PARADOXO I
O DIÁRIO DE AZAZEL - PAGINAS 2138 A 2139
Tenho tentado viver neste mundo louco onde tudo anda tão depressa, as coisas acontecem rápido demais e isso é perturbador, ao ponto de ter quase plena certeza de que vivo uma labirintite social, eu de fato, não consigo acompanhar as ondas do tempo, e ao contrário de um dos maiores dogmas da magia, eu me coloquei, sem ao menos perceber, contra as correntes do tempo e isso tem me esmagado o espírito.
Busco-me o tempo todo, mas não sei em que parte do caminho me perdi de mim mesmo, se soubesse, seria fácil achar-me outra vez, colocar-me em mim mesmo, sorver de mim para mim, e ser eu de novo.
Mas esse é o paradoxo - perdi-me de mim, e parte de mim, de minha essência, ficou no caminho. Penso, seria o fato desse avatar que ocupo, está desgastando-se com a idade - já que todo carbono tende a findar-se em um organismo e reorganiza-se em novos corpos, ou de fato eu fiquei mentalmente fixado numa, digamos, era dourada psicológica?
Meus questionamentos são: de mim para mim, e talvez nada tenha haver com você.
Eu falo da loucura do mundo, do vazio das pessoas. Raros param para observar o mundo real à sua volta.
Mas o mundo continua sua marcha lenta e irretornável para frente. Sem se preocupar comigo ou com você. Ele não para pela sua dor, alegria ou tristeza, ele não estagnou porque você está sorrindo ou sofrendo de amor. Ele pouco se importa se você está vivo ou morto.
Mas, mesmo assim, somos parte dele, vivemos nele e nem percebemos as coisas que ele nos mostra.
Quem viu o voo de um pássaro hoje e deixou-se levar pela beleza que ele exprime?
Quem teve tempo para admirar uma simples flor nascendo entre lajotas e paralelepípedos na estrada?
Andamos tão depressa que não olhamos a necessidade do outro e às vezes confundimos as nossas necessidades reais por coisas pueris.
Mas sabe o que é novamente paradoxal, é que nós, independente de prestarmos atenção em como o mundo nos vê ou age em relação a nós, tendemos a repetir o mesmo processo do macro-mundo no nosso micro-mundo.
Em outras palavras, raramente paramos para observar como de fato se sentem os que estão ao nosso redor, nem mesmo os que conosco convivem sobre o mesmo teto.
E plagiando, o mundo, nós continuamos nossa marcha egoica lenta e irretornável para frente, sem nos preocuparmos conosco mesmo - como deveríamos fazer, e muito menos com o outro que nos devota atenção e tempo.
Quando de verdade paramos pela dor, alegria ou tristeza do outro?
Quando de fato notamos que o outro necessita de um abraço, ou de um eu estou aqui de verdade?
Nós muitas vezes nos lamentamos, achamos que o mundo e a vida são injustos conosco, mas na verdade, somos reflexos do mundo em que vivemos, e tratamos o outro e natureza ao redor - nosso micro mundo - como vivemos, ou seja, como alienígenas, como se eles não fossem parte de nós, como se não estivessemos inseridos e limitados no mundo-macro.
Quero fugir desse mundo, onde valemos o que temos e o que podemos ofertar - materialmente falando - e não pelo que somos como individualidades partes de um Todo-Mundo.
Quisera eu poder exprimir o que sinto na alma-psique e no espírito-flama, mas as limitações do mundo louco, me rodopiam e me assustam, pois por vezes, chama-me emocionado, exagerado, quando no fundo, a necessidade - ao menos momentânea - é uma abraço apertado e um real entender da minha alma-essência.
Voltamos ao paradoxo:
O mundo é real?
Qual deles?
O que pseudo-vivemos aleatoriamente, nos vitimizando pelas escolhas e pelas perceptíveis consequências que colhemos e quando desagradam-nos a colheita colocamos a culpa no azar ou em deus-diabo-macumba-feitiço alheio?
Ou, necessito, como diz o Filósofo Descarte “Cogito, ergo sum”.
Autoria: Azazel Semjaza Qiynn Lvnae
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Reflexão de uma mente desocupada.
19 comentários:
Parabéns meu irmão!! As vezes paro e tento entender um pouco desse mundo louco, mas ai eu apenas continuo, pois ainda ha a essência de uma vida vivida de uma forma diferente que não deixarei morrer dentro de mim.
Agradeço.
Nessa nave estarmos aqui nesse planeta, mas não somos daqui, estamos aqui presos, lembro daquele vídeo Corrida de Ratos ?
Se seu texto é fruto de uma mente vazia, não consigo pensar como seria um produzido por uma mente ocupada. Definitivamente,o prazer de sua escrita reflete o prazer de nossa leitura.
Gratidão
Parabéns
Parabéns 👏, ótima biografia...
A sociedade de uma forma geral está vivendo no automático, cada um é só uma pequena engrenagem para manter toda uma base do sistema funcionando, algumas pessoas despertam dessa " hipnose " e começam a aproveitar o tempo para viver de verdade.
Isso e real. Muito profundo
Mano suas palavras e uma reflexão muito profunda. Amo seu jeito de se expressar.
A mente de um TDAH nunca para...kskskkssks
Irmão. Assim escreveu Ruim: "Ontem eu era inteligente, então eu queria mudar o mundo. Hoje eu sou sábio, então eu estou mudando a mim mesmo." Se tua essência ficou na estrada, olhar para trás é estratégico. Não seria essa a hora de voltar a olhar para uma estrada do passado para recupera-la? Lembrando que voltar não significa permanecer. O Todo necessita de nossa Individuação para existir! Axé!
Que puta de texto, escrever um poema questionando também a mesma coisa. Obrigado obrigado por esta compartilhando a seus questionamento que são o mesmo que o meu.
Gratidão mútua, o mundo anda louco, estou a beira do limiar entre fica e ir.
Tenho tentando, mas me encontro como um sistema em fromacao cheio de tudo e vazio de nada.
Gratidão, as vezes a fonte jorra e as palavras sawmm em torrentes, sento pra escrever sobre X coisa é sai Y. Como autonomato as palavras são elas mesmas vivas por sì mesmas.
Se eu conseguisse traduzir em palavras, meu pensamento a respeito do assunto, certamente seriam reflexões similares. A expressão "labirintite social" ilustra bem. Você não está só, há um grande coletivo de pessoas executando mesma fuga. E ocupados em nossas buscas e fugas, não enxergamos que bem ao nosso lado, temos semelhantes, partilhando mesmas angústias, em diferentes dimensões. Obrigada por compartilhar =*
Como um cronista de seu tempo, conseguiu refletir com profundidade sobre nossa triste realidade atual. Meio que fotografando mentalmente como a sociedade vive por dentro, cultivando sentimentos e atitudes mesquinhas. Apesar de poucos, ainda existimos, os que enxergam a vida, a natureza e o cotidiano com o olhar atento, buscando aprender e sutilizar nossa essência interior. Somos raros e precisamos estreitar os laços que no unem. Orixá abencoe sempre. Axé!
A essência interior difere do pensamento mesquinho é da satisfação momentânea,surpefula e do consumismo exacerbado.
Viver, sentir a natureza nos remete a verdadeira felicidade
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