terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A ANTINOMIA E ICONOCLASTIA NA VISÃO DA CASA DOS CORVOS SAGRADOS - I















Por: Azazel Semjaza Qayinn Lvnae.

"O templo de Deus é no interior de cada um, pois o homem verdadeiramente espiritualizado é um templo permanente onde se abriga o invisível Supremo Senhor do Universo"

Eu realmente queria poder expressar os Arcanus contidos na Antinomia da Arte e sua pratica na forma de Iconoclastia,  poder explicar o que significa de fato quebrar o ìcone e o porque do uso dessa palavra cunhada para exprimir uma heresia medieval, mas é perca de tempo,  pois desconhecendo os mistérios de sua própria terra, cegos ao reflexo do ego no espelho da natureza de Nossa Senhora, a maioria dos Bruxos no Brasil não vêem mais que dogmas forjados na década de 60 do século XX como única forma de expressão da Fé Antiga, nem ao menos se dão ao trabalho de verem o qual semelhante era a feitiçaria praticada pelos indios e a trazida pelos negros para esta terra com as que nos foi legada pelos colonizadores Ibéricos.

Como se não bastasse tudo isso, agora começou a aparecer no Brasil dezenas de Coventiculos que se dizem Ibéricos e pior ainda, se dizem da Tradição Ibérica, como já comentei em outra parte deste Blogger, quando iniciei meus trabalhos com a Tradição Ibérica em 2004/2005 todos os grandes Bruxos e os pequenos também tinham uma avó ou bisavó celta e um avô ou bisavô druida (que nem podiam negar isso porque já eram óbitos a muitos anos e  nem ossos mais deles estavam nos túmulos), aliás alguns Bruxos chegaram ao ponto de negar a própria familia e ancestralidade (será que era por preconceito de cor e raça ou falta de conhecimento de sua própria cultura?) e inventarem genealogias e arvores genealógicas que deixaria qualquer Rei da Europa com inveja.

Mas, não estamos aqui para criticar nenhuma forma de expressão da fé (da Bruxaria) antiga e nem mesmo as pretensas manifestações de antiguidades milenar de alguns bruxos,  porém também não estamos aqui para continuarmos a sermos tolhidos em nossa forma de vê e viver a Arte renegada.

Sim, um Arte não só renegada, mas também redescoberta, renegada porque como são hoje os criticos da herença mágico-religiosa do brasileiro, fomos nós no passado, redescoberta porque nesta herença mágico-religiosa reencontramos o verdadeiro sentido de comungar com o Povo Pálido,  de cultuar a ancestralidade e de comunhão com os mortos poderosos desta Terra de Pindorama.

Ela é uma forma de Antinomia porque ela é ao mesmo Tempo uma Arte e uma expressão de nossa fé, e essa nossa fé não tem nome definido, mas pode se enquadrar em uma forma de Bruxaria, e mesmo assim ela continua sendo apenas a nossa fé, a nossa maneira de viver nossa herança mágico-religiosa.

Mas se essa forma de viver a nossa fé contradita a moral religiosa dominante e ao mesmo tempo usa dos ícones desta fé dominante como meio de expressão, e sua manifestação é capaz de mudar a realidade nossa e por meio de nós a de outrem, e se ela realiza atos de benção e maldição, se com ela aprendemos a viajar entre os mundos  e comungar com os Espiritos e se dela recebemos remédios, e aprendemos mirongas e mandingas com os Mortos desta Terra, e além disso se por meio desta fé e herança mágico-religiosa nós conseguimos voar e mudar a forma, então ela novamente prova por si só ser antinomiana.

A Arte ao usar o ícone da fé dominante transcede-o e ela torna-se no sentido Arcanum do termo uma forma de Iconoclastia, porque ao usar icones daquilo que ela contradiz, ela não lhe dá o devido valor, veneração e importância contidos no dogma, ou seja, ela quebra-o, reduzindo-a a pó e desta forma mergulha no oceano de Sangue de Todos os Deuses Feridos e mortos, tão bem expressados por Andrew Chumbley em Azoetia quando diz:

"...Permita que a Fascinação determine o foco da Crença: A Idéia, Ícone ou Sigilo da devoção. Para chegar, assim, a Lei Natural da Fé chamada Tabu; É a, Fé determinada pelos Sonhos, Intuição e presságios....Invoque você o Deus no Ponto de encontro das Quatro Estradas. Somente assim você conhecerá a Quantidade do Contínuo de sua Totalidade de Ser. Assim você deve ser UM com todo o Poder que agora reside em teu Ícone escolhido. Esse poder você devolve para a Continuidade do UM; pois todo Ícone é vazio, contendo o elixir universal: Azoth. Recuperar o ouro potável a partir do seu molde e devolve-lo para o forno....Isto tu alcançará evocando o Verdadeiro Deus do Caminho-Cruzado  - traga o Espírito da Morte – Você deve garantir tal poder e conhecimento até que você tenha quebrado o Ícone. Assim as energias da tua fé serão libertadas, como se através da dúvida completa tu tenha retrocedido a partir deste ponto, e assim tu será libertado dos grilhões de tua própria forma e será feito livre. – para caminhar a trilha novamente e como será determinado pela Vontade do Teu Secreto Tabu....Saiba também que pela aplicação desta fórmula o Artista Divino pode manipular as energias sutis de Crença para criar propositalmente certas obsessões revolvendo sobre objetos específicos ou fetiches, e assim ele deve criar espíritos-familiares, e elementais para ser utilizado nos diversos aspectos da Feitiçaria...."

Em termo de expressão da Fé,  isso significa que ela  quebra o limite do dogma da fé dominante representada pelo e no ícone e no qual ela como Arte Feiticeira usa e se expressa e ao mesmo tempo esse ato de usar e se expressar naquilo que é contraditório a si para realizar-se, torna-se como já dito, uma ato de amoralidade, essa amoralidade dar-nos a liberdade ao tempo que proibe que o dogma da fé dominante e os mistérios da fé sem nome seja harmonizado pela moral, pois a Fé sem Nome quando expressada no ìcone da Fé dominante, ou melhor ainda, quando se expressa por meios de imagens mortais, feitas por homens mortais, de deuses e santos mortais, de religiões mortais, torna-se o veiculo da afirmação simultânea de duas proposições contraditórias, o que a caracteriza como sendo uma antinominia e como tal pode ser dita que ela é uma forma de expressão local de Bruxaria Tradicional.

Mas, aí entramos em outro campo minado, pois agora no Brasil existem os Puritanos da Bruxaria Tradicional, aos moldes do que existiu a acerca da Wicca de 2001 até 2006, ou seja, aqueles que se alvoroçam para proclamarem-se os únicos, verdadeiros conhecedores e herdeiros direto da Bruxaria e não apenas os detentores do conhecimento de uma Tradição especifica da Arte, que ao invés de serem guias aos novos, tornam-se os algazes dos que tentam sem ajuda buscar seu caminho de fé, e para evitarmos que esses também a exemplo dos neo-bruxos ecleticos e Ibéricos brasileiros nos tentem tolhir vamos nos referir a nossa prática como sendo uma forma de resgate Bruxaria Tradicional Brasileira.

Alias o Termo Bruxaria Tradicional Brasileira seja talvés o melhor aplicado a nós, pois o nosso Coventiculo “tem”o seu próprio modo particular de estudos e práticas, operando segundo uma gnose luciferiana herdada da Tradição Ibérica  e um mito Cainita originado da Feitiçaria Tradicional Européia e de um conjunto de práticas oriundas da Feitiçaria Colonial Brasileira (que pode ser dita como sendo a mistura da feitiçaria indigena, Ibérica e Negra), que inclui elementos e observância de dupla fé, mantendo em seu núcleo, um corpo de princípios de feitiçaria herdados tantos da Tradição Ibérica, como da Feitiçaria Colonial brasileira. 

Espero que daqui a alguns anos não surjam também praticantes de Bruxaria Brasileira milenar, como os atuais milenares praticantes de Bruxaria Ibérica, se achando no direito de nos dizer que estamos errados em nossa forma de viver a Fé sem Nome e que o que fazemos é tudo menos Bruxaria Ibero-Brasileira e que somos vira-latas e espero que não usem a palavra “milenar” e levem em conta queu o Brasil tem pouco mais de 500 anos de descoberto e que quase não sobrou indios  para ensinar a pretensa Bruxaria Milenar Brasileira.




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O Autor autoriza a reprodução do texto,
desde que sejam dados os devidos créditos e direitos
(Autoria e link original)


7 comentários:

O Blog disse...

Qualquer livro de bruxaria, wicca e afins (incluindo foruns, blogs e sites) nos fala sobre a 'liberdade' que o bruxo tem.. Comentam sobre dogmas, dizem que podemos adorar milhares de deuses e deusas, falam que podemos ter até fadinhas no nosso jardim. Mas, se notarmos o que realmente acontece, é que essas pessoas (ou grupos de pessoas) as vezes se tornam, ao meu ver, pessoas hipocritas, sem palavras e enganadoras (enganadoras de si proprio).
Voltando ao texto, vejo que realmente o que a agora Tradição Ibero-brasileira procura é simplesmente seguir o caminho, independente do que as pessoas falam. Mostra que realmente tem base no caminho que segue. Sempre vejo citações de grandes bruxos, magos e feiticeiros no blog.
Procurei no google algum covem que se denomine nesta tradição. Não encontrei nenhum.. Logo, podemos todos afirmar que a Casa dos Corvos Sagrados é o pioneiro nesta tradição. Acredito que a humildade e especialmente a vontade de aprendizado ajudou o grupo a esta grande realização.
Só não dúvide dos futuros 'milenares' da tradição.. rsr Acredito que vão aparecer..
Abraços,

CADMO NEREU disse...

Ao ler este texto fico pensando em realmente quais são os rumos que as coisas estão tomando onde todos tentam sempre se suprir da verdade, como se o fato de alguém não caminhar ou praticar algo que não seja do que você predizer como verdade é abominável.
FOMOS OS PRIMEIROS BRUXOS IBERICOS DA VENERAÇÃO LUSITANA NO BRASIL, MAS..... AGORA TEMOS LÁ VARIOS E VARIOS E VARIOS e eles mais uma vez estão ai com as suas avós milenares

A bruxaria Ibero-Brasileira, nasce aqui conosco na terra de Pindorama com o sangue que herdamos de lá do velho mundo, como do sangue que corre em nossas veias presentes nesta terra antes dos outros aqui chegarem.
Nasce da liberdade de agir e da multiplicidade de caminhos que esta terra ABENÇOADA tem.

UMA COISA EU POSSO DIZER...
IBERO-BRASILEIROS SOMOS NÓS. HJ, AMANHA E DE AGORA EM DIANTE .... SEMPRE.

Unknown disse...

Vei, puxa uma dessas pra mim(rs) Minha avó num era milenar não, mas meu avô, Seu Raul Seixas, nasceu a 10 mil anos...

Esse povo que fica inventando história... Sei não, deveriam morrer no marmore do inferno, da pior qualidade, daquele que esfarinha todo...

CHAMA o Bichopapão pra papar o rabo deles... Ai quero ver no susto quem num vira evangelico na hora... ateh os ancestrais eram luteranos antes da reforma, vai ver só...

Ótimo texticulo, se eh que me entendeu(kkk)

Cheros do Gean "Do Orvalho" (como diz o Qayn, amigo da Katy)!

Anônimo disse...

Jayhr Lvnae disse:

25 de Janeiro de 2010, as 21h00, Dia de Marte, Hora de Vênus, Lua a 29º de Libra. Será o prenuncio do Nascimento de um novo (velho) Caminho dentro da Arte Sem Nome na Terra de Pindorama.

Felipe Paes disse...

Atotô,
Quando não existiam livros e os ensinamentos eram passados através das experiências, através do boca a boca, a moeda era o scambo tudo ainda estava muito bem, ai chegaram as divisões de territórios, o estabelecimento da propriedade(Rousseau), o csamento... Mas tudo bem isso é o princípio de organização, mas tudo antes disso ia bem pois praticamente vivíamos como animais e olha que engraçado: OS ANIMAIS SE RESPEITAM! Vamos lá, onde está a famosa frase "faz o que tu queres???" Não estou defendendo nada, sou livre... Mas ñão suporto intolerância de nenhum tipo ainda mais dentro de um caminho onde a trilha é escura e solitária, a verdade é que muitos se dizem buscadores e na verdade são meros objetos, ovelhas como as de cristo (nada contra ele) pois não conheço nenhum cristão que tenha criado uma nova teoria, uma nova forma de fazer, nunhum cristão questiona a palavra de deus! O que queremos com o paganismo,bruxaria, wicca e etc. senão a liberdade de vivenciar e aprender com as nossas experiências? Queremos dogmas? livros? Pois bem eu respeito, então acredito que esse respeito tem que ser mútuo, vamos relativizar mais, relativizar é entender a cultura do outro através dos olhos do outro não dos nossos. Vamos cada um cuidar de suas crenças e quando a gente e ver a gente se abraça,bebe,celebra e ai vai que a gente descobre um novo rito? Tudo seria muito mais fácil quando o ser humano aprendesse a ser tolerante. de hoje em diante eu vou celebrar a lua com cachaça,charuto, me banhar nas águas de Iemanjá, saudar o sol batucando com as mãos e cantarolar Jobim de tarde,se surgir um furúnculo esquendo a folha da pimenta e ponho em cima, mas não passo embaixo de uma escada por nada! A liberdade assusta, a rebeldia nunca foi vista com bons olhos, mas veja só eu tenho uma visão ampla justamente por conta da minha rebeldia e isso não troco por nada.Sou brasileiro e não há povo tão mestiço como nós, negar isso sim é um pecado! Mas "não existe pecado do lado de baixo do equador" então cada um no seu caminho, pq para mim já basta as testemunhas de jeová batendo na minha porta todo sábado! Eu não sei de ninguém só de mim e eu? "sou de qualquer lugar"
A paz esteja convosco!

Sou de qualquer lugar- Daniela Mercury

"Sou de qualquer lugar
Eu sou minha nação
Tenho somente o sonho
E o mapa do mundo em minhas mãos

Por onde eu passar
Vão lembrar de mim
Finco minha bandeira
Eu sou brasileira, eu nasci assim

Eu nasci pelas mãos de Janaína
Eu cresci aprendendo a me virar
Minha mãe fez milagre, e eu menina
Vi o peixe e o pão multiplicar
Eu sou meio Saci, Macunaíma
Tenho o sangue guerreiro de Zumbi
Com Dadá de Corisco eu aprendi
A cruzar meus desertos e sertões
E dos Santos, Drumont, dos aviões
O direito sagrado de ir e vir

Sou de qualquer lugar
Eu sou minha nação
Tenho somente o sonho
E o mapa do mundo em minhas mãos

Por onde eu passar
Vão lembrar de mim
Finco minha bandeira
Eu sou brasileira, eu nasci assim

Sou martelo na mão de Aleijadinho
Esculpindo a queimada de Krajzberg
Eu sou as reinações de Narizinho
Sou Lobato engolindo Gutemberg
Salve Cícero padre, meu padrinho
Pela areia que vaza na ampulheta
Desde o tempo em que a terra era perfeita
Sem fronteiras, primeiro e nem segundo
Lá do Sol...sou do tal terceiro mundo
Igualzinho a qualquer um do planeta"

Soluz disse...

.'.

Irmãos,

Já há tempos me pergunto, e tento mover a discussão, acerca de quem conhece de fato a Bruxaria. Sobre a pretensa autodenominação de bruxos tradicionais, aparecem muitos, na verdade a grande maioria, de “adeptos” das forças da natureza, mas estes parecem estar mesmo longe de entender e perceber a natureza da tão falada ancestralidade. Pois bem, como pode um bruxo se dizer tradicional e não saber a qual tradição de fato ele se refere? Ao meu ver, a Bruxaria Tradicional está perdida no tempo (menos para aqueles que fazem parte dos cultos secretos sobreviventes às perseguições e fogueiras) e o que pode ser assistido hoje é o espetáculo das diversas fusões de crenças e práticas.

Gardner... É, Gardner é apenas um dos muitos responsáveis por haver uma fusão de tradições distintas e, consequentemente, o nascimentos de um novo segmento mágicko-religioso. Com qual propósito, alguém que teve contato com tradições da Alta Magia e também com tradições da verdadeira Antiga Religião, funde estes conhecimentos e cria algo novo? Penso eu que a finalidade é a reverência aos seus conhecimentos e consequentemente aos próprios ancestrais, dado o fato de ser o conhecimento apreendido o legado mais forte e principal elo de ligação de um adepto com seu Povo Velho. Assim, as coisas vão evoluindo, através de interações e devidas fusões. E aqui há algo de um movimento natural e, por suposto, divino.

A antinomia básica, parece exprimir algo próximo do Paradoxo Divino tão falado pelos Hermetistas. Bom, as leis que norteiam os pensamentos herméticos são aquelas leis ditas naturais, leis que em tempos dos Filósofos Pré-Socráticos eram únicas e irrevogáveis. Estas leis certamente abraçam os valores mais tradicionais, pois falam de opostos, falam das transformações, falam de movimento, falam de tudo o que compõe o universo humano em qualquer que seja o sentido de religião. Destarte, não será de suma importância o reconhecimento de qualquer trabalho, em qualquer linha, desde que seja sério e de fato pautado nos valores mais tradicionais que qualquer um pode ter? Qual o valor real das divergências (antinomia?) e qual deverá ser o sentimento desenvolvido entorno delas (levando-se em considerações as correntes iconoclastas ou não)?

A discussão é ampla, mas discuti-se por pura necessidade de aprender e mover novos motivos de aprendizado, novos conhecimentos.

Bênçãos,

Soluz

'.'

Anônimo disse...

o uno que habita o tudo, o sem nome se manifesta em todo e qualquer ícone.
Acho que uma tradição nossa ,de origem daqui é um resgate aos nossos elos mais profundos,e como tudo é uma teia,ao ligar com a tradição de origem da casa, fortifica e torna mais fácil o contato com sua origem ancestral.

Alex