou delas), não encontrou apoio, abraço ou conforto. Elas sumiram, te abandonaram, te deixaram sozinho no fundo do poço.

Até mesmo sua própria família de sangue se mostrou para você como era e o que de fato sentem por você ou as mantêm ligadas a você. Isso nos causa uma disforia[10], um choque brutal, pois a realidade que pensávamos ser de fato a nossa não passava de mera ilusão.

No entanto, hoje baixada a poeira, percebo que o que me conforta é que “a queda que me leva para baixo, para o fundo do poço, como uma raiz que toca o fundo da terra, é aquela que de fato retirou a máscara da autoilusão minha e do outro. Tenho apenas duas opções: continuar me vitimizando e olhando para cima, ou cavar mais fundo até tocar os ossos dos meus antepassados, dos Mortos Poderosos, em outras palavras, aprender com a queda e me erguer um homem de fogo,

 Por Jayhr

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O  texto é uma ficção e como tal ele  diz mentiras símeis aos fatos, “e dizer mentiras símeis aos fatos é furtá-los à luz, encobri-los. As mentiras são símeis aos fatos enquanto só os tornam manifestos como manifestação do que os encobre " ele, revela assim, similitude que se oculta na verdade e na mentira no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade...

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[1] https://casadepantera.com.br/cursos/

[2]Que fique claro que não pertenço a linha de Quimbanda Luciferiana.

[3]É a negação ou a redução da importância da lei moral de Deus, a partir do foco ou mapa de uma crença instituída. Portanto, é a máscara e transgressão; e o Caminho da Mão Esquerda. Especificamente, é o Antinomianiano (não-união ou isolamento a partir da ordem natural) caminho de autodeificação (ou encontrar Deus dentro de mim). Por esta definição, as visões individuais dele ou seu Self Único são capazes de confiar somente em seu desenvolvimento psíquico para as criações de conforto, dos desafios e da responsabilidade de invocar a mudança positiva. Moderação também é por certo fator de sucesso. É fácil abusar dos Presentes do Diabo quando ele os apresenta; e é até mais fácil de criar eventuais situações para sua autodestruição, por ações que agora o prendem. Portanto, pense muito antes de suas ações. (Michael W. Ford em “VOX SABBATUM - O SABAT DAS BRUXAS  - Tradução livre e adaptada para o português do Brasil,  por: Azazel Semjaza Qayinn Lvnae (Gael).

[4]Tradução livre e adaptada para o português do Brasil,  por: Azazel Semjaza Qayinn Lvnae (Gael).

[5] Antinômico é um adjetivo que significa oposto, contraditório ou relativo a antinomia. Antinomia é a afirmação simultânea de duas proposições que se contradizem.

[6] No sentido figurado, demiurgo é aquele que se passa como sendo o criador.

[7]A palavra ordália no texto significa uma situação que envolve grandes sofrimentos.

[8] De agnóstico - pessoa que não tem religião ou crença em nada,.

[9] Fonte: https://azazelsemjaza.blogspot.com/2024/11/a-queda-parte-i-que-me-condenas-filhos.html

[10] Disforia é um estado emocional de mal-estar, angústia, tristeza, irritabilidade ou insatisfação extrema. A palavra vem do grego dusforía, que significa "mal-estar" ou "desconforto".

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