Um dialogo sobre a
espiritualidade Fest-Food atual
Desde os primórdios de nossa civilização, nós,
seres humanos, deparamo-nos com este sentimento de isolamento e solidão. Por
que, perguntava o filósofo na Grécia antiga, somos diferentes dos outros
organismos que habitam nosso planeta? E de onde viemos? E para onde vamos?
Perguntas deste tipo têm permanecido sem respostas durante séculos. Por muitos
anos a religião tem sido a principal forma de conforto e única a oferecer um
sentido para nossa existência, assim como para as nossas diferenças em relação
aos outros seres vivos (Marcia L Triunfol)..
Meu irmão Cadmo Nerev Lvnae,
sempre diz que eu costumo lançar moda.
Eu lhe respondo: “Não
lanço modas ou modelos, e sim busco encontrar minhas origens e saber quem eu
sou, pois no caminho espiritual a verdade maior é saber quem se é e qual a sua
origem... não posso fazer meia culpa só porque alguns decidem que podem juntar
água e óleo e nisso ver vinho tinto...”
I. O Caleidoscópio
Então, será que se
olharmos com cuidado a totalidade, como em um caleidoscópio formada por
diversas peças refletidas, não chegaremos a uma forma mais do que perfeita,
apenas: HUMANA? (Leandra Migotto Certeza).
Prossigo o papo dizendo : Você
sabe que sempre fui inquieto e inquiridor quando o assunto refere-se à minha
jornada e busca espiritual. Nunca acredito em formulas prontas de verdades
absolutas, acredito que o mundo espiritual apesar de caleidoscópico quanto a
sua expressão visível, tem por fim e inicio uma mesma fonte, e nisto consiste
uns dos primeiros lampejos para se compreender “Destino”!.
E quando (meu caro) a fonte
verdadeira pulsa, encontra correlações e analogias em cada pedaço particular de
verdades de cada povo que já existiu ou existe, traduzindo-se neles por meio de
sua cultura, mitos, religiões, crenças populares e práticas espirituais, dentre
outras coisas.
Também é crença pessoal minha,
que cada espiritualidade respeita a outra e trabalha cada qual dentro de sua
gama de cor ou faixa vibratória, sem, contudo uma querer se sobrepor a outra,
pois o respeito de uma para com a outra é essencial e necessária a
humanidade.
Para deixar mais clara essa
diferença-respeito, digo que se misturarmos: “verde escuro com verde claro”
teremos uma nova cor verde. É a cor verde, mas é outra cor no espectro das
cores verdes possíveis, do mesmo modo lembro a porcentagem de diferenças de
nucleotídeos entre o DNA humano e do chimpanzé é 2,5% e essa irrisória
porcentagem foi capaz de dar origem a duas novas espécies bem distintas de
primatas.
Assim é possível se trabalhar
separadamente com o “verde escuro e com o verde claro”, sem precisar misturar
uma a outra. Porém, quando as milhares de cores refletidas, são
misturada indiscriminadamente e distorcida pelo egocentrismo da vontade
humana, uma vai querer se sobressair as demais por meio das armas, da força, da
perseguição, do preconceito e do fanatismo.
Este impor-se, afirma
peremptoriamente que apenas a gama de cor distorcida ou sua interpretação da
verdade e do sagrado é a única capaz de salvar a humanidade. Uma consulta
simples no Google prova que muitos foram mortos ou morreram por reconhecerem
uma cor diferente da gama que se impôs sobre as demais dentro do caleidoscópio
da espiritualidade, e esses mártires são exemplos de “ego”, pois suas mortes
não foram para defender a co-existência das cores diversas, mas foram para
impor ou para defender apenas sua gama de cor. Para cada lado (perseguido e
perseguidor), apenas a sua cor era correta, as demais eram e são frutos de seus
adversários espirituais do mal.
Fica claro que nessa visão
caleidoscópica que compões as diversas verdades espirituais, em momento algum
estou a dizer que devemos misturar tudo, a bem de saber, cada faixa de cor é
parte de uma parte que reflete as milhares de partes-cores possíveis da verdade
única, portanto, cada uma tem o porque de existir e podem coexistir em paz.
Por exemplo, o monoteísmo e
seus co-irmãos, só conseguem conceber o sagrado com um único aspecto (às vezes
são três, mas que formam apenas um só) ou no máximo como duas formas
antagônicas que lutam pela salvação ou perdição da alma humana, enquanto o
politeísmo e seus análogos anteriores e posteriores, enxergam os muitos deuses
e seres divinos como aspectos ou manifestações de um só sagrado.
Deste modo um buscador atento,
perceberá além do reducionismo das duas visões expostas e pode verificar que
ambas apontam para a existência (ou não existência, pois toda existência é
finita) de uma única fonte de sagrado, e saberá no plano das idéias não
sobrepujar uma a outra, isso não quer dizer que no nível da busca sincera eu
esteja advogando a agregação pura e simplesmente de segredos de uma
religião-tradição a outra, mas sim que é possível seguir duas formas de conexão
e trabalho com religiões diferentes, mas, há que se ter nelas um mínimo de gama
de cor parecida, não misturada, e quem o tentar fazer, deverá ter uma mente
capaz de saber ir de uma prática a outra, sem misturar ambas, sem agregar nada
de uma a outra. Exercitando cada uma das práticas de forma que cada Ente de
cada crença reconheça aquilo que lhe é peculiar. Saber respeitar esse liame é
fundamental para se evitar aberrações e distorções.
II. O Caminho
Covarde é aquele
que não abre novos caminhos na vida, Nem emprega as suas forças para
enfrentar os obstáculos. (texto Jurídico)
Sempre fiz questão de deixar claro, por experiência
pessoal, que quando termina a euforia do primeiro ano (ou como
diria um amigo meu de profissão: “Quando acabar o primeiro
amor”) dos que se filiam ou fazem parte de um dos muitos e
recentes caminhos espirituais (que são distorções posteriores grotescas
dos movimentos) surgidos a partir da publicação de “Witchcraft
Today” de Gardner, acabam esfriando em sua fé, e apenas
realizando atos cujo sentido se perdeu ao longo dessa pequena caminhada
de transição pelo oeste.
Celebram por celebrar, para
manter o “status”, mas no fundo sentem que suas práticas já não correspondem ao
desejo ou vontade e não mudam suas vidas. Isso ocorre quando vislumbram, mesmo
que não expressem, que cada ano, mês e dia passado nestes caminhos não os
livraram das raízes fincadas nas crenças morais da sociedade que se inseria,
não se livraram da rede de segurança e por isso nunca, de fato, desejaram mudar
a natureza toda ao redor e dentro de si mesmo, estavam apenas fugindo e
covardemente evitaram e boicotaram toda e qualquer tentativa de “SABER
QUEM SE É E QUAL A SUA ORIGEM”.
Os problemas antes jogados
para baixo do tapete emocional vêm à tona, os mesmos entraves ressurgem, e vai
chegar hora em que terão de decidir e aqui é a encruzilhada Triforme. Aqui é o
encontro com o homem desnudo nas escadas do inferno: (1) larga de vez a busca
espiritual e se voltam descaradamente ao convívio da moral que anteriormente
renegavam (apena com a boca), porém praticavam inconscientemente em suas
ações (a esses meus sinceros parabéns, pois agora conseguem ser plenos
em si mesmos)... ou (2) estagnam e acabam por fazer misturebas
(não há como ficar imune e mesmo a estagnação é movimento)... ou
ainda, (3) Se convertem a uma nova religião, abandonando as distorcida
religiões de fundo new age oriundas das terras do “Tio Sam” empobrecida
pelo complexo de vira-lata nacional e, aqui começa o martírio do reinicio.
Portanto qualquer que seja o
caminho ele sem duvida incidirá e influirá em viés novo para a área
espiritual, convívio familiar, surgimento de novos amores, avanço ou regressão
na área emocional, educacional, profissional e financeira, aqui há a faca de
dois gumes da iniciação apontada para o seu pescoço.
Os que se voltam a uma nova (velha) religião,
chega-se a dois tipos: (1) Os que não temem abandonar nada e nem ninguém para
busca a sabedoria; e (2) os que querem seguir o novo sem largar nada e nem
ninguém do passado (e nem seus status) que tinham e afirmam que podem seguir a
nova espiritualidade mantendo suas antigas crenças sem conflitos; acham que
verde escuro com verde claro dá apenas verde e que verde é verde é pronto, e
não uma nova cor um novo tom de verde, desconhecendo as milhares de gamas da
paleta de cores que a espiritualidade emite a partir do caleidoscópio que a
forma.
Começam com a desculpa de
cultuar os poderes da terra em que estão, não da forma que deveriam ser
cultuados e reconhecidos, mas agregando indiscriminadamente sem nenhum respeito
(e pagando o alto preço), práticas públicas (e as vezes privadas com conivência
de alguns que vêem a chance de aumentar sua clientela) por exemplo de
Candomblé, Umbanda e Jurema. Descaracterizam essas religiões ancestrais e fazem
misturas torpes, como adorar Yemanja, cultuar Exú como guardião ou chamar um
Mestre do Além, tudo dentro de um circulo "mágico" das espiritualidades
distorcidas que o usam.
O fazem, acreditando (pseudo) piamente estarem em
contato com o aspecto da Grande Mãe e do Grande Pai, em claro desrespeito a
praxe e a práxis dos cultos ancestrais desta terra e do caminho que eles
representam no caleidoscópio da espiritualidade, alem de desta forma estarem
“(re) adaptando (ao bel prazer do ego) o culto com pelo menos 300 anos nasterras
brasilis às suas conveniências, destruindo, como fizeram os
missionários da fé dominante, a toda uma cultura antiga.
III.
A Lanchonete
Todo cliente
espera satisfazer desejos de ordem física e emocional. Os cardápios devem
vir ao encontro dessas necessidades. (Ronaldo Barreto).
Com base no dito, o que estamos assistindo hoje em
dia é o surgimento de uma nova religiosidade Fast-Food onde se pode escolher
partes do corpo doutrinal de uma religião, mesclar e juntar a partes de uma
segunda ou mais religião, e depois ir tirando e adicionando coisas que acha
certo ou errado, baseado em sua própria crença na Deusa Mãe e no Deus Pai,
o fazem ao seu bel conforto e assim saciam momentânea e rapidamente sua
fome (estagnação) lhes dando novo “status”.
Acreditam que basta fazer uma mera mistura de
cores, que terão a sua disposição todos os segredos e forças contidas no
caleidoscópio e não percebem ou não querem perceber que no fim não estão
seguindo nada alem de seus egos mal trabalhados e além de estarem
desrespeitando uma serie de culturas que em si – mesmas são completas, são
cores próprias dentro do caleidoscópio.
Quando se entra numa religião, deve-se renascer
dentro dela, deixando para trás o antigo, nasce-se ali o novo adepto, limpo,
puro, pronto para receber o alimento da fé que o fará crescer e se tornar
fortes. Mas, esses tais, cujo mundo virtual vem revelando a existência, não
querem se adaptar a religião, buscando a sabedoria que ela possui, ou galgando
o conhecimento que ela dispõe, querem apenas o status. Isso já foi profetizado,
diriam vocês meus caroZagreus e Cadmo (já nos idos
de 2004 e 2005), pois me lembraram que uma das coisas que sempre ensinei foi
sempre uma "rendição incondicional ao caminho e que o caminho não
vai se moldar a você e sim que você deve se adapte a ele".
No momento atual, as pessoas não querem se submeter
ao caminho, querem a forma de fé rápida, colorida e que não lhes tire os
títulos, postos e status, por isso o que vê no meio virtual (e alguns até
mantiveram contatos comigo sem sucesso) é a busca de um
espiritualidade lanchonete, onde se pede o “x-tudo” com todos os ingredientes e
ele vem pronto, não precisa preparar nada, e o que não falta é site de má
informação e livros de má qualidade que nem de longe arranha qualquer
veracidade de cor de parte da verdade caleidoscópica.
O pior não é quem come no novo fast food
espiritual, pois mais cedo ou mais tarde vai vomitar, o pior é quem vende, pois
vai juntando os ingredientes (propositalmente) sem nenhum conhecimento, dizendo
ao espectador como vai ser essa comida rápida e que sabor ela deve ter e isso é
feito com tanta (pseudo) certeza que acaba dando, sem perceber, à sua criação
(que diz ser revelada ou inspirada) uma cor totalmente nova. Não estou a dizer
que não podem criar novas religiões, podem se o bem desejarem, mas devem colocar
um novo nome e ter uma nova forma e não dizer que é “verde escuro e verde
claro” sendo cultuado juntos e sim que é um novo verde, oriundo da
mistura do “verde escuro e verde claro, precisam ser corajosos e não
devem ter medo de seguir sua nova cor surgida da mistura do “verde
escuro e verde claro”e de alimentar quem lhes dá atenção ou sente fome de
algo novo, o que não é certo é continuar a dizer que se trata de uma nova forma
de enxergar e conectar as cores originais (verde claro e verde escuro) e sim
que é uma nova cor verde surgida da mistura de vários outros tons de
verde.
Mas
lhes falta coragem para assumir o novo, o seu ego não quer evoluir, não quer
mudar, não querem na verdade, nem nunca quiseram, sair da sua zona de conforto,
a prática de seguir um novo e continuar no velho, misturando ambos (e não
segui-los separadamente) , nada mais é do que uma estagnação fantasiada de
revolução espiritual.
IV. A Forja
De vez em quando o diabo me aparece e temos longas conversas.... Percebi
que era ele quando notei que trazia na sua mão direita o martelo e, na
esquerda, a bigorna. Pois esta é a sua missão: martelar as certezas, ferro
contra ferro, para ver se sobrevivem ao teste. (Rubem Alves)
Não vêem que cada cor do caleidoscópio é a parte continua do
sangue dos filhos dos caídos, dos que possuem em si a semente da raça das
estrelas, aqueles com a capacidade de auto-iluminação. No geral, estes que
buscam o novo, misturando com o velho, sob a premissa da de serem livres, nada
mais fazem do que não conseguir lidar com a tensão da barreira que encontram
(as Ordálias), neste sentido vemos aquela alegoria do martelo e da bigorna
ou do caminho do fogo e da fornalha....
Um metal para se transformar numa espada vai ter que passar por todo um
processo individual. Se o metal for forte, sua estrutura passará por mudanças e
se tornará espada da fé. Se for um metal inferior, sem qualidade, ele não
resiste ao choque de temperatura, aos golpes do martelo, a liga certa não é
alcançada e ele se rompe.
Em resumo: tudo isso nada mais é que um novo movimento
denominado“Pink-dark-pagão-afro-indigena-new-age”, exemplificado no
texto como distorção de gama de cores do caleidoscópio ou como uma fome
desenfreada saciada no fast food da fé, ou seja, a fuga da forja...
Sim é a fuga, disfarçada e demonstrada na mistura de cores,
desta forja que eles chamam de liberdade, porém ela nada mais é do que um nome
bonito para a escravidão aos velhos padrões... Como já disse em outro
texto: “TEMEM ABRIR A PORTA QUE LEVA A OUTROS PECADOS...
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O texto é fruto de um dialogo virtual pelo
bate-papo do Facebook, ocorrido entre os dias 22, 23 e 24 de Fevereiro de 2013,
por isso não lhes cabem tomar a carapuça, mas se o desejarem fazer, antes de me
execrarem pelo texto, dividam a execração em três, pois esse texto foi
produzido em grande parte com a colaboração de Cadmo Nerev Lvnae e Zagreus
Lukios Lvnae.