segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

HÁ SENTIDO POR DETRÁS DA ALEGORIA

Uma nova forma de encarar os mitos pagãos e adapta-los ao mundo que vivemos.
Como Bruxos Tradicionais e residentes no hemisfério sul, vemos e notamos a imensa dificuldade de nos adequarmos as praticas religiosas do sistema festivo vigente que impregna a nossa sociedade, principalmente na época do natal, onde todos lembram da festa e muitas vezes esquecem o sentido. E como faremos nós para nos adequarmos a isto, o que faremos para que nossos filhos, netos, bisnetos não estranhem, não sejam discriminados e nem sintam a famosa pontada de inveja e diferença por ver seus colegas, companheiros, namorados celebrarem e terem determinados símbolos que podem soar estranhos a eles?

A partir daí percebemos o quanto as coisas continuam a mesma e tendem a não mudar, mas o que muda é apenas a nossa forma egoísta de querer se DIFERENCIAR. Os nossos ancestrais quando não eram queimados na fogueira, nem julgados ou presos, não o eram apenas por um motivo. Sua inteligência e perspicácia de saber utilizar as armas (tomadas algumas vezes) pelo inimigo e mesclarem as suas práticas, não assim desvirtuando a religião, mas apenas adequando e mostrando apenas um verniz que cobre a verdadeira forma do que celebramos e praticamos.
Caldeirões, facas, cordas, será que todos estes símbolos eram usados desde o inicio das práticas ditas xamanicas no paleolítico, ou seja, lá quando começou o culto ancestral? Ouso dizer que obviamente que não, mas era a maneira do homem/sacerdote mulher/sacerdotisa, utilizar o que lhe era mais fácil de entendimento a massa. Assim como na idade média surgiram muitos meios e maneiras e instrumentos utilizados, justamente para fugir das perseguições e sobreviver a “era das trevas”.

Então basta analisarmos ao nosso redor, temos as chaves, somos Bruxos Tradicionais medievais e não percebemos e não utilizamos isto, apenas por um preconceito ou ego exacerbado em defender e honrar as “nossas irmãs que morreram na fogueira”. Aposto que os que morreram não foram em vão e não para verem nos defendendo Deusas barbies cósmicas e Deuses de chifres de plásticos. Às vezes determinadas práticas não nos fazem muito sentido justamente por não termos um elemento diário no qual nos espelhar, ou ver ou simplesmente admirar.
Daí chegamos ao ponto celebratório encontrado neste Sabá do Verão. Perai!!!! Senhor da Luz de espantalho caipira? Senhor das Trevas de Papai Noel? Peraí!!! São João e Natal.... SALVEM.. O MUNDO PAGÃO ENLOUQUECEU!!!!!

NÃO meus irmãos, o mundo pagão não enlouqueceu, é nos que estamos crescendo e aprendendo a fazer o que sempre deveríamos ter feito adaptar as armas do “inimigo” ao nosso favor, mas não para roubar, mas apenas para fazer o que eles por vezes fizeram, trazer ao entendimento elementos que até então poderiam ser de difícil assimilação para os demais.
Mas qual a correlação do Espantalho/Caipira com o senhor da Luz...

Com o seu chapéu de palha e seu jeito rústico, nada mais representa do que o próprio senhor da luz com sua coroa solar a iluminar os campos (físicos e psicológicos) e fazer germinar e crescer a semente que vem sendo continuamente plantada. É ele que está a velar para os corvos não virem e comerem o grão que as ervas daninhas não cresçam, sempre a nos guardar... até que chega o momento de colher e o espantalho/caipira sai de cena.. e ai que entra... o Senhor das Trevas... mas perai ai.. caipira eu entendo... mas papai Noel e seus presentes... O papai Noel com o seu gorro nada mais é do que o senhor das colheitas com o seu gorro e saco em representação de uma cornucópia que vem trazer toda abundancia da colheita (mais uma vez física e psicológica) que viremos a ter (claro meus irmãos que vai depender do que eu, você, nós plantamos ao longo... porque o espantalho e o papai Noel velam e trazem, mas não fazem milagres). Com a escuridão (que não chegam a ser trevas temerosas do seu gorro e do seu saco aparentemente vazio nos recebemos aquilo tudo que merecemos por honra e por aquilo que sabiamente ou erroneamente semeamos.
Mas muitos podem perguntar: Porque utilizar destes mitos, nos já temos os nossos. Eu posso ter o entendimento, você pode ter, mas volto ao ponto. E nosso filhos ainda com os seus egos fragilizados sendo tratados diferente na escola, na vizinhança ou entre amigos, justamente por não receberem os seus presentes, por não terem aquela figura do bom velhinho na escola ou no meio no qual convive, passando assim a ser um recluso. Temos também a velha e conhecida arvore de natal que em suas raízes não tem nada haver com o sentido cristão e obvio que também utilizaremos isto ao nosso favor, mas estrela de anunciação bolinhas de natal nada mais são do que o sol que em seu explendor chega ao seu ápice e ilumina com toda força e calor no verão e as bolas de natal e os presentes nada mais é do que a colheita que está por vir.
Os profanos vão achar lindo, mas e os pagãos e os wiccanos? Provavelmente vamos ser alvo de chacota, vamos ser ultrajados e ofendidos mais vez... Bem estamos acostumados. E na verdade o que estamos mostrando é a tinta da parede porque o que nos une, a nossa base a parede firme e inabalável está por trás da tinta que o PSEUDO-PAGÃO verá. É preciso notar que é preciso colocar o mito e o rito de acordo com a nossa necessidade cultural e talvez geográfica para sobrevivermos. É preciso ver que por trás da tinta na parede há todo um alicerce firme e forte que desce e tira sua força do centro da terra onde os antigos descansam. E com isto podemos parar de celebrar ritmos europeus, americanos e passarmos a viver uma Bruxaria Tradicional mais perto de nós e contemporânea, aquilo que A.D. Chumbley diz: “A Arte sem nome” ou seja, sem rótulos, que se adapta a realidade como uma serpente. E sem contudo perder a essência primal e a base da gnose. E esta é uma maneira de sobreviver, nos comportamos como uma serpente adentrando por debaixo da sociedade assim sobrevivendo com o que ela nos oferece.
Existem ainda outros mitos e seres a serem adicionados e trabalhados, curupira (Green-man) Caipora e tantos outros, mas isto fica para outros pontos da roda.
Bençãos e Maldições a aqueles que trilham o caminho sagrado.

Extrato de conversa entre:
Cadmo Nereu Lvnae (Atualmente membro iniciado da Tradição Wiccana Gardneriana)e
Azazel Semajza Lvnae Iº (Convocador da Casa dos Corvos Sagrados)

Oa Autores autoriza a reprodução do texto,
desde que sejam dados os devidos créditos e direitos
(Autoria e link original)

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