A QUEDA - PARTE III
Explicações necessárias à Parte I e II
Todo texto que brota aqui são “mentiras símeis aos fatos”, ou seja, eles escondem acontecimentos reais, acobertando-os sob a máscara do eufemismo[1], ao fazê-lo, se revela como uma história (ou seria estória) metonímica[2]. Pois substitui sem pudor, como a amada que se desvela no quarto ao seu amado, as coisas como são, nua e crua - em sua dureza, dores, lágrimas, recheadas de ansiedade, depressão e tristeza - pelas similitudes de uma leveza textual degustável aos olhos do leitor.
Raros são aqueles que veem além das “mentiras símeis aos fatos” naquilo que escrevo, como, por exemplo, meu irmão Sirius Lupino, que percebeu que o texto VIA LACTÉA[3], descreve tão somente uma relação sexual. Portanto, assim como as Musas[4] da Teogonia[5] de Hesíodo[6] :"Sabemos muitas mentiras dizer símeis aos fatos e sabemos, se queremos, dar a ouvir revelações”.
O que significa dar a ouvir ou ler revelações, ou melhor, qual a necessidade de explicações à Parte I e II?
A resposta é que, quando veio a inspiração para escrever “A QUEDA PARTE I e II [7]”, e depois publicados, recebemos diversas mensagens sobre o significado deles, as quais vinham com palavras solidariedade e compaixão. Quem as mandou não se atentou que se tratava de ordálios pessoais do autor ou do próprio leitor[8], de um aprendizado que se leva para a vida toda, que é: o “de saber quem se é” e “ o da necessidade de impor limites”, bem como, “o de aprender com erros”.
Quem é o Demiurgo e qual o seu sentido no texto da PARTE I?
O Demiurgo é UM, o fragmento do texto diz:
“Um adiantou-se e rompeu a singularidade, em um tempo tão curto que não pode ser mensurado pela mente humana. As realidades contidas entre o existir e o não existir foram rompidas e expandiram. E este, entre muitos outros universos, surgiu...Esta manobra de UM, ocultou a não existência, isolando o Não-Existente, afastando-o da matéria existencial e dos múltiplos universos. Em consequência, UM replicou a si mesmo, como vírus, para estar em cada um deles, como Criador único.”
Aqui está um ponto-chave, quando UM expande-se, a similitude ou “mentiras símeis aos fatos”, desvenda que os seres humanos são capazes de tudo pelo que chama amor, capaz de diminuir-se para caber e ser, no universo alheio, criando um mundo de fantasias na própria mente.
Aqui UM, sendo o autor ou leitor, perdeu-se, caiu na armadilha da manipulação e, como já dito, fez de tudo – aqui está o sentido da multiplicação de UM – para ser aceito, tornou-se dependente emocional, vítima perfeita de qualquer pessoa tóxica e a fonte de suplemento narcisista do outro. Portanto, a similitude é de deixar de “ser quem se é”, para se tornar “marionete”, num jogo perigoso que leva a quadros de ansiedade, depressão, perda do autoamor ou amor-próprio e revela a total dependência afetiva de UM em busca de validação.
Inevitavelmente, a QUEDA PARTE II deve ser encarada não de um ponto de vista, mas da vista de um ponto, ou seja, do papel que temos na vida UM, como amigos - se é que fomos amigos - e não parte da queda que o precipitou ao buraco. Deveríamos perceber que UM caia em parafuso, num fosso sem fundo.
Então, “a vista do ponto é”: Qual o seu papel antes, durante e depois da queda de UM. O que fez, o que disse, além de expressar via WhatsApp condolências, sentir pena, achar que era vitimismo, ou um texto apenas ficcional?
Condolências sim! Por que não? Se UM caiu, quem ele era morreu, esfacelou-se, fragmentou-se a tal ponto que já não se pode juntar. Já não pode mais ser quem era. Precisará se levantar, se reinventar, se reconstruir, não há como juntar os pedaços, pois cada pedaço estará recheado de lembranças, de cheiros e momentos. Portanto, UM precisará moer-se até que seja pó novamente, ou seja, sofrer, chorar, temer, encarar a realidade, até que o vento de uma nova oportunidade sopre o pó para longe, para um lugar fértil onde possa servir de adubo ao renascimento, ao novo despertar, a uma nova realidade, onde sozinho, recomeçará a viver outra vez e a voltar a ser quem se é.
A pergunta na parte dois é: Enquanto UM cavava mais e mais para baixo no fundo do poço, o que você fez, onde estava?
Então, a Parte II é sobre o seu papel na queda de UM. A sua posição, a sua disposição de estender a mão. A menos que você tenha sido o motivo da queda, do perder-se de UM de si mesmo, ou lhe tenha faltado percepção e conexão fraternal, ou seja, jamais foi amigo de UM e sim alguém que se aproximou por interesses escusos, nessa QUEDA "do ponto de vista" de UM você foi um grande filho da puta. Portanto, a parte dois é um espelho onde cada um pode ver seu próprio reflexo na vida de UM e UM lhe olhar de volta através do espelho.
Por Jayhr
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O texto são mentiras símeis aos fatos, “e dizer mentiras símeis aos fatos é furtá-los à luz, encobri-los. As mentiras são símeis aos fatos enquanto só os tornam manifestos como manifestação do que os encobre " ele, revela assim, similitude que se oculta na verdade e na mentira no estreito caminho entre o cinismo e a ingenuidade... UM pode ser o autor, o leitor ou um conhecido.
[1]O eufemismo é a figura de linguagem usada para tornar um enunciado mais brando ou agradável e menos agressivo. É bastante utilizado em contextos que exigem moderação ou para falar de conteúdos fortes e polêmicos por meio de termos mais suaves e menos provocantes..
[2]“metonímia” tem origem no grego e significa “além do nome”, em outras palavras, é uma figura de linguagem ou de palavra caracterizada pela substituição de um termo por outro, havendo entre eles algum tipo de ligação. Desse modo, pode haver a substituição de parte pelo todo, qualidade pela espécie, singular pelo plural, matéria pelo objeto, indivíduo pela classe, autor pela obra, possuidor pelo possuído, lugar pelo produto, efeito pela causa, continente pelo conteúdo, instrumento pelo agente, coisa pela sua representação, inventor pelo invento e concreto pelo abstrato.
[3] https://azazelsemjaza.blogspot.com/2024/06/via-lactea-o-diario-de-azazel-paginas.html
[4]As Musas são personagens da Teogonia escrito por Hesíodo. O Poeta descreve que às Musas deram a ele um conhecimento sobrenatural capaz de conhecer as coisas presentes, passadas e futuras e ensinaram-no a cantar, para que ele cantando, celebrasse os deuses imortais, as façanhas dos homens antigos e também a elas próprias no começo e no fim das canções.
[5]A Teogonia nos conta como o mundo surgiu a partir dos primeiros deuses, seus amores e suas lutas. De certa forma, a Teogonia é o mais antigo tratado de mitologia grega que chegou até nós, descreve a criação do mundo e a seguir relaciona, cronologicamente, cada uma das gerações divinas.
[6]Hesíodo foi um dos maiores poetas gregos da Idade Arcaica. Viveu aproximadamente no ano 800 a.C. na Beócia, no centro da Grécia. Suas obras conhecidas são: Teogonia, Trabalhos e Dias e O Escudo de Hércules.
[7]https://azazelsemjaza.blogspot.com/2024/11/ e https://azazelsemjaza.blogspot.com/2024/12/
[8]Os ordálios são práticas antigas utilizadas para determinar a culpa ou inocência de um indivíduo.