"O templo de Deus é no interior de cada um, pois o homem verdadeiramente espiritualizado é um templo permanente onde se abriga o invisível Supremo Senhor do Universo"
Eu realmente queria poder expressar os Arcanus contidos na Antinomia da Arte e sua pratica na forma de Iconoclastia, poder explicar o que significa de fato quebrar o ìcone e o porque do uso dessa palavra cunhada para exprimir uma heresia medieval, mas é perca de tempo, pois desconhecendo os mistérios de sua própria terra, cegos ao reflexo do ego no espelho da natureza de Nossa Senhora, a maioria dos Bruxos no Brasil não vêem mais que dogmas forjados na década de 60 do século XX como única forma de expressão da Fé Antiga, nem ao menos se dão ao trabalho de verem o qual semelhante era a feitiçaria praticada pelos indios e a trazida pelos negros para esta terra com as que nos foi legada pelos colonizadores Ibéricos.
Como se não bastasse tudo isso, agora começou a aparecer no Brasil dezenas de Coventiculos que se dizem Ibéricos e pior ainda, se dizem da Tradição Ibérica, como já comentei em outra parte deste Blogger, quando iniciei meus trabalhos com a Tradição Ibérica em 2004/2005 todos os grandes Bruxos e os pequenos também tinham uma avó ou bisavó celta e um avô ou bisavô druida (que nem podiam negar isso porque já eram óbitos a muitos anos e nem ossos mais deles estavam nos túmulos), aliás alguns Bruxos chegaram ao ponto de negar a própria familia e ancestralidade (será que era por preconceito de cor e raça ou falta de conhecimento de sua própria cultura?) e inventarem genealogias e arvores genealógicas que deixaria qualquer Rei da Europa com inveja.
Mas, não estamos aqui para criticar nenhuma forma de expressão da fé (da Bruxaria) antiga e nem mesmo as pretensas manifestações de antiguidades milenar de alguns bruxos, porém também não estamos aqui para continuarmos a sermos tolhidos em nossa forma de vê e viver a Arte renegada.
Sim, um Arte não só renegada, mas também redescoberta, renegada porque como são hoje os criticos da herença mágico-religiosa do brasileiro, fomos nós no passado, redescoberta porque nesta herença mágico-religiosa reencontramos o verdadeiro sentido de comungar com o Povo Pálido, de cultuar a ancestralidade e de comunhão com os mortos poderosos desta Terra de Pindorama.
Ela é uma forma de Antinomia porque ela é ao mesmo Tempo uma Arte e uma expressão de nossa fé, e essa nossa fé não tem nome definido, mas pode se enquadrar em uma forma de Bruxaria, e mesmo assim ela continua sendo apenas a nossa fé, a nossa maneira de viver nossa herança mágico-religiosa.
Mas se essa forma de viver a nossa fé contradita a moral religiosa dominante e ao mesmo tempo usa dos ícones desta fé dominante como meio de expressão, e sua manifestação é capaz de mudar a realidade nossa e por meio de nós a de outrem, e se ela realiza atos de benção e maldição, se com ela aprendemos a viajar entre os mundos e comungar com os Espiritos e se dela recebemos remédios, e aprendemos mirongas e mandingas com os Mortos desta Terra, e além disso se por meio desta fé e herança mágico-religiosa nós conseguimos voar e mudar a forma, então ela novamente prova por si só ser antinomiana.
A Arte ao usar o ícone da fé dominante transcede-o e ela torna-se no sentido Arcanum do termo uma forma de Iconoclastia, porque ao usar icones daquilo que ela contradiz, ela não lhe dá o devido valor, veneração e importância contidos no dogma, ou seja, ela quebra-o, reduzindo-a a pó e desta forma mergulha no oceano de Sangue de Todos os Deuses Feridos e mortos, tão bem expressados por Andrew Chumbley em Azoetia quando diz:
"...Permita que a Fascinação determine o foco da Crença: A Idéia, Ícone ou Sigilo da devoção. Para chegar, assim, a Lei Natural da Fé chamada Tabu; É a, Fé determinada pelos Sonhos, Intuição e presságios....Invoque você o Deus no Ponto de encontro das Quatro Estradas. Somente assim você conhecerá a Quantidade do Contínuo de sua Totalidade de Ser. Assim você deve ser UM com todo o Poder que agora reside em teu Ícone escolhido. Esse poder você devolve para a Continuidade do UM; pois todo Ícone é vazio, contendo o elixir universal: Azoth. Recuperar o ouro potável a partir do seu molde e devolve-lo para o forno....Isto tu alcançará evocando o Verdadeiro Deus do Caminho-Cruzado - traga o Espírito da Morte – Você deve garantir tal poder e conhecimento até que você tenha quebrado o Ícone. Assim as energias da tua fé serão libertadas, como se através da dúvida completa tu tenha retrocedido a partir deste ponto, e assim tu será libertado dos grilhões de tua própria forma e será feito livre. – para caminhar a trilha novamente e como será determinado pela Vontade do Teu Secreto Tabu....Saiba também que pela aplicação desta fórmula o Artista Divino pode manipular as energias sutis de Crença para criar propositalmente certas obsessões revolvendo sobre objetos específicos ou fetiches, e assim ele deve criar espíritos-familiares, e elementais para ser utilizado nos diversos aspectos da Feitiçaria...."
Em termo de expressão da Fé, isso significa que ela quebra o limite do dogma da fé dominante representada pelo e no ícone e no qual ela como Arte Feiticeira usa e se expressa e ao mesmo tempo esse ato de usar e se expressar naquilo que é contraditório a si para realizar-se, torna-se como já dito, uma ato de amoralidade, essa amoralidade dar-nos a liberdade ao tempo que proibe que o dogma da fé dominante e os mistérios da fé sem nome seja harmonizado pela moral, pois a Fé sem Nome quando expressada no ìcone da Fé dominante, ou melhor ainda, quando se expressa por meios de imagens mortais, feitas por homens mortais, de deuses e santos mortais, de religiões mortais, torna-se o veiculo da afirmação simultânea de duas proposições contraditórias, o que a caracteriza como sendo uma antinominia e como tal pode ser dita que ela é uma forma de expressão local de Bruxaria Tradicional.
Mas, aí entramos em outro campo minado, pois agora no Brasil existem os Puritanos da Bruxaria Tradicional, aos moldes do que existiu a acerca da Wicca de 2001 até 2006, ou seja, aqueles que se alvoroçam para proclamarem-se os únicos, verdadeiros conhecedores e herdeiros direto da Bruxaria e não apenas os detentores do conhecimento de uma Tradição especifica da Arte, que ao invés de serem guias aos novos, tornam-se os algazes dos que tentam sem ajuda buscar seu caminho de fé, e para evitarmos que esses também a exemplo dos neo-bruxos ecleticos e Ibéricos brasileiros nos tentem tolhir vamos nos referir a nossa prática como sendo uma forma de resgate Bruxaria Tradicional Brasileira.
Alias o Termo Bruxaria Tradicional Brasileira seja talvés o melhor aplicado a nós, pois o nosso Coventiculo “tem”o seu próprio modo particular de estudos e práticas, operando segundo uma gnose luciferiana herdada da Tradição Ibérica e um mito Cainita originado da Feitiçaria Tradicional Européia e de um conjunto de práticas oriundas da Feitiçaria Colonial Brasileira (que pode ser dita como sendo a mistura da feitiçaria indigena, Ibérica e Negra), que inclui elementos e observância de dupla fé, mantendo em seu núcleo, um corpo de princípios de feitiçaria herdados tantos da Tradição Ibérica, como da Feitiçaria Colonial brasileira.
Espero que daqui a alguns anos não surjam também praticantes de Bruxaria Brasileira milenar, como os atuais milenares praticantes de Bruxaria Ibérica, se achando no direito de nos dizer que estamos errados em nossa forma de viver a Fé sem Nome e que o que fazemos é tudo menos Bruxaria Ibero-Brasileira e que somos vira-latas e espero que não usem a palavra “milenar” e levem em conta queu o Brasil tem pouco mais de 500 anos de descoberto e que quase não sobrou indios para ensinar a pretensa Bruxaria Milenar Brasileira.
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desde que sejam dados os devidos créditos e direitos
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