Porque você não volta seu Clã ou faz
ao menos algumas celebrações da Roda e da Lua no ano ou criar um site ou grupo
mostrando como se deve praticar o Ofício?
Olá.. Frater “F.”: Agradeço pelo questionamento, o qual passo a
responder:
“...cada
um aprofunde mais nas crenças e práticas dos antigos de sua linhagem que jazem
abaixo da terra, ou seja, de sua própria família e dos seus antepassados...”
Há muito tempo que Nosso senhor o Diabo, retirou esta idéia
nefasta de minha cabeça e coração, pois isso significaria voltar a ser Líder - e nos últimos anos a preguiça que vir em
alguns ex-integrantes de clã – eu não seria Líder e sim Pastor de Ovelhas,
e isto é a última coisa que desejaria para mim ou qualquer um. Além do mais,
sem uma sede própria, minha casa seria foco de encontro e odiaria ter novamente
meu lar invadido por ovelhas famintas que em nada contribuem...
Frater, hoje em dia, ter Grupo ou Clã é uniformizar e ditar
regras e isto é coisa que só ovelhas conseguem vivenciar..
· Eu
realmente tenho que mostrar modos ou regras, ou melhor Nosso Ofício tem de ser uniforme?
· A
forma da Tradição ‘A”, é a certa? Ou da “b” que está certa, ou a “da” ou “do”
Líder “X” é que a certa?
Quem quer puramente uniformidade nas práticas não procura a Arte
sem Nome, e não faz nada diferente do que fez a Igreja Católica nos primórdios da
idade média... Entenda, para mim e somente para mim, se ditarmos regras, tipo
tem de ser a Deusa e o Deus tal, ou vamos praticar iconoclastia com Santo ou Santa
tal, ou ainda com tal e tal Orixá, ou Caboclo ou Entidade, no que estaríamos
sendo diferentes (sutilmente falando)
dos neo-pagãos adoradores extremistas e xiitas da Deusa ou até mesmo dos que
seguem estritamente as doutrinas distorcidas da moralidade da cristandade? De fato
respeitaríamos ou respeitamos as crenças dos outros?
Vejo
bem como a realidade é diferente da teoria: vejo muitos pagãos e bruxos reclamando, nas redes sócias que suas crenças são preconceituadas pelos cristãos, que não
lhes ortogam o direito de liberdade de culto garantidos em lei e que são
perseguidos pelos evangélicos e outros.... mas vá você saudar alguém num grupo,
lista ou comunidade de Bruxo ou Pagão em nome de Jesus ou mesmo de Maria e veja
se não será apedrejado?
Para mim um Grupo e formado por pessoas ou elos individuais,
cada elo tem sua forma peculiar, e seu modo e momento em que foram concebidos, atrelando-se
a isto a educação que receberam, os conceitos de bom e mal, certo ou errado, em
resumo: “os Mapas Enraizados da Cristandade estão bem profundos na Psique”. Pense
bem, a diversidade dos elementos formam a unidade grupal, no momento que
dizemos que devemos seguir este ou aquele panteão, esta ou aquela forma de
prática, estaremos limitando as pessoas e nos colocando como Líderes Religiosos
e não como Espiritualistas ou Buscadores da Luz entre os Chifres do Diabo...
Assim como você, volta e meia, algum ex-integrante de nosso
antigo Coventiculo me procuram dizendo que sentem saudades dos tempos antigos,
das celebrações, das festas e encontros e propõe um reencontro para celebrarmos
uma das Festas da Roda ou da Dama de Prata, confesso, que chego a espumar com
tal proposta, porque ela vem sempre acompanhada de uma massagem do meu ego. A
principio e algo aparentemente inocente, um sentimento de saudades, mas já sou
calejado, e me pergunto:
1) Se, aprenderam de fato algo, por que não estão vivenciando as
celebrações?
2) Por que motivo real querem encontro para celebrar?
3) O que faltou para estaremos praticando?
Você
meu caro Frater, diria: simplesmente
sentem falta.
Eu
contra argumento: De que?
Ora,
meu Irmão todos sabem as datas da roda e as das lua e sempre esteve a
disposição de quem desejassem os Ritos, Práticas, Exercícios e de certa forma
um Corpus Practices (feitiços, encantamentos,
envultamentos, chá, banho,
banimento, cura, maldições, etc..,), cristais, tarot, aprenderam a evocar e
invocar Deuses e Espíritos na forma que estes reconhecessem. Então o que
faltou?
Faltou
a aquém culpar, então de forma inconscientemente, me culpam
pelo fim das atividades Coventiculares. É isto mesmo, ao invés de fazerem suas
meias culpas, reclamam por “eu” ter me recusado a continuar sendo o Pastor e o
Guia das Ovelhas, e isso e tanto verdade, que fui e ainda sou chamado de Louco
por uns, egoísta por outros, destruidor de clã para boa parte e de coisas
piores por alguns ressentidos (que me ama
e não foram correspondidos por não assumirem em si próprios sua parcela de Sucubus ou Incubus). Mas mesmo assim, quando alguém me busca para falar sobre a Arte, mesmo
sabendo que sou Juremeiro (porque acham que
vivo a Jurema Sagrada separada da Arte na Consciência) eu peço que busquem
as histórias sobre seus antepassados e o motivo disso é simples: Tenho certeza plena, que práticas simples,
porém, eficazes vão aparecer e aparecendo questiono:
1) Quais
práticas apareceram (rezas, orações,
simpatias, chás, garrafadas, intercessão de entidades, etc..)?
2) Como
você pode aproveitar isso?
3) Como
pode realizar (igual ou diferente) ou
ainda como adaptar isso a realidade ou idiossincrasia?
4) Você
já viu algum parente praticando essas coisas e descobriu para que servem?
Enquanto
a maioria dos do meio estão preocupados apenas em fabricar provas de que suas
avós e bisavós eram pseudas-celtas monomastequitomizadas, ou pseudas-bruxas, ou
ainda pseudas-sacerdotisas da Deusa - sacerdotisa que quando vivas jamais ouviram falar de Deusa, a não ser de
Santos e Orixas - que lhe ensinou os segredos da Arte - que por mera coincidência este ensino de
avós e igualzinha ao da Wicca Eclética - eu espero daqueles que me procuraram
que busque dentro do seu próprio sangue e isso os leva a ganharem algumas
noções novas:
1) O
resgate de práticas de nossos antepassados ou dos tempos deles (que se bem buscados pode ultrapassar o período
colonial) e num futuro quando transcrevermos para o papel poderemos ter um Corpus Practice de Feitiçaria (original)
e eficaz;
2) Estaremos
ajudando a ressuscitar (ou melhor,
tirando da morte real que é o esquecimento) os nossos familiares e antepassados,
pois na busca por nossas origens, há que se ser lembrado que tal parente fazia
essa prática - quiçá arrumemos ou
ganhemos objetos e fotos deles, ou mesmo um antigo livro de rezas ou de
simpatias - e com isso, tal parente que jazia esquecido, recebe a luz de Nosso senhor e é trazido de volta a
consciência e resgatado da morte e da terra do pesadelo para atuar no mundo dos
vivos (como ente de proteção ou
familiar), podendo entrar no ciclo do renascimento através de nós ou
nossos descendentes e assim a herança ancestral é revivida, e quem sabe,
estaremos assumindo depois da nosso morte e do renascimento na carne dos nossos
parente a função de Homem de Preto ou de Dhulqarnen, portanto esta busca é de mão dupla ou seja é a serpente que
morde o rabo...
3) Com isso, em pouco tempo estaremos praticando um culto
ancestral e restabelecendo a ponte entre o aqui e o além, e se isso for
concreto, poderemos fazer subir os Espíritos dos Mortos ou sermos vasos para
que eles possam atuar no aqui de forma direta (conselhos, ensinos, ritos, proteção), poderemos viajar para além do
véu seguros e na companhia do nosso sangue e participarmos de fato do Congressus Cum Daemone;
4) Continuando nesta linha chegaremos a saber quem somos, ou seja,
quem se é, qual a nossa origem, e não precisaremos inventar por vergonha ou
inveja dos Europeus, que somos Celtas, e não precisaremos mais renegar nosso
próprio sangue, nossos parentes (imagine
a decepção deles no além), nossa linhagem, nem a terra que nos gerou e nos
sustenta e nos recebe após a morte;
5) Peço que leiam muito, não os livros repetitivos de paganismo
e wicca eclética, mais livros sérios, de autores sérios e também de história,
muitos livros de história, para que possam adquirir de fato conhecimento e não
serem engendrados por falácias e estórias ridículas que se vê em sites e livros
de qualidades duvidosas que abundam o mercado pagão nacional.
Além
disso, sigo na Jurema Sagrada, que como diz Câmara Cascudo em sua Obra “Meleagro”
e a verdadeira Herdeira da Bruxaria
Ibérica no Brasil, sem contar, que se eu retornasse as atividades Coventiculares
mesmo que apenas uma vez, nenhum dos propositores abririam mãos de suas vidas
para estarem ao meu lado na empreitada e eu cansei de abnegações pessoais e
individuais pelos outros, a mim basta a
minha taça de vinho e cada qual que sorva á sua... Por
isso, muitos se afastaram de mim, porque não fui mais Pai, Sacerdote ou Guia o
tempo todo, fui e sou até hoje: carrasco,
diabo, tentador, que mostrou o mundo de possibilidades e de terror á frente que
a solidão descortinou no caminho de Caim.
Portanto para mim, toda e qualquer prática que muda a realidade,
que é capaz de comunicar-se ou trazer um espírito é Bruxaria, é Ofício... Todos
os credos, crenças, fés, ethos e aethos de meus antepassados são meus e por
isso EU me recuso a direcionar qualquer um para seguir à minha visão, alias meu
papel foi sempre tentar, fazer questionar, fazer refletir e fazer com que o
buscador possa perceber A SUTILEZA DOS SIBILOS DE SHAITÃ, eles expõe de forma
quase imperceptível nossa maior luxuria e desejo (sermos ovelhas, sermos
guiados e termos em que por a culpa).
E as ovelhas eu digo: Se
não consegues vislumbrar a luz entre os Chifres e nem o Caminho Solitária em
cuja companhia terás apenas os Espíritos dos Mortos, aconselho (mesmo me
contradizendo) que deves aprender a cair como uma estrela do monte de teu ego,
e depois deves aprender como Nosso Senhor a levantar-se, ainda cambaleante e
perceber que você é individual, e como ele, criar seu mundo e mudar as coisas
ao redor e levantar os seus irmãos que jazem caídos no sono da moralidade e da
imposição do certo e do errado.
Espero ter respondido a contento.
E para complementar peço que leia o seguinte texto:
http://venenoserpentino.blogspot.com.br/
http://venenoserpentino.blogspot.com.br/
Gratidão.